O Volkswagen Polo 2023 ficou menos potente e mais barato. O motor 1.0 turbo agora não é mais o 200 TSI e sim o 170 TSI. Isso significa que a potência de até 128 cv e o torque de até 20,4 kgfm foram reduzidos para até 116 cv e 16,8 kgfm. Quer a fórmula para essas reduções passarem despercebidas? Dirija a inédita versão 1.0 TSI com câmbio manual de cinco marchas que custa R$ 92.990.
Por que o Polo perdeu força e ficou mais barato? A explicação, segundo a Volkswagen, tem a ver com a política de preços da empresa e a troca do motor foi para atender às novas e exigentes regulamentações brasileiras de emissões e consumo de combustível.
Na linha 2023 a versão de entrada com câmbio manual, 1.0 MPI, custa R$ 82.990, enquanto as versões com motor 1.0 TSI e câmbio automático de seis marchas que ficaram mais baratas, Comfortline e Highline, partem de R$ 102.990 e R$ 109.990, respectivamente. Os valores abaixo evidenciam ainda mais a disputa por mercado com Chevrolet Onix e Hyundai HB20.
A versão 1.0 TSI com câmbio manual só nasceu porque muitos clientes da marca pediram, segundo a própria fabricante. Digamos que a saída do Up no ano passado, que só era vendido na versão Extreme com motor 1.0 TSI e câmbio manual, deixou parte da clientela que gosta de mais agilidade na hora de dirigir carente.
Preços e versões do Volkswagen Polo 2023
1.0 MPI manual – R$ 82.990 |
1.0 TSI manual – R$ 92.990 |
Comfortline automático – R$ 102.990 (era R$ 108.890) |
Highline automático – R$ 109.990 (era R$ 116.990) |
No visual, a dianteira traz para-choque e grade redesenhados, entretanto, só na versão mais cara há detalhes cromados. Em comum, todas têm faróis com desenho interno diferente do anterior e luzes de LED. O logotipo da Volkswagen também foi atualizado.
Nas laterais, a versão MPI traz rodas aro 15 com calotas, enquanto na TSI e na Comforline, são de liga leve. Já na versão mais cara as rodas de liga leve são de 16 polegadas.
Na traseira, em vez de utilizar as lanternas do modelo europeu, que invadem a tampa do porta-malas, a Volkswagen do Brasil optou por manter o formato da peça e modificar apenas o arranjo interno e a lente. O nome do carro passa fica centralizado abaixo do logotipo da marca.
Por dentro, a versão TSI é bem básica e dá motivos aos que reclamam que a Volkswagen exagera no plástico. Para tentar quebrar essa simplicidade para um carro de R$ 93 mil há uma peça espelhada de plástico com textura diferente no centro no painel.
Mas o que faz o interior parecer menos popular do que ele é são as telas: da central multimídia é de 6,5 polegadas compatível com Apple CarPlay e Android só via cabo, que podem ser conectados nas duas entradas USB-C, e já conhecido painel de instrumentos digital com tela 8".
Além de tudo que já foi dito, essa versão traz como destaque outros itens de série como airbags laterais, volante multifuncional, painel de instrumentos com tela de 8 polegadas, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, comandos elétricos dos quatro vidros, sensor de estacionamento traseiro, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas e frenagem automática pós-colisão.
Em relação às medidas, o Polo 2023 ficou ligeiramente maior no tamanho, são 4,07 metros de comprimento (+ 2 cm), porém, a largura de 1,75 m, a altura de 1,47 m e o entre-eixos de 2,56 m permanecem iguais – assim como os 300 litros de capacidade do porta-malas.
Aliás, antes de sair eu sentei no banco de trás com o assento do motorista ajustado para mim, de 1,87 m, e ainda sobrou um espaço de mais ou menos dois dedos entre o joelho e o banco. Para a cabeça, com uma posição mais ereta, o topete encosta no teto. O problema mesmo são as comodidades para quem vai atrás, ou melhor, a falta delas.
O túnel central é alto e atrapalha o conforto de quem vai sentado no banco do meio. E acima do túnel há uma peça de plástico sem ao menos uma entrada USB ou saída do ar-condicionado. Não dá para dizer que não serve para nada porque tem um pequeno porta-objetos. É pequeno, mas dá para guardar um "bolo de figurinhas" repetidas da Copa do Mundo, por exemplo.
Sentado no confortável banco do motorista que deixa você com uma postura bem ereta, giro a chave canivete e dou a partida no hatch. Falta uma empunhadura mais firme no volante, como na versão Highline, mas basta entrar em movimento para começar a esquecer da simplicidade desta versão.
Se você já dirigiu o up! TSI vai lembrar da arrancada vigorosa do pequenino, que dispara como um "míssil". No Polo a sensação é muito semelhante. É impressionante como o motor turbo trabalha muito bem em rotações baixas. O torque máximo é entregue a 1.750 rpm e não mais a 2.000 rpm, como era no Polo 200 TSI. Isso garante um fôlego tremendo para andar na cidade.
Entretanto, o novo Polo leva quase um segundo a mais para ir de 0 a 100 km/h. Agora, são 10,5 s, contra 9,6 como da versão anterior. A velocidade máxima dos motores turbo foi mantida em 192 km/h nas opções com câmbio automático, enquanto a manual alcança 197 km/h.
Números à parte, a condução com o câmbio manual é muito agradável e arranca suspiros do motorista com tanta agilidade, seja para sair da inércia, para fazer uma retomada ou para encarar uma ladeira. Na mão, você não vai ficar. O câmbio não tem os engates tão curtos quanto era no up! TSI, mas isso não é um problema porque eles são bem precisos.
A Volkswagen colocou novos amortecedores e a suspensão permanece a mesma, mas eu senti um acerto com menos rigidez. Um ponto negativo foi que os freios a disco da traseira foram substituídos por tambores. Na prática você vai sentir a frenagem diferente do que era antes com o conjunto completo de discos.
Em relação ao consumo, segundo o Inmetro, essa versão turbinada e manual traz números ótimos. Com etanol, as marcas são de: 9,6 km/l na cidade e km/h e 11,5 km/l na rodovia. Já com gasolina, as médias são de 14 km/l e 16,4 km/l, respectivamente.
Essa não é a versão melhor equipada e o acabamento deixa muito a desejar. Por R$ 10 mil a mais, a Comfortline traz de série tudo da TSI manual e acrescenta itens como controle de velocidade, partida por botão e câmbio automático de seis marchas com trocas no volante.
Já a Highline, R$ 7 mil a mais que a anterior, ainda engloba ao pacote bancos de couro, quadro de instrumentos digital de 10 polegadas, carregador de celular por indução, ar-condicionado digital, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, faróis com acendimento automático, sensor de chuva e multimídia VW Play com tela de 10,25".
O conforto da versão topo é inegavelmente melhor porque você se sente realmente dentro de um carro na faixa dos R$ 100 mil. Entretanto, o desempenho da versão manual agrada ao ponto de você esquecer que o carro perdeu potência, algo que nas versões automáticas não acontece.
A diversão ao volante no conjunto turbo manual não é igual a do up! TSI, mas chega bem próximo disso. Vale dizer que o subcompacto tinha 105 cv, portanto, 11 cv a menos que o hatch; já o torque era o mesmo de 16,8 kgfm.
A Volkswagen poderia ter caprichado mais no interior dessa versão, já que a criação dela veio por apelo dos clientes. Mas, se você é órfão do up! TSI e preza mais pelo desempenho do que pelo conforto, a chegada dessa versão inédita é uma ótima notícia para você.
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