Já faz meses que Autoesporte vem antecipando que a Volkswagen prepara para o Brasil uma família com dois SUVs que serão os primeiros híbridos flex nacionais da marca. Conforme nossas apurações, os dois SUVs não terão porte compacto, mas sim médio, usando uma plataforma que a própria fabricante chama de MQB Hybrid.
Esse nome é, na verdade, uma forma simplificada de se referir a uma matriz conhecida internamente pelos engenheiros da marca como MQB 37. Estamos falando da primeira geração da arquitetura modular, muito conhecida no Brasil por sua estreia com o Golf de sétima geração. Lançada globalmente em 2012, ao longo dos anos esta matriz foi desmembrada em diferentes ramificações, mais avançadas ou mais simples do que a original.
Em 2016, a Volkswagen lançou uma espécie de “segunda geração” da MQB, fragmentando-a em três diferentes linhagens: a MQB A0, simplificada, que dá vida a modelos nacionais como Polo, Nivus, Virtus, T-Cross e os futuros projetos Tera e Udara; a MQB A1, que nada mais é do que a própria MQB 37, usada na América do Sul pelo Taos (produzido na Argentina) e pelo Jetta (importado do México); e a MQB A2, maior e mais sofisticada, que dá vida ao nosso atual Tiguan Allspace.
Três anos mais tarde, chegou à Europa a MQB Evo, com novos padrões de rigidez e segurança da carroceria e uma arquitetura elétrica mais robusta para equipar veículos híbridos e dotados de segurança ativa (Adas) mais avançada. Está presente nos Tiguan e Tiguan Allspace (também conhecido como Tayron) de terceira geração e no Golf de oitava geração – o mesmo que será lançado no Brasil em 2025 na versão esportiva GTI.
Quando a Volkswagen confirmou investimento bilionário para fazer dois carros híbridos no Brasil até 2028, em São Bernardo do Campo (SP), também anunciou uma plataforma chamada MQB Hybrid e apontou para a produção de um novo motor e um novo câmbio em São Carlos (SP). Em julho de 2024, o Autocar India publicou que a empresa alemã desenvolvia para o país asiático, e para o nosso mercado, uma nova arquitetura para veículos híbridos chamada MQB A0 37.
Autoesporte foi a fundo na história e apurou que a base se chama, na verdade, apenas MQB 37, e é nada mais que a plataforma do Golf de sétima geração e do Taos. Ou seja, é voltada para modelos de porte intermediário e não compactos. Estes continuarão a usar a matriz MQB A0 no Brasil enquanto a legislação de segurança permitir.
A grande novidade nos híbridos flex nacionais da Volkswagen é que a matriz MQB 37 será atualizada pela companhia para aceitar a arquitetura elétrica mais robusta da base MQB Evo, especialmente para comportar itens de segurança ativa e conectividade mais modernos sem precisar seguir o mesmo nível de padrão de rigidez dos aços.
O motor será o 1.5 TSI Evo2, que permite desde o uso sem qualquer tipo de eletrificação, com 150 cv, até configurações híbridas leves (MHEV) de 48V, híbridas plenas (HEV), ainda sem potência declarada, e plug-in (PHEV) com 204 cv ou 272 cv. Ou seja, será uma motorização versátil para aplicação em híbridos de diferentes tipos, portes e faixas de preço.
Junto a ele chegará um novo câmbio automático de oito marchas da Aisin, chamado AQ300, que deve equipar os veículos apenas a combustão. Ainda não se sabe se os híbridos mais sofisticados usarão essa caixa ou a conhecida DSG automatizada de dupla embreagem com sete marchas, mais apropriada a veículos eletrificados.
Tudo isso significa que os dois primeiros híbridos flex nacionais da Volkswagen devem ser produtos de porte médio, e não compacto, sempre com motor 1.5 TSI Evo2. Já os produtos MQB A0, como T-Cross e Udara, possivelmente adotarão esse mesmo propulsor no lugar do atual 1.4 TSI, com câmbio automático de oito marchas em versões sem eletrificação e prováveis configurações híbridas leves.
Nos compactos da base MQB A0 equipados com motor 1.0 TSI, a caixa automática seguirá de seis marchas (AQ160 ou AQ200). Há a chance de termos também versões híbridas leves de 48V. O recente flagra de um misterioso protótipo do Polo dá pistas sobre o desenvolvimento desse conjunto híbrido leve para a família de compactos da Volkswagen.
Quando chegam os híbridos flex nacionais da Volkswagen?
Voltando a falar dos futuros híbridos flex nacionais de porte médio da Volkswagen, com base MQB 37 ou MQB Hybrid, a chegada desses produtos deve acontecer entre 2027 e 2028, colocando um enorme ponto de interrogação em relação ao futuro do Taos.
Fabricado na Argentina, o SUV médio foi atualizado recentemente na América do Norte, mas não há previsão de que essa mesma reestilização seja aplicada à versão sul-americana. Assim, a nova família MQB Hybrid pode incluir um sucessor direto ou até uma nova geração do próprio Taos.
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