Mercado automotivo

O Brasil entrou no radar das fabricantes chinesas de automóveis há cerca de três anos. Os planos ousados incluem bilhões em investimentos, novas fábricas e uma abordagem quase obrigatória ao segmento de carros híbridos e elétricos. Muitas marcas já têm operações robustas, mas outras ainda estão mapeando o mercado e traçando suas estratégias.

Autoesporte compilou todas as marcas chinesas que vendem — ou que irão vender — no Brasil para analisar cada uma. Mesmo fabricantes que já estão estabelecidas preparam novidades para os próximos anos. Acompanhe a lista organizada em ordem alfabética.

BYD

Já consolidada no Brasil como importadora, a BYD agora busca agilizar o início da operação de sua fábrica em Camaçari (BA), que é alvo de polêmicas recentes envolvendo maus-tratos a trabalhadores chineses.

Os primeiros carros nacionais serão da família de SUVs híbridos Song, mas há a intenção de construir modelos totalmente elétricos no futuro. Um centro de desenvolvimento e pesquisa também será inaugurado para auxiliar na regionalização dos próximos carros. Na parte dos veículos importados, a BYD vai apostar nas submarcas Denza e Yangwang.

Até o fechamento do mês de outubro, de acordo com a Fenabrave, que é a associação que representa as concessionárias, a BYD vendeu 58.456 carros no Brasil em 2024 e ocupa o 10º lugar no ranking geral dos mais emplacados por fabricante.

Caoa Chery

A Caoa investiu R$ 3 bilhões na expansão de sua fábrica em Anápolis (GO) a partir de 2023, onde são produzidos os SUVs de sua joint-venture com a Chery. A instalação será ampliada em mais de 36 mil m² e receberá parte do maquinário que pertencia à Ford. Novos modelos ainda não foram anunciados pela marca, que continua apostando no disputado segmento de SUVs médios. Em 2024, a Caoa Chery vendeu 50.398 carros e está logo atrás da BYD no ranking, portanto, 11º lugar.

GAC

Diferentemente das rivais, a GAC Motors vai apostar em carros sem eletrificação — Foto: André Paixão/Autoesporte
Diferentemente das rivais, a GAC Motors vai apostar em carros sem eletrificação — Foto: André Paixão/Autoesporte

Eis que chegamos à primeira novata, a GAC Motor. A fabricante chinesa confirmou a venda de sete modelos e anunciou investimentos de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões) no Brasil a partir de 2025. O aporte ainda não foi detalhado, mas certamente prevê a instalação da rede de concessionárias e adaptação dos produtos. Diferente das outras fabricantes, a GAC não pretende focar apenas em carros híbridos e elétricos e vai lançar seus primeiros carros a partir do primeiro semestre do ano que vem.

Geely

Lembra dela? A Geely vai retornar ao Brasil em 2025 — Foto: Divulgação
Lembra dela? A Geely vai retornar ao Brasil em 2025 — Foto: Divulgação

A Geely já esteve no Brasil há mais de dez anos como parceira do Grupo Gandini, vendendo carros chineses baratos. Agora, a fabricante chega de forma independente e deve oficializar o retorno em meados do primeiro semestre de 2025. Autoesporte apurou que um SUV médio já foi escolhido para este ‘comeback’ e tem modelos da BYD na mira. Vale lembrar que a Geely é a segunda maior fabricante chinesa, atrás apenas de BYD e Saic.

GWM

GWM Haval H4 está nos planos da marca para o Brasil — Foto: Divulgação/GWM
GWM Haval H4 está nos planos da marca para o Brasil — Foto: Divulgação/GWM

Como a BYD, a GWM permanece focada em iniciar a produção nacional em Iracemápolis (SP). O plano da fabricante chinesa é anunciar as vendas do Haval H6 produzido no arranjo CKD no primeiro semestre de 2025, que é quando o carro vem todo desmontado e a montagem é feita no país. Outros carros estão no cronograma para o ano que vem, como Autoesporte repercutiu recentemente. Um eles será o inédito Haval H4, um SUV híbrido que deve custar menos de R$ 200 mil. Em 2024, a GWM emplacou um total de 23.452 modelos e ocupa o 13º lugar no ranking geral dos mais vendidos.

JAC Motors

Sem intenção de abrir uma fábrica — por mais que isso já tenha sido pauta na empresa — a JAC Motors desistiu de vender apenas carros elétricos. O objetivo é expandir mercado com a picape diesel Hunter, que chega como uma alternativa aos modelos convencionais como Toyota Hilux e Chevrolet S10. Veículos elétricos continuam no cronograma, mas Sérgio Habib, presidente da JAC Motors no Brasil, projetou que este segmento irá “desmoronar” nos próximos anos.

Leapmotor

Leapmotor T03 será lançado no Brasil em 2025 — Foto: André Schaun/Autoesporte
Leapmotor T03 será lançado no Brasil em 2025 — Foto: André Schaun/Autoesporte

A Leapmotor chega ao Brasil com o respaldo da Stellantis. Isso porque as fabricantes são parceiras no mercado chinês, o que deu prioridade à dona da Fiat para cuidar da operação por aqui. Os primeiros carros serão lançados no primeiro semestre de 2025, atacando principalmente o mercado de elétricos de entrada. Inclusive, existem indícios de que o primeiro carro elétrico nacional da Stellantis terá sua base técnica compartilhada com a Leapmotor.

