Indústria automotiva

Honda e Nissan confirmaram uma fusão a partir de 2026 com o objetivo de garantir a sobrevivência de ambas. A união entre as duas companhias deve melhorar a competitividade da dupla em um mercado cada vez mais desafiador, muito em decorrência das rivais chinesas. Além delas, a Mitsubishi, que já tem uma aliança com a Nissan, avalia entrar no negócio e deve anunciar a decisão até o final de janeiro.

Se bem-sucedida, a fusão entre Honda e Nissan pode ser finalizada até 2026, com a Honda devendo nomear a maioria dos diretores e o presidente da nova empresa. A entidade resultante se tornaria uma empresa de US$ 50 bilhões, tornando-se a terceira maior montadora do mundo em volume de vendas, atrás apenas da Toyota e do grupo Volkswagen.

Em comunicado conjunto, as empresas elencaram sete sinergias esperadas da integração empresarial, que passam por redução de custos, otimização da produção e eficiência operacional.

Quando vai acontecer?

A partir do anúncio desta segunda, foi estabelecido um cronograma para que a fusão se concretize. Confira:

  • Janeiro de 2025 - resposta da Mitsubishi sobre aderir à fusão de Honda e Nissan;
  • Junho de 2025 - definição do plano de transferência de ações e execução do acordo de integração empresarial;
  • Abril de 2026 - assembleias nas empresas para aprovação da transferência de ações;
  • Julho/Agosto de 2026 - saída das empresas da Bolsa de Valores de Toquio
  • Agosto de 2026 - Transferência das ações e criação da holding

Além do cronograma, as duas empresas listaram sete pontos chave que a fusão pode trazer. Confira:

1. Mesma base, mais volume

Honda e Nissan competem em vários segmentos; ideia é padronizar plataformas para cortar custos — Foto: Bruno Guerreiro
Honda e Nissan competem em vários segmentos; ideia é padronizar plataformas para cortar custos — Foto: Bruno Guerreiro

A ideia é padronizar as plataformas de veículos das empresas em vários segmentos com a ideia de criar produtos mais fortes, reduzir custos, aumentar a eficiência do desenvolvimento e dos investimentos por meio de processos de produção padronizados.

Elas também querem com isso aumentar as vendas e os volumes operacionais, permitindo que as empresas reduzam os custos de desenvolvimento por veículo. Outra vantagem seria ter uma marca atuando em demandas de mercado que não tem hoje, por exemplo, a Honda poderia ter uma picape média com a plataforma Frontier.

2. Melhoria da capacidade de desenvolvimento

Com este ponto, Honda e Nissan querem aprofundar seus processos de pesquisa e desenvolvimento conjuntos, reduzindo custos e tempo de criação. As duas já têm um acordo para a criação de softwares, mas a ideia é expandir a parceria para outras áreas.

3. Otimização das fábricas

As empresas preveem que a otimização de suas fábricas e instalações de serviços de energia, combinada com uma colaboração aprimorada por meio do uso compartilhado de linhas de produção, resultará em uma melhoria substancial na utilização da capacidade, levando a uma redução nos custos fixos.

Apesar de novidades como o Kicks, vendas globais da Nissan estão em queda — Foto: Divulgação/Nissan
Apesar de novidades como o Kicks, vendas globais da Nissan estão em queda — Foto: Divulgação/Nissan

4. Melhores condições de compras

Comprando as mesmas peças de um mesmo fornecedor para as duas marcas, o objetivo é também reduzir os custos com as aquisições conjutas.

5. Mais eficiência operacional

As empresas esperam que a integração de sistemas e operações admistrativas, juntamente com a atualização e padronização dos processos operacionais, gerem reduções significativas de custos. Nesse caso, a ideia da Nissan é conseguir uma cooperação entre empresas maior que acontece atualmente na aliança com a Renault, por exemplo.

6. Vantagens de escala em finanças de vendas

A união das empresas vai integrar áreas relevantes das funções de financiamento de vendas e expandir a escala de operações. Com isso, as montadoras pretendem fornecer soluções de mobilidade, incluindo novos serviços financeiros durante todo o ciclo de vida do veículo.

7. Base de inteligência e eletrificação

Os recursos humanos serão unificados com a integração empresarial. Espera-se com isso um aumento das trocas de funcionários e da colaboração técnica entre as empresas.

Renault diz estar ciente

Com a Honda, Nissan ficaria livre para deixar problemática aliança com a francesa Renault — Foto: Getty Images
Com a Honda, Nissan ficaria livre para deixar problemática aliança com a francesa Renault — Foto: Getty Images

Tão logo saiu o anúncio de união, a Renault, principal acionista da Nissan, disse em nota estar ciente e que estuda as ações que vai tomar daqui para frente. Leia na íntegra:

"O Grupo Renault tem conhecimento dos anúncios feitos hoje pela Nissan e pela Honda, que ainda estão em estágio inicial. Como principal acionista da Nissan, o Grupo Renault considerará todas as opções com base no melhor interesse do Grupo e de seus stakeholders. O Grupo Renault continua a implementar sua estratégia e a lançar projetos que criem valor para o Grupo, incluindo projetos já lançados dentro da Aliança."

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