Quais as tendências do empreendedorismo social?
A princípio, empreendedorismo social, é: qualquer ação feita de forma inovadora para alavancar causas sociais e ambientais de primeira necessidade. Empreender vem do francês “entrepeneur”, que quer dizer: fazer algo novo. Portanto, prepare-se para ouvir muito a gente falar sobre inovação.
Entretanto, este é um tema que gera muitas dúvidas, receios, às vezes até angústias, devido ao sistema político e social do nosso Brasil. Além disso, temos uma tendência a julgar ações sociais, mas, sempre com uma pulga atrás da orelha, questionando: “ Mas será que não tem um rolo aí? Será que é, realmente, tudo pro bem e para fazer o bem?”
Infelizmente, não vamos conseguir dizer o que está por trás de cada ONG do nosso país, mas, se você ler este artigo até o fim, com certeza, terá uma visão única sobre o empreendedorismo social.
Então: Vem com a gente!
Empreendedorismo Social: Como nasceu?
O empreendedorismo social nasceu na década de 80, nos Estados Unidos, quando Billy Drayton, fundou a Ashoka. Uma rede que reúne empreendedores sociais em mais de 70 países do mundo, incluindo o Brasil. Nesse sentido, Drayton tinha o objetivo de potencializar as transformações sociais, apoiando empreendedores sociais.
Assim, em 1987, o nome Ashoka foi registrado. Ele é inspirado pela palavra sânscrita Ashoka ( ausência ativa de tristeza), porém, ele também foi inspirado pelo imperador indiano de mesmo nome. Ashoka unificou a Índia no século 3 a.c , além de ser um dos líderes mais inovadores da história. Entretanto, depois de uma fase de guerras e sangue, o rei converteu-se ao budismo, passando a governar pela paz e o bem-estar social.
Outro pilar para a fundação do empreendedorismo social foi o banqueiro bengalês, Muhamadd Yunnus. O empreendedorismo social na vida de Yunnus começou em 1976. Depois de estudar economia na Universidade Vanderbilt ( EUA), o empreendedor resolveu fornecer microcrédito para os cidadãos em situação de extrema pobreza. Tudo, sem as habituais cobranças dos bancos.
Até hoje, a única exigência de Yunnus é que o dinheiro seja aplicado nos negócios. Segundo o site de Yunnus, o Grammer Bank tem mais de 8,4 milhões de mutuários, sendo que 97% deles são mulheres pobres das zonas rurais de Bangladesh. Assim , em 25 anos, o empreendedor social tirou 10% da população do país asiático da extrema pobreza.
https://www.youtube.com/watch?v=QvzOnXektmw
Empreendedorismo social x Empreendedorismo
No início do século XIX, o economista francês, Jean Baptiste Say, definiu o empreendedor, como: “ aquele que transfere os recursos econômicos de uma área mais baixa, para uma área de maior produtividade e maior rendimento”.
Em resumo: É quem vê no meio de um lixão, a chance de construir uma linda escultura e transformá-la em lucros.
Portanto, é essa a linha tênue que diferencia o empreendedor, do empreendedor social. Sendo assim, o empreendedorismo social usa a mesma visão futura e inovadora do empreendedorismo para causa de primeira necessidade.
Então, o empreendedor social também vê uma escultura no meio do lixo, mas, ao invés de visar o lucro, pensa em uma cooperativa onde artistas de rua farão a obra de arte para poderem sobreviver.
O Empreendedorismo social pode pensar no Lucro?
Muitas pessoas acham que o empreendedorismo social não pode, em nenhum momento, pensar ou sequer cogitar a oportunidade de lucrar.
Elas estão erradas.
Financeiramente, empreender socialmente é fazer com que as ações tenham receitas para quitar os seus dividendos, além de lucros para ações futuras. Fatores que, em conjunto, vão melhorar a organização e viabilizar a realização de novos projetos.
Mas, não podemos esquecer nunca que o empreendedorismo social é um, digamos, irmão do empreendedorismo. Ou seja, os dois são motivados pela inovação e querem mais recursos. Porém, com visões diferentes do que fazer com ele. Ninguém mais certo ou mais errado do que o outro.