MG Motor

MG4 será o rival elétrico do Golf GTI — Foto: Divulgação
MG4 será o rival elétrico do Golf GTI — Foto: Divulgação

No início deste ano, trouxemos a notícia de que a Morris Garage — ou simplesmente MG — estudava retornar ao Brasil para apostar em carros híbridos e elétricos. A fabricante já vendeu seus veículos por aqui em meados de 2013 com a intermediação de um importador, mas a parceria não deu resultado. Por mais que Autoesporte tenha ouvido sobre “um cenário desfavorável”, a MG pretende entrar no mercado em 2025. Alguns carros já iniciaram o processo de homologação, como o MG4.

Neta

Estreante no Brasil, Neta enfrenta problemas financeiros graves na China — Foto: Divulgação
Estreante no Brasil, Neta enfrenta problemas financeiros graves na China — Foto: Divulgação

A Neta vive um período turbulento. Poucos meses após sua apresentação oficial no Brasil durante o Festival Interlagos, a fábrica da China foi paralisada pela baixa demanda. Executivos ligados à marca garantiram que a operação continuará normalmente, sem risco de desabastecimento. Por fim, a Neta continua em busca de um parceiro local para a montagem CKD de seus veículos. Nos resta aguardar…

Omoda Jaecoo

Apresentada no Brasil em 2023, a Omoda Jaecoo só vai iniciar suas operações comerciais em 2025 — Foto: Cauê Lira/Autoesporte
Apresentada no Brasil em 2023, a Omoda Jaecoo só vai iniciar suas operações comerciais em 2025 — Foto: Cauê Lira/Autoesporte

A Omoda Jaecoo tinha o objetivo de iniciar suas vendas em 2024, mas o cronograma passou por reajustes. Segundo Felipe Amaral, head de estratégia de vendas e desenvolvimento de rede da Omoda Jaecoo no Brasil, uma conjunção de fatores causou o atraso. A marca encontrou dificuldades logísticas (como a escolha de portos e locais de estoque e distribuição) e uma demora fora do comum na nomeação da rede de concessionárias. Assim, o início das vendas ficou para 2025, a começar pelo SUV médio Jaecoo J7.

Polestar

Divisão de esportivos da Volvo  deve chegar ao Brasil no primeiro semestre de 2025 — Foto: Divulgação
Divisão de esportivos da Volvo deve chegar ao Brasil no primeiro semestre de 2025 — Foto: Divulgação

A Polestar, que pertence à chinesa Geely — também dona da Volvo —, é mais uma fabricante a confirmar presença no Brasil. A rival da Tesla venderá apenas carros elétricos e vai oferecer aos clientes a chance de customizar e comprar os modelos de forma online.

A Polestar nasceu no ramo de competições e depois virou divisão esportiva da Volvo. Hoje, é uma marca independente do grupo focada em veículos elétricos de alta performance. Nenhum modelo foi confirmado para o Brasil até o momento, mas isso deve acontecer entre 2025 e 2026.

Riddara

Riddara RD6 é a nova picape elétrica do mercado brasileiro — Foto: Divulgação
Riddara RD6 é a nova picape elétrica do mercado brasileiro — Foto: Divulgação

O Grupo Geely é proprietário da Riddara, uma marca focada em picapes. Após o lançamento da caminhonete elétrica RD6, que terminou sua fase de homologação e deve ser apresentada nos próximos meses, a fabricante chinesa pretende consolidar a sua operação ao expandir para o interior do Brasil.

Wuling

Marca chinesa pode chegar ao Brasil em parceria com a General Motors — Foto: André Paixão/Autoesporte
Marca chinesa pode chegar ao Brasil em parceria com a General Motors — Foto: André Paixão/Autoesporte

Autoesporte apurou que a General Motors deve trazer carros elétricos chineses da Wuling para o Brasil, num arranjo semelhante ao da Stellantis com a Leapmotor. Vale lembrar que as duas empresas, junto com a Saic, possuem uma joint-venture formada há mais de 20 anos.

A estratégia seria aproveitar o embalo dos veículos chineses como uma forma de transição, até os primeiros carros elétricos nacionais surgirem em meados de 2030. Entretanto, os planos da GM para a Wuling ainda são embrionários. De todas as fabricantes da lista, a parceira da GM é a única que pode estrear depois de 2025.

Zeekr

Por fim, a Zeekr (outra que pertence à Geely) começou a vender seus carros elétricos de luxo no Brasil em 2024, o X e o 001. O objetivo é oferecer uma abordagem premium para concorrer com Audi, BMW e Mercedes-Benz, mas por valores mais convidativos. Autoesporte pode dizer com exclusividade que o plano de expansão da Zeekr inclui a venda de veículos da Lynk & Co, que podem pintar por aqui em 2025.

A presença de empresas chinesas no Brasil só aumenta. Considerando que Omoda e Jaecoo são marcas diferentes e que a Zeekr também pretende vender carros da Lynk & Co, teremos 16 fabricantes chinesas em atividade no país a partir do ano que vem.

Resta saber se a chamada invasão chinesa não é "fogo de palha". Não faltam exemplos de marcas que surgiram no Brasil cheias de promessas e abandonaram suas operações após a baixa aceitação. O caso mais recente é o da Seres, que durou menos de um ano.

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