Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, pressionado particularmente pelo efeito da queda do minério de ferro e do petróleo nas blue chips Vale e Petrobras, enquanto as atenções estão voltadas aos Estados Unidos, onde o Federal Reserve deve anunciar um ansiosamente esperado corte nos juros.
Por volta de 10h40, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 0,45%, a 134.353,17 pontos, em sessão ainda marcada por vencimento de opções sobre o índice. O volume financeiro somava 1,9 bilhão de reais.
O Fed anuncia a decisão às 15h (horário de Brasília), com o comunicado acompanhado de projeções econômicas, enquanto o chair da instituição, Jerome Powell, fala às 15h30. Um corte já está no preço, mas há dúvidas sobre a magnitude: 0,25 ou 0,50 ponto percentual. Atualmente, a taxa está na faixa de 5,25% a 5,50%.
Os contratos futuros referenciados na taxa do Fed nos EUA precificavam uma chance de 61% de queda de 0,5 pontos e 39% de possibilidade de um corte de 0,25 ponto na decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, segundo a ferramenta FedWatch, da CME.
De acordo com os economistas Arthur Mota e Luiza Paparounis, do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), a divisão nas apostas cria um cenário desafiador para comunicação e sinalização sobre a função de reação do Fed, especialmente porque discursos recentes não indicaram um ajuste mais agressivo, conforme relatório a clientes.
Além disso, acrescentaram, espera-se que a apresentação de projeções pelos membros do Fomc mostre um comitê mais dividido em relação ao caminho e à taxa terminal. "Isso aumenta a dependência de dados e a solidificação de certos eventos (por exemplo, a eleição) para convergência de opinião no futuro".
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, rondava a estabilidade, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA avançava a 3,6812%, de 3,642% na véspera.
Investidores do mercado brasileiro também aguardam o desfecho da reunião do Banco Central no país, que divulga a decisão sobre a Selic após o fechamento do mercado. As apostas neste caso, contudo, são principalmente de uma alta de 0,25 ponto, sobre os atuais 10,50%.
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) recuava 1,19%, afetada pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China após dois dias sem negociação dos contratos naquele país. O vencimento mais líquido na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com um tombo de mais de 4%. CSN MINERAÇÃO ON (BVMF:CMIN3) perdia 4,93%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) cedia 1,11%, em meio ao declínio dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent, usado como referência pela estatal, em baixa de 0,61%.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) recuava 0,16%, em dia negativo para bancos do Ibovespa.
- BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) disparava 7,73%, tendo no radar relatório do UBS BB elevando a recomendação das ações para "compra". A companhia também divulgou na véspera que, após questionamento, a Novonor afirmou que não houve qualquer evolução nas discussões envolvendo a venda da sua participação na Braskem, enquanto a Petrobras disse não haver qualquer decisão sobre o tema. O comunicado respondeu à nota do colunista Lauro Jardim, de O Globo, de que bancos credores estudam criar um fundo no qual os créditos seriam convertidos em ações.
- AZUL PN (BVMF:AZUL4) avançava 4,64%, mantendo a valorização desde a última sexta-feira, após a Reuters noticiar que a companhia está perto de fechar acordo com arrendadores de aviões, envolvendo a troca de dívida por ações. A companhia confirmou no domingo negociação com os arrendadores.