Comparativo: Fiat Fastback x Volkswagen Nivus é o confronto da moda entre SUVs cupê

Por esse motivo, aqui o desfile será da versão intermediária, a Impetus, de R$ 142.490 (com motor três cilindros 1.0 turbo de 130 cv), e do experiente Nivus Highline, de R$ 139.770, que traz a mesma fórmula sob o capô, porém com 2 cv a menos. Qual é o uber model?

Antes de entrar nos frios números de ficha técnica, desempenho e consumo, vamos falar de um critério subjetivo: design.

SUVs cupês tendem a agradar mais aos olhos do que propriamente serem funcionais — geralmente são menos práticos, têm menos espaço atrás e o porta-malas ainda é menor. Vou confessar que quando o Nivus apareceu, há dois anos, seu visual me surpreendeu pelo estilo descolado e jovial em relação ao Polo (carro no qual é baseado). Já o Fastback tem uma pegada, digamos, "alta-costura".

O ponto de partida foi o Pulse (que, por sua vez, deriva do Argo). Só que no Fastback a Fiat usa os sketches do Pulse Abarth, com um para-choque dianteiro mais agressivo, com entradas de ar verticais nas laterais. Entretanto, é a traseira que chama a atenção. O caimento do teto e as lanternas afiladas (que lembram até o BMW X4) formam um dos conjuntos estéticos mais bonitos entre os carros compactos. E não custa lembrar: é um quesito pessoal. Nas redes sociais de Autoesporte, a opinião ficou dividida.

A Fiat tentou também aliar a forma ao conceito. Tanto que o entre-eixos do Fastback, de 2,53 metros, é menor que o do Nivus, de 2,56 m, mas no SUV feito em Betim (MG) a sensação de aproveitamento de espaço é mais aparente. Claro que pessoas com mais de 1,80 m vão ter algumas dificuldades (principalmente para a cabeça, por causa do teto curvado), porém a acomodação não será grande problema.

No Nivus, dependendo do ajuste dos bancos dianteiros, os ocupantes de trás podem passar por alguns apuros. Sem falar que o Fastback ainda tem expressivos 516 litros de capacidade no porta-malas — ante 415 l do VW —, maior que o de muitos SUVs médios. O famigerado tampão ainda se dobra para ampliar o acesso.

Tem mais: o Fastback é bem mais "parrudo" que o Nivus: são 4,43 m de comprimento contra 4,27 m (o balanço traseiro do Fiat é bem maior, como dá para ver na foto acima). E mesmo assim o peso é parecido: 1.262 kg e 1.199 kg, respectivamente. Trunfo da plataforma MLA, com 87% de aços de alta e ultrarresistência. Outro departamento em que o Fiat surpreende é o desempenho.

A marca pega na prateleira o motor de três cilindros 1.0 turbo com injeção direta, costura com um câmbio automático CVT e obtém uma ótima combinação. São 130 cv e 20,4 kgfm — ante 128 cv e o mesmo torque do VW. A diferença está na transmissão automática convencional do Nivus, com conversor de torque e seis marchas.

O resultado na nossa passarela (ops, pista de teste), o TMT Campo de Provas, é um zero a 100 km/h em surpreendentes 8,7 segundos — 1,2 s (!) de diferença diante dos 9,9 s do Nivus. O Pulse 1.0 turbinado, por sua vez, leva 9,6 s.

O Fastback também é mais ligeiro nas retomadas: 40-80 km/h em 3,9 s, 60-100 km/h em 5,2 s e 100-120 km/h em 6,7 s. O Nivus precisa de 4,3 s, 5,6 s e 7 s, respectivamente. Se o CVT não empolga no dia a dia, pelo menos na pista ele explora as melhores faixas de potência e torque.

Inevitável é quando o Fastback tem de dar aquela "paradinha". O Fiat precisa de um pouco mais de espaço que o Nivus: 100-0 km/h em 40 metros (37,5 m), 80-0 km/h em 25,9 m (24,9 m) e 60-0 km/h em 15,2 m (14,1 m).

Já o consumo de combustível é praticamente igual. Enquanto o Fastback faz 8,1 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada com etanol, o Nivus tem médias de 8,3 km/l e 10,1 km/l, respectivamente. Com gasolina no tanque, a variação aparece no trecho urbano (11,3 km/l contra 12,1 km/l). Na rodovia, seguem quase idênticos: 13,9 km/l x 14,2 km/l.

Já deu para perceber até aqui que a rivalidade Fastback x Nivus é tão parelha quanto Gisele Bündchen x Alessandra Ambrósio. O Fiat vai bem em espaço, porta-malas e desempenho, porém o Nivus se recupera em frenagens e consumo. Sigamos assim.

Aproveitando os carros em movimento, vamos falar da dinâmica. O contato com o Fastback se deu apenas na pista. O liso asfalto não permite tirar muitas conclusões sobre o comportamento da suspensão ao enfrentar os percalços diários.

O que dá para perceber é que o ajuste privilegia o conforto, assim como o peso da direção — e a carroceria rola um pouco mais (até porque o Fastback é mais altinho). No caso do Nivus, a guiada é afiada e voltada para quem gosta de se sentir no controle o tempo todo.

Os SUVs compactos cupês voltam a empatar no conteúdo. A lista de itens de série e de segurança é parecida. O Nivus leva vantagem com seis airbags (contra quatro do Fastback) e controle de cruzeiro adaptativo (inexistente no Fiat), mas ambos têm frenagem de emergência e sensores dianteiros e traseiros.

O Fastback ainda traz internet nativa, permanência na faixa e freio de estacionamento eletrônico; o Nivus roteia o sinal de smartphones e não tem os outros equipamentos. As centrais também se equivalem: na faixa de 10 polegadas, com interface bonita e respostas rápidas.

Ainda no interior, o Fastback vai bem na finalização. O Fiat tem plásticos rígidos igual ao VW, mas não tão aparentes, e há acabamentos em preto brilhante e prateado. A sensação é de mais refinamento em relação ao Nivus.

Precisamos falar do pós-venda, único quesito com maior discrepância. A VW não cobra pelas revisões até 30 mil km, já as do Fiat chegam a R$ 1.850. A cesta de peças do Fastback também é mais cara — só um farol de LED custa quase R$ 3 mil. Por outro lado, o seguro do Fiat é bem mais barato.

O Fastback copia a moda do Nivus e são SUVs parecidos, mas, ao mesmo tempo, diferentes. O estilo é você quem vai escolher.

O novato Fastback leva a melhor para cima do Nivus. A combinação do 1.0 turbo com o câmbio CVT garante uma boa vantagem no desempenho. Consumo e equipamentos são parelhos e o Fastback surpreende pelo espaço interno e porta-malas. O Nivus equilibra a disputa com sua dinâmica e o pós-venda. Carros semelhantes com pegadas diferentes. É no detalhe.

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