A instituição também precisa pagar suas contas e fazer uma boa poupança para pensar em novos projetos novos. Por isso, não pense no dinheiro como algo extremamente ruim, mas sim, como um parceiro que irá lhe ajudar a construir pontes, rumo a um futuro próspero.
Então, qualquer ação do bem é empreendedorismo social?
Muitas pessoas fazem essa pergunta, porém, ficam confusas quando a resposta é: NÃO!
O empreendedorismo social visa tratar de ações de primeira necessidade para o ambiente onde ele foi criado.
Então, você deve olhar para a estrutura social onde está inserido, perceber as mazelas dela e inovar, mas, sempre pensando em atender a um assunto de primeira necessidade. Pode ser lindo, mas, abrir uma creche em uma favela com acesso à educação, é uma ação filantrópica, mas não, empreendedorismo social.
Por fim, vou dar mais um exemplo: Se você fizer uma ação para vender água potável bem baratinho em uma cidade minúscula, abarcada pela seca nordestina, é empreendedorismo social. Porém, se você vendê-la, pelo mesmo preço, no centro de São Paulo, não.
Empreendedorismo social é inovação a serviço do próximo.
3 exemplos de empreendedorismo social no Brasil
Para sua inspiração, veja 3 exemplos de empreendedorismo social para que você possas refletir sobre a melhor ação para a sua favela:
Instituto Legado:
Criado em 2013, o Instituto Legado visa aumentar o empreendedorismo social na área socioambiental, através da educação. Através de editais, empreendedores sociais da área são capacitados com o intuito de alavancar suas ações.
GRAAC:
o Graac é referência mundial quando o assunto é tratamento do câncer infantil. Isso, pela instituição conseguir curar 70% do seus pacientes, através de parcerias com hospitais, universidades e a iniciativa privada. Além do combate ao câncer, a instituição, fundada em 1991, é reconhecida pela sua gestão.
AdaptSurf.
Fundado em 2007, o adaptsurf tenta trazer para o esporte de Bruno Medina, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Além disso, os empreendedores do projeto também lutam por melhorias na acessibilidade das praias.
Como posso ser um empreendedor social?
Empreendedorismo social é : I-NO-VA-ÇÃO!
Então, pense além da linha do equador, viaje na maionese: sonhe alto. Mas não é fazer isso pensando em tudo como um sonho impossível, que jamais sairá do papel.
Enfim: pense, acredite no seu sonho, trabalhe, e transforme o seu projeto em realidade!
É fácil?
Não, não é fácil!
Mas, se você tem uma coceirinha do bem que vem toda noite pra dizer que você deve mudar alguma coisa no mundo: acredite no seu potencial!
Coce bastante, trabalhe duro, inove, que uma hora essa coceira do bem vai virar empreendedorismo social. E para tudo ficar mais claro na sua mente, siga os 5 tópicos a seguir.
Empreendedorismo social em 5 tópicos
Por fim, quero deixar 5 pontos fundamentais que você deve ter em mente se quiser empreender socialmente:
Inovação e empreendedorismo:
Vamos repetir exaustivamente este termo aqui, mas não tem como fugir dele: Pense no novo, viaje na maionese, sonhe alto, relembre sua infância. Você não pode ser o superman, mas pode voar alto se tiver um sonho e souber como trabalhar ele.
Identifique um problema, pense em uma solução e foque para fazer aquilo dar certo.
Planeje e estude para ser um empreendedor social:
Se é difícil planejar uma compra de supermercado, imagina uma organização que precisa de recursos, ações inovadoras e capital. Então, bora pegar o caderninho, comprar um lápis e partir para a ação.
Coloque a sua situação no papel, desenhe tudo com muito carinho, para poder estar preparado para conseguir mais recursos. Para isso, assista tudo o que envolve empreendedorismo e sua ação, leia, aprenda e planeje a sua organização como os empresários planejam suas grandes empresas.
Engajamento e Comunicação o transformam em empreendedor:
Ninguém lê um blog se ele não for divulgado, assim como ninguém ajuda um empreendedor social que deixar o seu projeto lá na gaveta.
