• 29/08/2019
  • Texto Cristina Dantas | Estilo Adriana Frattini | Fotos Ilana Bessler | Assistente de fotografia Gianfranco Vacani | Assistente de produção Rafael Santos
Atualizado em
A casa cheia de cores de Astrid Fontenelle em São Paulo (Foto: Ilana Bessler)

A descontraída Astrid Fontenelle posa no living de seu apartamento em São Paulo: além de jornalista e apresentadora, ela vem atuando como embaixadora no Brasil da ONG Plan International, focada no desenvolvimento de crianças em áreas de alto risco

No dúplex da jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle, a piscina na varanda era uma pedra no sapato, um cisco no olho: incomodava. Ocupava uma área considerável sem sequer ser aproveitada. Um amigo sugeriu que fosse retirada. A ideia parecia boa, mas morreu ali. Corta para um bazar em São Paulo em que Astrid se encanta com uma mesa do Studio Green Lab, de Sergio De Divitiis. O problema é que a peça – única –, já havia sido arrematada. Entra em cena a designer de interiores Neza Cesar, mulher de De Divitiis e amiga de Astrid, prometendo que fariam um exemplar para ela. “Pensei: chegou a hora de quebrar a varanda”, conta a jornalista.

A casa cheia de cores de Astrid Fontenelle em São Paulo (Foto: Ilana Bessler)

No living, as duas poltronas Kilin, de Sergio Rodrigues, da Dpot, compõem o décor com o recamiê que já pertencia a Astrid, o sofá, que teve uma das extremidades encurtadas e foi revestido de veludo berinjela, e o pufe de veludo laranja – sobre a lareira, a foto de Chico Buarque leva a assinatura de João Wainer e o retrato de Astrid foi feito pela artista plástica Cláudia Liz)

A piscina saiu e, em seu lugar, foi instalada a mesa, artesanal, grande, sólida. Com ela veio um projeto de Neza, em colaboração com De Divitiis, que incluía outros itens do Green Lab, como uma mesa de centro e um sofá. Foi assim que a proprietária entreviu a possibilidade de desfrutar finalmente daquele espaço em forma de L. “A varanda ficou tão legal que decidi mexer no restante do apartamento”, revela.

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A casa cheia de cores de Astrid Fontenelle em São Paulo (Foto: Ilana Bessler)

Vista aérea da pequena sala em frente à adega revela duas poltronas que antes ficavam no living, realocadas e revestidas por Neza Cesar com o veludo berinjela do sofá, o laranja do pufe e outros tecidos do acervo de Astrid – os tapetes justapostos também já pertenciam à moradora, e a marcenaria que abriga as duas adegas recebeu papel de parede floral da Bucalo

Durante a reorganização, Neza sentiu falta de um tapete no décor. Astrid disse que ela poderia pegar algum dos que guardava no depósito da garagem. E de lá subiram oito modelos, com estampas e tamanhos variados. “A Neza parecia uma criança enlouquecida”, recorda Astrid. Todos foram usados, compondo um patchwork que cobre o living e a sala de jantar à moda turca.

A casa cheia de cores de Astrid Fontenelle em São Paulo (Foto: Ilana Bessler)

Neza e Astrid posam na mesa da varanda, a peça que inspirou o novo décor

Ao longo de quase um ano, a metamorfose aconteceu. O sofá, ideal para um home theater, mas nem tanto para o estar, teve uma das extremidades encurtada e ganhou revestimento de veludo berinjela. O bege das paredes desapareceu sob o laranja e o lilás. Móveis mudaram de lugar no living e peças migraram de outros cômodos. “Ela já tinha muitas coisas boas”, conta Neza,“mas o modo como estavam dispostas não as favorecia”. Arte nunca faltou e a coleção jamais parou de crescer. O filho Gabriel, de 10 anos, que acompanha a mãe em galerias e museus, ajuda a escolher uma ou outra obra para a casa.

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A casa cheia de cores de Astrid Fontenelle em São Paulo (Foto: Ilana Bessler)

Da cozinha que se conecta à sala de jantar já se sente o astral do apartamento, com as cores vibrantes e, ao fundo, um piano: os moradores não praticam, mas músicos e amigos são chamados para tocar)

O único entrave no processo aconteceu com a vinda do marido Fausto Franco, que morava na Bahia – um dedicado degustador de vinhos que veio com duas adegas na bagagem. A tarefa de abrigá-las no vão da escada resultou em uma moldura branca de marcenaria, um jê ne c’est quoi que destoava do entorno. A solução surgiu na forma de um papel de parede que voltou a integrar visualmente os ambientes.

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A casa cheia de cores de Astrid Fontenelle em São Paulo (Foto: Ilana Bessler)

Na sala de jantar, a porta que a separa da cozinha ganhou plotagem feita a partir de uma foto de Sergio De Divitiis, tirada em São Francisco Xavier, SP, e a luminária pendente é assinada por Ingo Maurer, na FAS Iluminação: a peça é customizável e foi montada por Neza e Astrid – as cadeiras exibem forro de capulanas, tecidos trazidos de Moçambique

A cada viagem, uma lembrança é incorporada ao imóvel. No ano passado, a jornalista voou para Moçambique, onde participou de um encontro com mulheres de nove países de língua portuguesa – e aproveitou para encher a mala com capulanas, tradicionais tecidos africanos, que se transformaram em revestimento para as cadeiras da sala de jantar. Durante o evento em Maputo, capital do país, Astrid discorreu sobre assédio sexual. Ela, que é embaixadora no Brasil da ONG Plan International (focada no desenvolvimento de crianças em áreas de alto risco, onde meninas se casam para fugir da fome), cita um dado alarmante: o Brasil é o quarto país do mundo em número de casamentos infantis. “Veja só, por causa de uma cadeira, eu me lembro dessas histórias todas.” Acredite, as histórias não terminam por aí – elas estão em cada item desta casa.

A casa cheia de cores de Astrid Fontenelle em São Paulo (Foto: Ilana Bessler)

Obras de arte se distribuem por todo o apartamento, e ganham destaque nas paredes liláses da escada que leva ao segundo piso do dúplex: ao centro, retrato de Gabriel, filho da jornalista