Após defender a retomada integral do imposto de importação para carros híbridos e elétricos, a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também pede o reajuste da alíquota para modelos feitos no Brasil nos arranjos CKD e SKD. A declaração é de Márcio de Lima Leite, presidente do órgão, durante o Congresso AutoData Perspectivas 2025. A pauta será analisada no governo.
Se o pedido se concretizar, veículos eletrificados produzidos no Brasil com kits CKD (totalmente desmontados) e SKD (parcialmente desmontados) teriam o imposto reajustado dos atuais 18% e 16%, respectivamente, para 35%. Neste arranjo de produção, os componentes de um veículo são construídos em outros países, e as fábricas brasileiras apenas executam a montagem com baixo — ou até nenhum — nível de nacionalização.
As alíquotas atuais para carros CKD e SKD são válidas até 2028. Agora cabe à Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidir pela antecipação do valor integral. Há quem defenda um imposto ainda maior que os 35%, como o presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad, afirmou no Congresso AutoData.
Tal decisão afetaria principalmente as marcas chinesas que começam a se estabelecer no Brasil, como a BYD em Camaçari (BA) e a GWM em Iracemápolis (SP). A Caoa Chery, que produz carros CKD em Anápolis (GO) desde 2018, também entra na lista.
Outra empresa afetada seria a Comexport, que recentemente adquiriu a antiga fábrica da Troller em Horizonte (CE). O objetivo é servir de “barriga de aluguel” para a montagem de kits CKD e SKD, característica que despertou o interesse de empresas chinesas como Omoda Jaecoo e Neta. Até o momento, nenhum acordo foi assinado.
Os arranjos CKD e SKD oferecem vantagens aos fabricantes. Primeiro, os processos de montagem são mais simples em comparação com carros produzidos do zero, exigindo investimentos menores. Não é necessário desenvolver uma cadeia de fornecedores locais ou adequar maquinário a processos modernos.
Também há flexibilidade logística, pois é possível ajustar o volume de produção de acordo com a demanda do mercado. Por fim, a maior vantagem dos CKDs e SKDs é a atual redução de impostos.
Aumento do imposto de importação
O novo pedido da Anfavea sobre CKDs e SKDs é um complemento ao plano que tem sido defendido pela indústria desde 2023. Com a ascensão das marcas chinesas, as associadas pedem a retomada imediata do imposto de 35% para a importação de veículos híbridos e elétricos no Brasil.
Este imposto, zerado em 2015 pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), voltou a ser cobrado de forma progressiva a partir de 2024. Outros dois reajustes estão previstos para 2025 e 2026, quando a alíquota de importação voltará a ser de 35%, independentemente do nível de eletrificação.
Imposto de importação para carros elétricos e híbridos
Janeiro de 2024 | Julho de 2024 | Julho de 2025 | Julho de 2026 | |
Híbridos | 12% | 25% | 30% | 35% |
Híbridos plug-in | 12% | 20% | 28% | 35% |
Elétricos | 10% | 18% | 25% | 35% |
Representada pela Anfavea, a indústria fala sobre o início de um processo de oxigenação da cadeia produtiva nacional. Já a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), que tem defendido as marcas chinesas, diz que a retomada imediata do imposto seria “uma lamentável quebra de regras”. Este cabo de guerra vem acontecendo em outras partes do mundo, como Estados Unidos e Europa.
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