Se já tem uma ideia pronta, espalhe pra todo mundo que você conhece. Pra isso, crie perfis em todas as redes sociais, conte pro papagaio, interaja com o vizinho. Enfim, para alguém nos ajudar, precisamos pedir socorro.
Se você conseguir fazer uma comunicação sólida, suas chances de conseguir parceiros, voluntários e pessoas que se inspirem no seu ideal crescerão muito. Quanto mais barulho consciente você fizer, maior é a chance do estado e das grandes empresas olharem para a sua causa com carinho.
Não tem dinheiro para contratar ninguém da área? Procure um voluntário! Com certeza algum aluno da área de comunicação vai querer ser coautor de um projeto inovador. Transmita toda a sua alma e faça com que cada foto e legenda seja o seu amor pelo próximo e pela sua causa.
Obtenha recursos para empreender socialmente:
A partir de um belo engajamento, o empreendedor social tem mais chances de obter recursos. Mas, obter recursos não é apenas pedir dinheiro para pessoas físicas. Essa é uma pequena parte do pacote.
Fique de olho em editais, oportunidades com empresas, instituições que ajudam organizações ( Como Ashoka e Changemaker), além, é claro, do processo de colaboração. Identifique todos as instituições que trabalham na sua área de atuação: empreendedorismo social é colaboração, e não competição.
E quando sua organização chegar a um patamar sólido, pense com carinho em obter recursos próprios. Comece vendendo refrigerante e salgadinhos nas atividades com os voluntários. Depois, você pode colocar sua logo em camisas e vender para quem gosta da sua causa.
Com o tempo, crie atividades com os voluntários vendendo um produto, ao invés de apenas pedirem dinheiro. Tudo pensado com carinho para que, um belo dia, você acorde e veja um bazar físico e online com todos os produtos da sua organização. Tudo para gerar receitas próprias e depender menos de receitas externas.
Foco é a base do empreendedorismo social:
Não adianta querer começar dando água potável para os moradores do sertão e depois de uma semana, decidir que o que você quer dar é acesso à internet.
Tenha foco!
Pense, viva e transpire o seu empreendedorismo social. Um cientista não vira especialista em uma doença se, durante sua vida acadêmica, decidir mudar de área a cada dois meses.
Lógico que depois que você for um empreendedor social de renome, você vai poder auxiliar em diversas áreas que precisam de ajuda. Porém, no começo de tudo, escolha um foco central.
Ouça o seu coração, siga sua causa e faça dela a sua vida!
Um exemplo de empreendedorismo social
Para fechar, vou fazer você refletir sobre uma história que aconteceu faz pouco tempo aqui na Gerando Falcões:
Em 2020,Edu Lyra, CEO da Gerando Falcões, no meio da crise do coronavírus, resolveu, “ viajar na maionese”. Ao invés de arrecadar dinheiro e doar cestas básicas para as famílias das favelas atendidas pela rede, ele e sua equipe resolveram INOVAR.
Imediatamente, foi criado um cartão digital que deu para 66.667 famílias o direito de escolher o que gostariam de comprar. No total, a campanha arrecadou R$20 milhões (400.000 cestas básicas).
Além de ajudar as famílias, ela deu um gás na economia das favelas atendidas pela rede, devido aos gastos com o cartão serem feitos nos mercados, padarias, farmácias, enfim, nos negócios de cada comunidade. Isso não seria possível se eles, simplesmente, recebessem uma cesta básica das grandes redes de supermercado.
Dessa forma, Edu acreditou no seu sonho, viajou na maionese, viu além da linha do equador. No meio de uma pandemia, olhou uma questão de primeira necessidade e com estratégia, foco e muito trabalho, conseguiu colocar a campanha Corona no Paredão, Fome Não, de pé.
Com isso, a campanha está em outro estágio. De novo, a Gerando Falcões resolveu inovar. Pensando nas milhares de crianças e jovens que estão sem acesso à educação e à internet, criamos um aplicativo com aulas online e acesso à internet de graça, através da campanha Corona no Paredão, Doe um Futuro.
Sem dúvida você gostou de saber um pouco mais sobre empreendedorismo social: não gostou? Lembrou daquele amigo que há anos luta para ter o seu projeto no mundo?
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