Testes

Por André Paixão

O BBB 23 terminou há algum tempo, é verdade. Mas nunca é tarde para relembrar uma importante mudança no programa (pelo menos para quem gosta de carros). Pela primeira vez, a Chevrolet foi patrocinadora, desbancando a Fiat. E também verdade que as picapes Montana e Silverado foram as grandes estrelas, mas o Tracker também deu as caras em duas novas versões, Midnight e RS.

É dessa última o exemplar vermelho que você vê nas fotos e que já está nas lojas por R$ 159.750. Na linha do SUV, é a segunda opção mais cara, abaixo apenas da topo de linha, a Premier. Veja abaixo todos os preços:

  • Tracker 1.0 turbo AT – R$ 127.690
  • Tracker 1.0 turbo LT – R$ 131.960
  • Tracker 1.0 turbo Midnight - R$ 141.960
  • Tracker 1.0 turbo LTZ – R$ 144.090
  • Tracker 1.2 turbo RS - R$ 159.750
  • Tracker 1.2 turbo Premier – R$ 162.650

Fosse o Tracker um competidor do BBB, seria aquele participante que entra na casa sem muita confiança, nem sequer apontado como um dos favoritos. Afinal, você se lembra que o SUV da Chevrolet está no Brasil há mais de 20 anos? Na primeira geração, era derivado do Suzuki Vitara, tinha motor a diesel e tração 4x4, mas vendeu muito pouco.

Quando percebeu que o jogo havia mudado para os SUVs, a Chevrolet resolveu trazer a segunda geração do Tracker para o país. Importado do México, tinha visual interessante, mas o espaço interno limitado e a restrição de volume fizeram com que o SUV ficasse mais perto do paredão do que da imunidade.

Chevrolet Tracker RS — Foto: André Paixão/Autoesporte
Chevrolet Tracker RS — Foto: André Paixão/Autoesporte

Como a perseverança de quem encara por horas e horas uma prova de resistência, o Tracker chegou à terceira geração para mudar de vez seu status. O desenvolvimento na China e a produção no Brasil propiciaram os custos mais baixos e a escala que a Chevrolet precisava para bombar o SUV. Visual bem resolvido, baixo consumo de combustível e motores turbo fizeram com que o Tracker finalmente caísse no gosto do brasileiro.

Tanto é verdade que, depois de 24 temporadas, ele conseguiu vencer a prova do líder e se tornou o SUV mais vendido no país em 2022. Para que não perca a liderança e acabe sendo enviado para o paredão, a Chevrolet tratou de complementar a linha com as duas novas versões no modelo 2024.

A RS traz visual esportivo, com rodas de 17 polegadas escurecidas, faróis de LED com máscara negra, gravatinhas e plaqueta do nome do veículo da cor preta e apliques plásticos no para-choque traseiro. A grade é a mesma do Tracker RS vendido na China.

Grade é a mesma do modelo vendido na China — Foto: André Paixão/Autoesporte
Grade é a mesma do modelo vendido na China — Foto: André Paixão/Autoesporte

Quer mais desempenho? Melhor buscar outro SUV, porque no Tracker RS nada muda no conjunto mecânico formado pelo motor 1.2 turbo de 133 cv e 21,4 kgfm e pelo câmbio automático de seis marchas. Nem mesmo borboletas para trocas de marchas foram adicionadas — a única opção é escolher o modo L e fazer as mudanças usando botões na lateral da alavanca, uma operação pouco prática e intuitiva.

A Chevrolet se justifica dizendo que quem compra o Tracker RS não quer esportividade e que busca “atender ao cliente que deseja um carro tunado, mas não pode pagar pela preparação”, como define Rodrigo Fioco, diretor de marketing da fabricante. Se o foco não é o desempenho, bem que a Chevrolet poderia ter se esforçado para deixar o interior do Tracker RS mais exclusivo.

Em relação ao restante da linha, há apenas costuras vermelhas nos bancos, volante e painéis de porta, gravatinha preta na almofada do volante e apliques de plástico preto na mesma peça. Outros carros com visual esportivo costumam trazer teto preto, nomes das versões bordadas e, em casos raros, acertos específicos na direção e/ou suspensão.

Costuras vermelhas e gravata preta são as únicas diferenças  na cabine — Foto: André Paixão
Costuras vermelhas e gravata preta são as únicas diferenças na cabine — Foto: André Paixão

Ao volante, o Tracker RS é exatamente como os demais. Direção leve, suspensão mais voltada para o conforto e desempenho na média. Ao menos o motor 1.2 agrada mais do que o 1.0 por demonstrar melhor entrosamento com o câmbio automático de seis marchas, que tem trocas suaves e sem trancos.

Considerando os equipamentos, o Tracker RS é um Tracker LTZ que subiu na vida e ganhou teto solar e faróis de LED. Fora isso, há seis airbags, alertas de veículos no ponto cego e de colisão frontal com frenagem automática de emergência, acesso por chave presencial, partida por botão, faróis de LED com acendimento automático, bancos de couro e central multimídia com tela de 8 polegadas e conexões Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

Teto solar  e itens de estilo formam o pacote pseudoesportivo — Foto: André Paixão/Autoesporte
Teto solar e itens de estilo formam o pacote pseudoesportivo — Foto: André Paixão/Autoesporte

O Tracker RS até poderia ser cancelado pelo público por não ter carregador de celular por indução, ar-condicionado digital ou retrovisor eletrocrômico, mas imagino que a plateia resolva “passar um pano” em razão da presença do teto solar panorâmico, normalmente um item só encontrado nas versões mais caras.

Pagar quase R$ 160 mil por um carro sem esses itens parece coisa de quem ficou três meses confinado, sem contato com o mundo exterior. Contudo, se pararmos para pensar que o Hyundai Creta N Line custa R$ 169.690 e que o Volkswagen T-Cross 1.4 turbo já passa de R$ 172 mil com teto solar, o Tracker começa a parecer um bom negócio.

Combinadas, RS e Midnight devem representar uma em cada dez unidades do Tracker vendidas no Brasil. Ao final da temporada, ou melhor, do ano, esses 10% podem muito bem ser a diferença entre a vitória e a derrota no BBB dos SUVs compactos.

Chevrolet Tracker RS

Ficha técnica
Preço: R$ 159.750
Motor: Diant., transv., 3 cil. em linha, 1.2, 12V, turbo, flex
Potência: 133 cv a 5.500 rpm
Torque: 21,4 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: Automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Indep., McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.)
Pneus: 215/55 R17
Tanque: 47 litros
Porta-malas: 393 litros (fabricante)
Peso: 1.275 kg
Multimídia: 8 polegadas, Android Auto e Apple CarPlay sem fio
DIMENSÕES
Comprimento: 4,27 metros
Largura: 1,79 m
Altura: 1,63 m
Entre-eixos: 2,57 m
Mais recente Próxima Ram 1500 Limited de R$ 539.990 é a caminhonete mais cara do Brasil; leia o teste
Mais da Autoesporte