Empreendedorismo social: saiba como lucro e propósito andam de mãos dadas
A utilização do termo empreendedor social começou entre os séculos XIX e XX com a promoção de avanços sociais por meio de iniciativas privadas. Entretanto, o pioneiro do termo empreendedorismo social foi Bill Drayton.
Em 1980, Drayton popularizou o termo com as primeiras ações sociais da Ashoka, organização fundada pelo americano na Índia. Assim, começou o movimento que transformou a sociedade.
A principal função do empreendedorismo social é o impacto social causado por meio da criação de alternativas dentro do mundo corporativo para transformar vidas. Isso ocorre com a promoção de benefícios sociais, econômicos e políticos.
Essa nova potência transformadora vem gerando empreendedores, mudando seus olhares e o comportamento das empresas. Agora, todos querem firmar parcerias e financiar organizações sociais. Além disso, temos a criação de organizações independentes, que viram no empreendedorismo social uma forma de gerar receita e fazer o bem para a sociedade.
O empreendedorismo social em Bangladesh
Outro precursor do empreendedorismo social foi o ganhador do prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus, que fundou em 1976 o Grameen Bank.
Assim nascia uma das primeiras iniciativas sociais em que pessoas sem renda poderiam pegar um pequeno empréstimo, chamado de microcrédito. O retorno do valor não é garantido, mas a maioria dos clientes paga sua dívida.
O Grameen Bank já beneficiou quase 10 milhões de pessoas (97% mulheres) para sair da pobreza. Além disso, o programa utiliza a economia circular como pilar. Todo o dinheiro devolvido pela população é reinvestido em projetos de outras pessoas.
Empreendedorismo x Empreendedorismo Social
Inicialmente, define-se empreendedorismo como um conjunto de hábitos e características baseadas na captação de renda e criação de negócios únicos e inovadores. Ou seja: o foco do empreendedorismo é exclusivamente gerar renda para projetos inovadores ou únicos.
Dessa forma, o empreendedorismo social é formado por negócios com propósitos inovadores que têm um viés social. Neles, o objetivo principal das empresas é impactar positivamente a sociedade. Assim sendo, o empreendedorismo social é uma ligação entre ações empreendedoras de valor social e o lucro.
Quais são as principais características do empreendedorismo social?
Dentre as principais características do empreendedorismo social, destacam-se as ações em comunidades locais com o intuito de combater problemas sociais. Outro ponto são as soluções de grandes problemas por meio do trabalho social a longo prazo.
Além disso, há 3 pilares centrais que caracterizam o empreendedorismo social:
1. Identificação
Primeiramente, é preciso identificar qual é o problema dentro da sociedade que será o foco do empreendimento social.
2. Oportunidade
Assim que o problema for identificado, é possível definir quais oportunidades podem equilibrar essa situação e, por fim, criar um projeto com cunho para motivar os indivíduos.
3. Estabilidade
Após a identificação do problema e criação do projeto, é necessário elaborar as ações dentro da empresa. As ações vão contribuir socialmente para transformar vidas em situação de vulnerabilidade dentro da sociedade.
Contudo, outros fatores são necessários para definir o empreendedorismo como social. Isso porque é preciso que seja inovador, realizável e autossustentável. Além disso, é preciso que envolva várias pessoas e segmentos da sociedade para promover impacto social.
A chegada do empreendedorismo social no cenário brasileiro
No Brasil, a Ashoka Empreendedorismo Social chegou em 1986, dando início aos negócios de impacto social a fim de promover avanços na sociedade brasileira.
Porém, a primeira ação de destaque foi o Comitê de Democratização da Informática (CDI), atual Recode, criado por Rodrigo Baggio em 1995. Rodrigo notou que a tecnologia da informática seria um divisor de águas para combater a exclusão social, unindo jovens de todas as classes sociais.
Contudo, apenas jovens da classe alta tinham acesso a computadores. Foi assim que Baggio criou a solução na favela da Dona Marta (RJ). Ali, jovens da periferia teriam acesso à primeira escola de informática na favela, sendo incluídos social e digitalmente.
Hoje, a Recode (antiga CDI) possui mil centros de empoderamento digital em 9 países, gerando impacto social para mais de 1,8 milhão de pessoas.
Exemplos de projetos que praticam o empreendedorismo social no Brasil
Nos últimos anos, o empreendedorismo social cresceu muito no Brasil. Veja algumas organizações que estão lutando por um futuro melhor.
