Teste: Jeep Gladiator é uma caminhonete de trilha que você não sabia que precisava

A Gladiator estreia na versão Rubicon, a mais cara da gama, exclusivamente com o motor a gasolina Pentastar V6 3.6 de 284 cavalos e 35,4 kgfm a 4.100 rpm. Tem tração nas quatro rodas, com reduzida e bloqueio de diferencial. Mesma configuração já ofertada no Jeep Wrangler, SUV no qual a picape é baseada.

Da parte frontal até a coluna B, eles são praticamente o mesmo carro. Da metade para trás é onde está a novidade, com um conjunto de assentos traseiros remodelado e, claro, a caçamba. As medidas (1,53 m de comprimento, 1,44 m de largura e 86,1 cm de altura) resultam em 1.000 litros de volume. Não é um bagageiro grande e não oferece grande capacidade de carga – máximo de 674 kg.

Isso coloca a Gladiator atrás da Fiat Strada Endurance, que aguenta até 720 kg, na versão de cabine simples. Ou então ligeiramente acima do que a Strada de cabine dupla suporta (650 kg). É por este motivo (ter menos de 1 tonelada de capacidade de carga) que, por enquanto, a versão a diesel não poderá ser importada para o Brasil. Em tempo, ela vem de Toledo, nos Estados Unidos.

Porém, já que está voltada para o lazer e aventura, a Jeep aposta que não é esse o principal atributo da caminhonete, mas sim a capacidade de enfrentar trilhas e ir a lugares que outras não conseguem. Como uma das principais novidades da Gladiator em relação ao Wrangler está justamente na caçamba, não tem como a gente não começar a descrição por aqui.

Quando se compara a novidade com a concorrência, além de toda a robustez do sistema de tração, a Jeep é a única que permite a configuração da carroceria. Como a cabine é construída com fibra de vidro, é possível remover as placas superiores frontais, sobre o motorista e passageiro da frente, bem como toda a estrutura do teto – preservando apenas o santantônio com sistema de som integrado.

Assim como ocorre no Wrangler, as portas também podem ser removidas. Nesse caso, é possível adquirir um acessório composto por barras de metal tubular, que parece uma porteira, para garantir a segurança de quem viaja e manter a sensação de “bugre”.

A operação de desmontagem é simples, com poucos pontos de fixação. Se preferir, é mais prático utilizar uma parafusadeira elétrica, mas o carro vem com uma chave catracada com os bits corretos para cada peça. Apenas o teto requer o trabalho simultâneo de duas pessoas. Os demais componentes podem ser removidos por apenas uma pessoa. As portas dianteiras pesam 23 kg e as traseiras, 19 kg.

Para enfrentar caminhos inóspitos, a tração 4x4 conta com acionamento mecânico ao lado da alavanca da transmissão. Por sinal, uma caixa automática de oito velocidades com opção de trocas sequenciais. Na posição 4x2, a transmissão é traseira, compondo a caixa de transferência com cinco posições. É possível mudar para o sistema 4x4 com o carro em movimento. Já as relações reduzidas exigem que o veículo esteja parado.

Além disso, há também um botão seletor que permite o acionamento eletrônico do bloqueio do diferencial. É possível travar apenas o eixo traseiro ou todas as rodas.

Por fim, a barra estabilizadora dianteira conta com uma desconexão eletrônica, dotada de um atuador eletromagnético capaz de interromper a ação do limitador. Com isso, ganha-se uma capacidade de torção adicional de 30%.

Tanta capacidade mecânica requer ajustes na carroceria. Então o ângulo de entrada é de 43º e o ângulo de saída, 26º. Já o ângulo de rampa fica em 20º, com altura mínima do solo de 27 cm e capacidade de submersão limitada a 76 cm.

Caso queira enfrentar pisos que exijam os limites que a ficha técnica sugere, talvez seja uma boa providência trocar os pneus originais, na medida 245/75 R17, de uso misto.

A escolha por pneus mistos faz total sentido e a Jeep acertou na seleção. A borracha macia e com gomos moderadamente espaçados não são desconfortáveis em uso rodoviário, pelo apenos até 120 km/h, sem transmitir vibrações excessivas para a cabine.

Por ter poucos pontos de fixação e ser feito com material leve, fiquei surpreso com baixo nível de ruído mesmo em alta velocidade. Não espere um desempenho de Dodge Challenger, apesar do V6, mas julguei que as retomadas de velocidade até animam. Lembrando que é um veículo de 2.261 kg em ordem de marcha e cujos traços lhe conferem a aerodinâmica de um tijolo.

No dia a dia, prepare o bolso para abastecer. Segundo os dados do Conpet, a Gladiator faz 6,5 km/l em ciclo rodoviário e 7,4 km/l em rodagem urbana (ainda não temos os números da Autoesporte). Isso a coloca em relativa desvantagem em relação às rivais que eventualmente você venha a considerar, mas não quando se fala em autonomia. O tanque comporta nada menos que 83 litros. Ou o equivalente a R$ 456 com a gasolina comum a R$ 5,50.

Atrás do volante, o motorista conta com sistemas auxiliares à condução, como aviso de colisão frontal com frenagem de emergência, monitoramento de pontos cegos e controle adaptativo de cruzeiro.

Na prática, ela dispara um alarme sonoro quando um carro freia à frente, e também é capaz de seguir o fluxo de carros automaticamente, acionando sozinha o freio e o acelerador.

Há câmeras instaladas na dianteira e na traseira, que podem ser utilizadas com marchas à frente. Em uma trilha, torna-se mais fácil verificar obstáculos ao redor. Claro que essa funcionalidade também ajuda em um estacionamento ou até no meio do trânsito. A alta resolução da câmera e o tamanho da tela do multimídia (8,4 polegadas) também merecem destaque.

A tecnologia também está presente em outro monitor eletrônico: o recurso Off-Road Pages é acionado pelo multimídia e exibe informações técnicas do carro. Dá para monitorar a ação dos eixos, ação do 4x4 e até acompanhar o trabalho da barra estabilizadora frontal. Há uma página em que o condutor pode ver em tempo real a inclinação da carroceria e manter esses ângulos dentro da capacidade máxima do carro.

É possível conectar celulares pelo Apple CarPlay e Android Auto, utilizando os nove alto-falantes da Alpine, incluindo um subwoofer. O ar-condicionado tem ajuste digital de duas zonas.

Quando remover as portas ou o teto, é possível armazenar objetos sob o banco traseiro em caixas com chave. São discretas, pois ficam camufladas, e permitem o trancamento. Se carregar equipamentos elétricos, também é possível liga-los em um ponto de tomada selado na caçamba. É uma tomada de 230V e 400W.

A Jeep diz que o primeiro lote a ser vendido por aqui está composto por 300 unidades, apenas com cores distintas, fora a oferta de 72 acessórios exclusivos. Ainda não há previsão de comercialização de outras versões.

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