Investing.com – O Federal Reserve (Fed) deve reduzir as taxas de juros nesta quarta-feira pela primeira vez em mais de quatro anos, revertendo as medidas restritivas adotadas para controlar a inflação. No entanto, ainda há um debate sobre o tamanho do corte.
A decisão de como começar este ciclo de flexibilização — a menos de dois meses de uma eleição presidencial muito disputada nos EUA — dependerá mais da mensagem que o presidente Jerome Powell e os formuladores de política monetária do Fed desejam transmitir ao saírem das maiores taxas de juros em 25 anos, do que de preocupações macroeconômicas imediatas.
Um corte de 0,5 ponto percentual, que tem mais de 60% de probabilidade no mercado futuro, sinalizaria o compromisso do Fed com a manutenção do crescimento econômico e do emprego — que Powell destacou como prioridade —, especialmente com a inflação se aproximando da meta de 2%.
Por outro lado, um corte de 0,25 ponto percentual estaria mais alinhado com a forma como o Fed geralmente inicia ciclos de flexibilização fora de crises. Essa abordagem indicaria uma postura mais cautelosa dos formuladores de políticas, refletindo os dados econômicos que mostram uma desaceleração, mas sem risco imediato de recessão.
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O que os estrategistas dizem sobre a próxima decisão de juros nos EUA
Confira o que alguns estrategistas de Wall Street disseram antes da reunião de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, comitê de política monetária dos EUA):
Deutsche Bank:
"Esperamos que o Fed corte os juros em 25 pontos-base na reunião de setembro do Fomc. Existem fortes argumentos a favor e contra essa decisão. Embora haja uma boa justificativa para um corte maior, as comunicações do Fed antes do período de silêncio e os dados econômicos não indicam claramente a necessidade de um corte mais profundo."
ING:
"Concordamos totalmente com a ideia de que o Fed deve rapidamente trazer a política monetária para uma posição neutra e esperamos que o presidente Jerome Powell defenda um corte de 50 pontos-base amanhã. No entanto, a dúvida é se os outros membros do Fomc estão tão confiantes quanto ele. Uma economia crescendo entre 2,5% e 3%, com baixo desemprego, inflação acima da meta e mercados de ações em alta recorde, sugere que haverá grande resistência, o que torna o resultado de amanhã imprevisível."
Macquarie:
"Os pedidos por um corte de 50 pontos-base têm fundamento nos dados, particularmente na deterioração do mercado de trabalho nos EUA. Isso é mais evidente na queda das contratações, o que faz com que os indicadores mostrem que a economia americana está lentamente caminhando para uma recessão. Se essa tendência continuar, a economia entraria em recessão. A flexibilização monetária pode corrigir isso, mas os membros do Fomc podem achar que um corte de 50 pontos-base é uma resposta exagerada para sinalizar o início de um ciclo de cortes, considerando que os indicadores ainda não apontam recessão, embora a tendência seja negativa."
Bank of America (NYSE:BAC):
"Um corte de 25 pontos-base enviaria uma mensagem ao mercado de que o Fed está no controle de sua própria narrativa. O presidente Powell poderia apresentar um discurso 'dovish' [favorável a cortes de juros], destacando a dependência dos dados e deixando a porta aberta para cortes maiores já em novembro, se os dados assim exigirem. Acreditamos que essa opção facilitaria a vida do Fed no longo prazo, mesmo que leve a um aperto financeiro significativo no curto prazo."
De acordo com o Monitor de Juros do Fed, fornecido pelo Investing.com, os operadores do mercado precificavam uma chance de 58% de um corte agressivo de 50 pontos-base nas taxas de juros do Fed, enquanto 42% se posicionavam para um corte mais comedido de 25 pontos-base.
CONFIRA: Curva de juros dos EUA
O Investing.com realizou uma enquete com seus seguidores na rede social X e, dos 6.018 participantes, 60,2% disseram esperar que o Fed anuncie um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 39,8% preveem uma redução maior, de 0,50 ponto percentual.