O brilhante jornalista Nelson Rodrigues ficou conhecido, dentre outras coisas, pela frase: “toda unanimidade é burra”. Mas ele não conheceu a Honda CG e o sucesso que ela fez e faz no Brasil até hoje. A Honda CG não é somente a moto mais vendida do Brasil, ela é o veículo mais comercializado no país: já foram mais de 14 milhões de unidades vendidas desde o seu lançamento em setembro de 1976 e isso só prova que continua sendo uma ótima escolha.
Mas o que faz da CG uma moto tão desejada? É o que a gente vai responder neste guia de compras sobre a moto mais emplacada do Brasil.
Versões
A Honda CG começou a ser fabricada no Brasil há quase 48 anos com motor de 125 cilindradas e recebeu melhorias ao longo do tempo. Passou dos freios a tambor para disco, teve motor de 150 cm³ e atualmente é carregada por um monocilindro de 160 cm³ desde a versão de entrada até a topo de linha. O que faz dela uma opção para diversos tipos de motociclistas, além do preço, é a quantidade de versões. O portfólio da CG engloba três versões para piloto e garupa e uma para quem utiliza a moto para transporte de carga.
Honda CG 160 Start - R$ 14.360
A configuração Start é a mais barata e menos equipada. Apesar de ter o mesmo motor de 160 cilindradas, ela tem 14,9 cv de potência e 1,40 kgfm de torque, o que resulta em 0,2 cv e 0,14 kgfm de torque a menos que as demais versões. Ela também tem o menor tanque de combustível, com 14,6 litros, 1.500 ml a menos que as configurações Fan, Titan e Cargo e não é flex. O câmbio manual de cinco marchas está presente nas quatro configurações da Honda CG 160.
Os freios da CG Start também deixam a desejar, e por isso alguns motociclistas podem reclamar de sua eficiência. Tanto a roda dianteira quanto a traseira carregam a ultrapassada tecnologia de freio a tambor e as rodas são raiadas, enquanto as demais possuem rodas de liga leve e freio a disco na roda da frente. Porém, todas as versões da CG já contam com o CBS (Combined Brake System, ou sistema de freio combinado) que, ao acionar o pedal, automaticamente distribui toda a força de frenagem para as duas rodas.
E não é só na parte técnica que a CG Start tem defasagem, na estética ela é bem mais simples, lembrando os primórdios da moto no Brasil. Faltam adesivos e carenagens que tornam as outras versões mais vistosas. Ainda assim, é uma boa moto de entrada pela confiabilidade mecânica, que falaremos à frente.
Honda CG 160 Cargo - R$ 15.660
Se tem uma moto que encara de tudo, essa é a Honda CG Cargo, que tem à disposição um bagageiro cromado — no lugar onde iria um garupa — com capacidade para até 20 kg. Com ele, é possível carregar cargas avulsas ou instalar um baú. A diferença de preço dela para a Start é de apenas R$ 1.300, mas o que as distingue é a proposta. Enquanto a Start tem a pretensão de ser uma moto para quem está entrando no mundo sobre duas rodas, a Cargo é destinada para uso profissional.
As distinções técnicas estão no motor de 160 cm³, que nas versões Cargo, Fan e Titan oferece mais potência que na Start. As três dispõem de 15,1 cv e 1,54 kgfm de torque e seus tanques são de 16,1 litros. E, como falamos, as rodas são de liga leve e a da frente ostenta freio a disco.
Honda CG 160 Fan - R$ 15.750
A configuração Fan agrega carenagem no tanque, trazendo um ar mais esportivo para o modelo. Esta versão intermediária conta com a mesma configuração mecânica e por R$ 90 a mais que a Cargo, você poderá ter uma moto para desfilar pela cidade.
Honda CG 160 Titan - 17.100
O que separa a Fan da Titan em termos financeiros é uma quantia considerável de R$ 1.350. Esse valor se traduz em itens a mais, mas apenas estéticos, como: carenagem maior no tanque de combustível, alça do garupa em alumínio com desenho diferente e painel digital com fundo escuro (Blackout), enquanto os outros modelos possuem painel digital com fundo azulado. Talvez seja um valor bastante elevado por itens que não farão tanta diferença no seu dia a dia, pois o conjunto motriz, suspensão, freios, pneus, quadro e rodas são absolutamente iguais aos das versões Cargo e Fan.
Pós-venda
A Honda CG 160 sai de fábrica com três anos de garantia sem limite de quilometragem. O óleo do motor é gratuito da 4ª até a 10ª revisão, mas o consumidor precisa pagar os 1,2 litro de óleo nas três primeiras manutenções na oficina da concessionária. Confira abaixo o valor dessas revisões:
Valores das revisões para cada versão da Honda CG
Revisão | Honda CG 160 Start | Honda CG 160 Cargo, Fan e Titan |
1ª revisão (mil km ou 6 meses) | R$ 111 | R$ 111 |
2ª revisão (6 mil km ou 12 meses) | R$ 111 | R$ 111 |
3ª revisão (12 mil km ou 18 meses) | R$ 374,98 | R$ 502,81 |
4ª revisão (18 mil km ou 24 meses) | R$ 337,87 | R$ 367,26 |
5ª revisão (24 mil km ou 30 meses) | R$ 645,59 | R$ 722,58 |
6ª revisão (30 mil km ou 36 meses) | R$ 175,67 | R$ 175,67 |
7ª revisão (36 mil km ou 42 meses) | R$ 552,42 | R$ 629,41 |
Mas a verdade é que a maioria dos motociclistas foge das concessionárias por conta dos preços das peças e da mão de obra, que costumam ser mais altos nas revendedoras do que nas oficinas independentes. Por isso, é sabido que muitos optam pelas oficinas de confiança quando a garantia acaba e uma coisa é certa: peças para Honda CG são quase tão fáceis de encontrar quanto pão em uma padaria.
Por ser o veículo mais vendido do Brasil há quase meio século, carregar a confiabilidade da marca e por ter um projeto já estabelecido no país há tantos anos, a facilidade para encontrar peças paralelas e originais em sites e em lojas físicas é enorme. E os preços são variados, vale a pena fazer consultas mais detalhadas para adquirir uma peça original e evitar dores de cabeça.
Assim, podemos resumir que partir para uma Honda CG 160 é a compra mais racional que alguém pode fazer quando o assunto é motocicleta de confiança, com baixo custo de manutenção, desempenho na média e ótima economia de combustível (que pode chegar aos 40 km/l). E parece que o brasileiro e os registros de vendas discordam um pouco daquela afirmação de Nelson Rodrigues quando se fala de Honda CG: ela é uma unanimidade bem racional.
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