Passamos a manhã com Gabi (7), Martim (9), Alice (5) e Nathan (3) e fomos surpreendidos por observações cheias de sentido, visões muito reais e conscientes sobre onde moram, problemas urbanos e suas soluções, que no final nos fizeram desejar suas cidades de sonho. Afinal, quem pode discordar que as cidades precisam de mais flores, gatos e bicicletas?
Como é a cidade que as crianças querem?
Flores e arco-íris
Fã de parques, teatro e sorvete, Gabi tem 7 anos e desde cedo já saía bastante com os pais pela cidade e sabe o que gostaria de ver bem longe. “Não gosto da poluição, das pessoas jogando coisas no chão, o lixo”. Se pudesse, viveria em outro lugar. “O nome da cidade que eu queria morar é Floreslândia, lá tem muitas flores e muita coisa legal, árvores coloridas, neve e bastante sorvete geladinho, porque lá faz muito calor. Aí precisa ter muita piscina e borboletas”. Enquanto a Floreslândia não existe, Gabi tem sugestões para melhorar a cidade: "Precisa acabar com a poluição e muitas coisas que não são boas. Seria legal uma cidade com bastante roxo e azul e prédios de arco-íris, ficaria muito mais bonita."
Mais azul, por favor
Martim, 9 anos, aprendeu com o pai, palmeirense fervoroso, a gostar de futebol e ir ao Allianz Parque. Quando perguntado sobre o que teria em sua cidade ideal, é taxativo: “campos de futebol. Gosto de ir ao estádio, de jogar e assistir futebol”, dispara. A poluição e o trânsito também o incomodam, além da criminalidade (“tem que tirar da cidade quem assalta e sequestra”). Quando abre a janela enxerga uma cidade cinza e branca, cores que substituiria por mais azul no céu e na água. “Na minha cidade o rio não seria cinza como é”. Essa cidade também teria menos prédios e mais casas – com piscina, claro.
Uma rua de unicórnios
Aos 5 anos, Alice tem muita imaginação e paixão por gatos. “Queria pegar todos que tem na rua. São muitos, todos tão fofos, peludinhos”, suspira. Nos fins de semana, costuma ir com a mãe e a irmã para a Serra da Cantareira para andar de cavalo e, se pudesse, encheria as ruas com outro tipo de equino. “A cidade dos meus sonhos tem muitos unicórnios e arco-íris, teria casas de todas as cores que existem no mundo e eu ia morar nas nuvens”, sonha. Para melhorar um pouco o lugar onde mora, a solução de Alice é tinta: “Para jogar nas casas e mudar as cores da cidade”.
A casa das mil rodinhas
A rotina de Nathan, 3 anos, se divide entre a escolinha, os parquinhos e brincadeiras em casa – ele até levou alguns de seus carrinhos para brincar na Pina Contemporânea. Em um bairro dominado por casas em tons laranja, sua casa azul se destaca, embora preferisse uma cor mais vibrante: “As casas podiam ser vermelhas!”. Nathan vai à praia com frequência e seu pai aproveita o momento para andar de bicicleta com o pequeno, o que fez com que ele elegesse seu meio de locomoção preferido: “Bicicleta é melhor que carro, queria que tivesse mais bicicletas na rua”. Mais do que nos carrinhos de brinquedo e nas bicicletas nas ruas, seu sonho é ver as rodinhas na sua casa. “Uma casa com mil rodinhas, já pensou?”.
Agradecimentos: Pinacoteca de São Paulo
Vídeo: Rafael Belém