Economia circular: o que é, como funciona e quais são os benefícios
Se preferir, ouça a narração deste artigo:
O cientista Antoine Lavoisier já dizia que, na natureza, nada se perde nem nada se cria: tudo se transforma. Essa é a lógica por trás da economia circular, uma solução para diminuir o impacto que as pessoas causam ao meio ambiente.
Fique conosco para entender melhor essa abordagem em relação ao que a humanidade produz e consome. Conheça, ainda, quais são os benefícios que um sistema circular pode trazer para o seu bolso.
Índice
O que é economia circular?
O conceito de economia circular tem a ver com o reaproveitamento daquilo que não usamos mais. Só que essa dinâmica vai muito além da reciclagem.
Para ilustrar, vale nos lembrarmos de como a natureza funciona. Por exemplo, uma árvore dá frutos que nos alimenta. Depois, se descartarmos o bagaço na terra, ele vira adubo para fazer brotar novas plantas. Ou seja: não existe resíduo.
O desafio é levar essa perspectiva de “lixo zero” para a cadeia produtiva. Assim, em vez de descartar uma cafeteira quebrada ou uma lavadora antiga, a ideia é reprocessar esses eletrodomésticos para os componentes serem usados na fabricação de novos produtos.
Resumindo: o rejeito vira matéria-prima para novos equipamentos, tal como o bagaço da laranja vira adubo para novas árvores.
Qual é a diferença entre economia circular e linear?
O sistema produtivo mais vigente na nossa economia ainda é linear. Isto é: ele segue uma sequência com início, meio e fim.
Primeiro, a indústria explora a matéria-prima para confeccionar produtos. Depois, nós compramos e consumimos esses itens. Então, quando um objeto estraga ou não tem mais serventia, ele vai para o lixo.
Algumas empresas de tecnologia trabalham, inclusive, com a técnica da obsolescência programada. Ela consiste em definir um prazo de validade para algo que poderia funcionar por muito mais tempo. É por essa razão que você precisa trocar de celular com tanta frequência: o aparelho pode estar em perfeitas condições de uso, mas os aplicativos não atualizam e é necessário comprar um modelo mais recente.
A economia circular surge na contramão dessa dinâmica predatória. Para não explorar recursos naturais nem gerar cada vez mais lixo, ela transforma resíduos em insumos. Dessa forma, os materiais retornam ao início da cadeia produtiva, causando menos impacto no planeta.
Como funciona a economia circular?
A economia circular começa na concepção do produto. Isso porque alguns recursos naturais são finitos, então seria imprudente usá-los como matéria-prima para sempre.
Pensemos no plástico, apenas para citar um caso. Ele vem do petróleo, que existe em quantidade limitada na natureza. Portanto, empresas tentam encontrar materiais alternativos para substituí-lo (como o plástico biodegradável, feito à base de cana de açúcar).
De preferência, os insumos têm que ser atóxicos. Isso significa que não vão poluir o meio ambiente, caso sejam descartados na natureza.
Também devem ser segregáveis. Dessa forma, os componentes poderão ser reciclados com mais facilidade, o que aumenta as chances de reaproveitamento na indústria.
Só que, para tanto, ainda é preciso falar da logística reversa. Ela garante que os objetos descartados sejam levados diretamente a empresas dedicadas ao reprocessamento e à manufatura.
Esse aspecto depende de um esforço conjunto entre comércio e consumidores. No que diz respeito às lojas, elas podem funcionar como pontos de coleta dos produtos, especialmente os de difícil reciclagem (eletrônicos, lâmpadas, etc). Depois, esse conteúdo é repassado a cooperativas e companhias especializadas.
Já o público final deve separar o lixo em casa para destiná-lo ao local correto. É muito melhor reciclar do que atirar tudo num aterro.
Qual é a importância da economia circular?
Como vimos até aqui, a economia circular proporciona sobrevida a tudo que produzimos e consumimos. Essa prática leva ao aproveitamento mais racional dos insumos. Veja três benefícios:
Gera menos lixo
Se os bens de consumo não forem projetados para o reaproveitamento, algum dia eles também se tornarão lixo e poluirão o meio ambiente. Para solucionar esse problema, a economia circular privilegia materiais facilmente recicláveis. Com isso, a indústria acaba gerando menos resíduo.