Rede Cidadã
Criada em 2002, a Rede Cidadã é uma entidade de assistência social que atua para desenvolver soluções para que trabalho e renda sejam criados para pessoas que estão na base da pirâmide. Os programas e projetos criados são permanentes e unem sociedade civil, empresas e órgãos públicos.
Projeto ICA
Fundado em 1997, em Mogi Mirim, por Sofia Mazon, esse projeto se apresenta como um espaço que valoriza o ser humano. O ICA promove o autoconhecimento, autoestima e senso crítico mais consciente de crianças e jovens das comunidades. Dentre os principais pilares do programa, encontram-se o atendimento à criança, educação, arte, dança e palestras.
Entre os inovadores sociais que realizam tais ações e investem o lucro obtido na sociedade, além de Eduardo Lyra, podemos falar sobre o trabalho do empreendedor social Preto Zezé.
Como o empreendedorismo social da CUFA impacta a desigualdade social brasileiro?
Criado nos asfaltos de terra da cidade de Fortaleza (CE), Preto Zezé é atualmente o presidente nacional da Central Única das Favelas (CUFA). Há mais de 20 anos realiza diversas atividades para promover a integração e inclusão social dos jovens das favelas do Brasil.
A CUFA surgiu em 1999 na Cidade de Deus, favela do Rio de Janeiro. Hoje está presente em 5 mil favelas do Brasil e em mais de 15 países do mundo.
Assim sendo, foi da união de vários jovens das favelas da cidade do Rio de Janeiro, envolvidos na cena da música Hip Hop, que a CUFA iniciou o seu trabalho. Em primeiro lugar, começou debatendo sobre a marginalização da cultura Hip Hop brasileira por parte da sociedade.
Veja: Preto Zezé no Flow Podcast
A organização vem se desenvolvendo e aumentando a sua atuação no Brasil e no mundo por meio de ações de políticas socioculturais e cursos de formação profissional. Tudo isso por meio de contratos e parcerias com empresas privadas, fundações e o Estado.
Os novos negócios digitais do projeto vão de encontro com o compromisso da CUFA, que de acordo com Preto Zezé, é “o desejo da favela ser feliz, dos favelados protagonizarem algum momento de transformação das vidas para gerar felicidade”.
Como a Gerando Falcões impacta o empreendedorismo social brasileiro?
A Gerando Falcões possui inúmeras iniciativas inovadoras para contribuir positivamente com o impacto social na sociedade. Em primeiro lugar, damos a líderes sociais a chance de aprender como serem empreendedores de sucesso. Acreditamos que só assim vamos mandar a pobreza das favelas para o museu.
Veja alguns exemplos de projetos que estamos tocando atualmente:
Falcons University
Em primeiro lugar, temos uma universidade feita na favela para a favela. A Falcons University é onde formamos líderes sociais de todo o Brasil. São empreendedores sociais que acreditam no fim da desigualdade social e querem aprender e se desenvolver como líderes e empreendedores.
Na Falcons, temos aulas que vão desde o aprendizado socioemocional, passando por Recursos Humanos (RH), financeiro e de gestão, tudo para que as favelas sejam comandadas por profissionais capacitados.
Favela 3D
Em segundo lugar, temos a Favela 3D – digna, digital e desenvolvida –, um projeto multissetorial, que busca a união de governo, iniciativa privada e população para construir favelas dignas, digitais e desenvolvidas.
Atualmente, o projeto está presente em 4 favelas: Vergel do Lago (AL), Morro da Providência (RJ), Favela Marte (SJRP) e Boca do Sapo (SP).
Quer saber mais sobre Favela 3D e ser parceiro? Preencha o formulário e entraremos em contato com você!
Bazar G.F.
Nosso bazar conta com diversas peças de vestuário, calçados e eletrônicos com valores até 70% mais baratos do que os praticados no mercado tradicional. Além disso, todo o valor arrecadado nas vendas é revertido em investimento em programas de transformação nas periferias e favelas.
Nosso bazar também é uma escola para a formação de jovens aprendizes. Nele, nossos estudantes podem ter vivências profissionais para decidir qual é a melhor trajetória para a sua vida. Tudo isso com supervisão socioemocional e muito aprendizado.
Saiba como doar e ser um Anjo do nosso Bazar G.F.
Então: quer sonhar com a gente? Decole agora no foguete que vai colocar a pobreza das favelas no museu antes de Marte ser colonizado!
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