O BBB 23 terminou há algum tempo, é verdade. Mas nunca é tarde para relembrar uma importante mudança no programa (pelo menos para quem gosta de carros). Pela primeira vez, a Chevrolet foi patrocinadora, desbancando a Fiat. E também verdade que as picapes Montana e Silverado foram as grandes estrelas, mas o Tracker também deu as caras em duas novas versões, Midnight e RS.
É dessa última o exemplar vermelho que você vê nas fotos e que já está nas lojas por R$ 159.750. Na linha do SUV, é a segunda opção mais cara, abaixo apenas da topo de linha, a Premier. Veja abaixo todos os preços:
- Tracker 1.0 turbo AT – R$ 127.690
- Tracker 1.0 turbo LT – R$ 131.960
- Tracker 1.0 turbo Midnight - R$ 141.960
- Tracker 1.0 turbo LTZ – R$ 144.090
- Tracker 1.2 turbo RS - R$ 159.750
- Tracker 1.2 turbo Premier – R$ 162.650
Fosse o Tracker um competidor do BBB, seria aquele participante que entra na casa sem muita confiança, nem sequer apontado como um dos favoritos. Afinal, você se lembra que o SUV da Chevrolet está no Brasil há mais de 20 anos? Na primeira geração, era derivado do Suzuki Vitara, tinha motor a diesel e tração 4x4, mas vendeu muito pouco.
Quando percebeu que o jogo havia mudado para os SUVs, a Chevrolet resolveu trazer a segunda geração do Tracker para o país. Importado do México, tinha visual interessante, mas o espaço interno limitado e a restrição de volume fizeram com que o SUV ficasse mais perto do paredão do que da imunidade.
Como a perseverança de quem encara por horas e horas uma prova de resistência, o Tracker chegou à terceira geração para mudar de vez seu status. O desenvolvimento na China e a produção no Brasil propiciaram os custos mais baixos e a escala que a Chevrolet precisava para bombar o SUV. Visual bem resolvido, baixo consumo de combustível e motores turbo fizeram com que o Tracker finalmente caísse no gosto do brasileiro.
Tanto é verdade que, depois de 24 temporadas, ele conseguiu vencer a prova do líder e se tornou o SUV mais vendido no país em 2022. Para que não perca a liderança e acabe sendo enviado para o paredão, a Chevrolet tratou de complementar a linha com as duas novas versões no modelo 2024.
A RS traz visual esportivo, com rodas de 17 polegadas escurecidas, faróis de LED com máscara negra, gravatinhas e plaqueta do nome do veículo da cor preta e apliques plásticos no para-choque traseiro. A grade é a mesma do Tracker RS vendido na China.
Quer mais desempenho? Melhor buscar outro SUV, porque no Tracker RS nada muda no conjunto mecânico formado pelo motor 1.2 turbo de 133 cv e 21,4 kgfm e pelo câmbio automático de seis marchas. Nem mesmo borboletas para trocas de marchas foram adicionadas — a única opção é escolher o modo L e fazer as mudanças usando botões na lateral da alavanca, uma operação pouco prática e intuitiva.
A Chevrolet se justifica dizendo que quem compra o Tracker RS não quer esportividade e que busca “atender ao cliente que deseja um carro tunado, mas não pode pagar pela preparação”, como define Rodrigo Fioco, diretor de marketing da fabricante. Se o foco não é o desempenho, bem que a Chevrolet poderia ter se esforçado para deixar o interior do Tracker RS mais exclusivo.
Em relação ao restante da linha, há apenas costuras vermelhas nos bancos, volante e painéis de porta, gravatinha preta na almofada do volante e apliques de plástico preto na mesma peça. Outros carros com visual esportivo costumam trazer teto preto, nomes das versões bordadas e, em casos raros, acertos específicos na direção e/ou suspensão.
Ao volante, o Tracker RS é exatamente como os demais. Direção leve, suspensão mais voltada para o conforto e desempenho na média. Ao menos o motor 1.2 agrada mais do que o 1.0 por demonstrar melhor entrosamento com o câmbio automático de seis marchas, que tem trocas suaves e sem trancos.
Considerando os equipamentos, o Tracker RS é um Tracker LTZ que subiu na vida e ganhou teto solar e faróis de LED. Fora isso, há seis airbags, alertas de veículos no ponto cego e de colisão frontal com frenagem automática de emergência, acesso por chave presencial, partida por botão, faróis de LED com acendimento automático, bancos de couro e central multimídia com tela de 8 polegadas e conexões Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
O Tracker RS até poderia ser cancelado pelo público por não ter carregador de celular por indução, ar-condicionado digital ou retrovisor eletrocrômico, mas imagino que a plateia resolva “passar um pano” em razão da presença do teto solar panorâmico, normalmente um item só encontrado nas versões mais caras.
Pagar quase R$ 160 mil por um carro sem esses itens parece coisa de quem ficou três meses confinado, sem contato com o mundo exterior. Contudo, se pararmos para pensar que o Hyundai Creta N Line custa R$ 169.690 e que o Volkswagen T-Cross 1.4 turbo já passa de R$ 172 mil com teto solar, o Tracker começa a parecer um bom negócio.
Combinadas, RS e Midnight devem representar uma em cada dez unidades do Tracker vendidas no Brasil. Ao final da temporada, ou melhor, do ano, esses 10% podem muito bem ser a diferença entre a vitória e a derrota no BBB dos SUVs compactos.
Chevrolet Tracker RS
Ficha técnica |
Preço: R$ 159.750 |
Motor: Diant., transv., 3 cil. em linha, 1.2, 12V, turbo, flex |
Potência: 133 cv a 5.500 rpm |
Torque: 21,4 kgfm a 2.000 rpm |
Câmbio: Automático, 6 marchas, tração dianteira |
Direção: Elétrica |
Suspensão: Indep., McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.) |
Freios: Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.) |
Pneus: 215/55 R17 |
Tanque: 47 litros |
Porta-malas: 393 litros (fabricante) |
Peso: 1.275 kg |
Multimídia: 8 polegadas, Android Auto e Apple CarPlay sem fio |
DIMENSÕES |
Comprimento: 4,27 metros |
Largura: 1,79 m |
Altura: 1,63 m |
Entre-eixos: 2,57 m |