Mercado automotivo

O setor automotivo brasileiro deverá registrar o maior crescimento de vendas desde 2007. É o que aponta a projeção da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que estima a venda de 2,65 milhões de unidades em 2024.

Entre 2023 e 2024, as vendas de carros registraram aumento de 15%. Trata-se do maior crescimento entre um ano para o outro registrado pela Anfavea desde 2007. A estimativa da associação supera com alguma folga os 2,3 milhões de licenciamentos no janeiro-dezembro passado. Vale frisar ainda que no acumulado deste ano, até novembro, já temos 2,38 mi unidades comercializadas.

Houve, bom destacar, alta de 32% nos emplacamentos de veículos entre o primeiro e o segundo semestre de 2024. A Anfavea repercute 1,14 milhão de unidades vendidas nos seis primeiros meses, e projeta o encerramento da segunda metade do ano com 1,51 milhão. Este, inclusive, seria o melhor resultado no período de seis meses desde 2014.

O mercado brasileiro também foi o que mais cresceu entre os dez principais polos automotivos do mundo, com alta de 15%. A Anfavea, contudo, exclui a Rússia por conta do conflito entre o país governado por Vladimir Putin e a Ucrânia.

O Brasil ficou à frente de Estados Unidos e China com alguma vantagem nesse quesito. Enquanto o primeiro cresceu 2,8%, o segundo teve alta de 3,8%. Mercados como Alemanha, França e Japão tiveram retração de, respectivamente, -0,4%, -3% e -7,2%.

A Anfavea estima crescimento interessante para 2025. O emplacamento de leves deverá ter uma alta de 5,8% e pesados, por sua vez, 2,1%. Desse modo, a previsão é de que 2,8 milhões de unidades sejam licenciadas no próximo ano.

De acordo com Márcio de Lima Leite, presidente da entidade, houve uma redução na estimativa por conta da elevação da taxa básica de juros em 1 p.p., para 12,25%, na última quarta-feira (11). Para o próximo ano, a Anfavea trabalha com uma Selic de 14,5%.

Produção e importações em alta

Produção de veículos no Brasil também vivencia bom momento — Foto: Divulgação
Produção de veículos no Brasil também vivencia bom momento — Foto: Divulgação

A produção também avançou no Brasil de um semestre para o outro. Na primeira metade de 2024, mais de 1,13 milhão de veículos deixaram as linhas nacionais; já no segundo semestre, os números apontam 1,43 milhão de unidades. A projeção é que 2024 termine com 2,56 milhões de veículos novos produzidos no país.

A Anfavea também comemorou o maior ciclo de investimentos da história do país. Ao todo, os aportes na indústria nacional somaram R$ 180 bilhões. No entanto, a entidade não apenas celebrou.

Pela primeira vez desde 2015, importações superaram exportações. 463 mil unidades foram importadas em 2024, contra 403 mil exportações. Embora os números ainda sejam projeções da Anfavea, o ano deve terminar com dados bem parelhos aos divulgados.

Interessante é que, se somarmos os cerca de 70 mil veículos ainda em estoque, as importações da China cresceram 415%. É um total de 165 mil unidades, em sua maioria, evidentemente, de automóveis de BYD e GWM. Segundo a Anfavea, a cada dois carros importados fora do Mercosul-México vêm do país asiático.

Nas exportações, a Argentina atuou como tábua de salvação. Com alta de 39% em relação ao ano passado, recebeu 149.533 veículos produzidos no Brasil em 2024 entre janeiro e novembro. O México, desse jeito, perde a liderança, com 95.078 unidades (queda de 26% ante 2023).

Márcio de Lima Leite, porém, ressalta que o Brasil está perdendo share no Mercosul-México. "Precisamos ser competitivos no nosso quintal, com nossos parceiros, e estamos vendo uma entrada muito relevante de produtos chineses nestes países", disse.

Sobre as montadoras do país asiático, inclusive, a Anfavea considera "perigoso" o número de veículos importados em 2024. Todavia, espera que, assim que essas empresas passem a fabricar no Brasil, a balança volte a pender para as exportações.

Cláudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), deu rápida atualização sobre o status de localização e, por conseguinte, produção das chinesas no Brasil.

"A GWM apresentou plano de localização e pretende começar a produção em 2025. Vão iniciar as tratativas de localização no primeiro semestre do ano e, no segundo, já deve utilizar alguns produtos localizados; com intensificação para o segundo semestre. Com relação à BYD ainda não tivemos esse retorno. A expectativa é que isso ocorra no primeiro semestre do ano que vem."

Eletrificados

Quando falamos de GWM e BYD, fatalmente nos pegamos olhando para o mercado de eletrificados. Se em 2023 tivemos 42,5 mil híbridos, 32,2 mil híbridos plug-in e 19,3 mil elétricos comercializados, em 2024 a situação mudou um pouco de figura.

Este ano tivemos, no acumulado, 63,1 mil carros elétricos comercializados, contra 57 mil híbridos plug-in e 55,4 mil híbridos. Isso se dá pelo janeiro-outubro, dominado pelos 100% elétricos. No entanto, os híbridos e híbridos plug-in já voltaram a recuperar terreno.

Na comparação entre 2023 e 2024, a participação de híbridos e híbridos plug-in deu salto de 3,4% para 4,5%. Já os elétricos passaram de 0,9% para 2,5%.

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