Poupa recursos naturais
O planeta está chegando a um nível de esgotamento dos recursos naturais. Por isso, vale a pena aproveitar a matéria-prima que já existe, mas não está sendo utilizada porque foi parar na lata do lixo. Ao explorarmos menos a natureza, ela pode se recuperar do impacto causado pela ação humana.
Reduz o custo
Cabe dizer que o preço final dos produtos se eleva quando a matéria-prima é escassa, mas há alta demanda no mercado. Por outro lado, a lógica circular cria um cenário de abundância, dado que os insumos estão na própria mercadoria em circulação. O resultado tende a ser a redução dos preços. Logo, investir nesse tipo de economia é investir num modelo mais solidário e sustentável até para os negócios.
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Como a economia circular afeta o pequeno produtor?
A proposta de economia circular oferece diversos ganhos para o pequeno produtor. Dentre eles, podemos destacar alguns.
Com a reutilização e a reciclagem de materiais, os pequenos produtores podem ter acesso a matérias-primas mais baratas. Isso reduz os custos de produção e pode tornar seus produtos mais competitivos no mercado.
Outro ponto é que a economia circular pode abrir novas oportunidades de negócio para os pequenos produtores. Eles podem explorar a criação de produtos a partir de materiais já utilizados ou reciclados, ou estabelecer parcerias com empresas que valorizam a sustentabilidade.
A partir da economia circular, os pequenos produtores podem reduzir sua dependência de recursos naturais escassos e sujeitos a flutuações de preços no mercado. Isso torna suas operações mais resilientes a fatores externos, como questões econômicas e políticas.
A preocupação com o meio ambiente é uma realidade para todos, inclusive para os consumidores. Assim, os produtos provenientes de pequenos produtores podem atrair mais clientes, principalmente aqueles que valorizam marcas comprometidas com a sustentabilidade. Isso pode levar à fidelização de clientes e ao aumento das vendas.
A economia circular também encoraja a inovação em produtos e processos. Isso acontece porque os produtores precisam repensar suas abordagens e, dessa forma, encontrar soluções criativas para diminuir o desperdício e prolongar a vida útil dos produtos.
De ponto de vista legal, a economia circular também oferece benefícios aos pequenos produtos, uma vez que, adotando a sustentabilidade, podem sofrer menor pressão por adequação por parte do governo, por exemplo. Em alguns casos, até podem receber incentivos fiscais ou financeiros.
Como aplicar a economia circular no campo?
A aplicação da economia circular no campo envolve repensar e redesenhar os processos e práticas agrícolas para minimizar o desperdício de recursos, promover a reutilização de materiais e reduzir o impacto ambiental.
Agricultura regenerativa
Por meio dessa prática, torna-se possível melhorar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade e capturar carbono da atmosfera. Práticas como rotação de culturas, agroflorestas, plantio direto e manejo integrado de pragas podem regenerar os solos e reduzir a necessidade de insumos externos.
Agricultura Urbana e Vertical
A agricultura em espaços urbanos e em ambientes controlados, como fazendas verticais, permite o cultivo de alimentos em locais próximos aos consumidores, reduzindo a pegada de carbono do transporte de alimentos.
Diminuição de Cadeias de Suprimentos
Ao estabelecer ligações diretas entre produtores e consumidores locais, pode-se reduzir a necessidade de embalagens excessivas e diminuir os custos e a poluição associados ao transporte de longa distância.
Investimento em Energia Renovável
Instalar painéis solares no campo pode gerar energia renovável para a operação agrícola e, até mesmo, fornecer excedentes para a rede elétrica.
A economia circular no campo requer uma abordagem colaborativa e de cooperação, envolvendo produtores, pesquisadores, governos e a sociedade em geral. Ao aderir a essas práticas, é possível não apenas reduzir o impacto ambiental da agricultura, mas também tornar as operações agrícolas mais eficientes e resilientes a mudanças climáticas e desafios econômicos.
Economia circular e cooperativismo têm tudo a ver!
Se a economia circular visa promover a melhor utilização dos recursos, diminuindo o impacto sobre o planeta e oferecendo benefícios a todos, então, sua relação com o cooperativismo é super próxima.
Afinal, o cooperativismo também aborda o uso consciente de recursos, seguindo as premissas da educação financeira e compartilhando os resultados com todos.
Aqui na Cresol, nós incentivamos as práticas de economia circular e acreditamos que, por meio de nossas soluções financeiras, ajudamos os pequenos negócios e pequenos produtores a prosperarem, impactando toda a economia local.
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