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Por Raphael Panaro

O Jeep Compass é um fenômeno. Esta é a melhor definição para resumir a história do SUV médio no Brasil desde o lançamento de sua segunda e atual geração (que passou a ser produzida no país em setembro de 2016. De lá para cá, são mais de 300 mil unidades vendidas e liderança do segmento de utilitários esportivos médios pelo sétimo ano consecutivo. E mais: por duas vezes, em 2017 e 2018, o Compass alcançou o posto de SUV mais vendido do país no geral, superando modelos mais baratos do segmento compacto. O que explica tal êxito?

Antes, no entanto, vale explicar que o Compass teve uma primeira geração vendida por aqui. Foi lançada em 2006 nos Estados Unidos e importada ao Brasil somente seis anos depois (já reestilizado), em 2012. Era feito até então pela Daimler Chrysler em parceria com a Mitsubishi à época.

Tinha plataforma compartilhada com carros da marca japonesa, como ASX e Lancer. Chegou com motor 2.0 de 156 cv e câmbio automático do tipo CVT. Foi um retumbante fracasso. Três anos depois e apenas pouco mais de três mil unidades vendidas, se despediu do mercado. Até que um ano depois...

Jeep Compass de primeira geração não deixou nenhuma saudade — Foto: Divulgação
Jeep Compass de primeira geração não deixou nenhuma saudade — Foto: Divulgação

Da água para o vinho

Com RG brasileiro – fabricado em Goiana (PE) –, o Compass de segunda geração totalmente remodelado e já sob a batuta do Grupo Fiat Chrysler (FCA), foi o produto certo na hora certa. Em 2016, o segmento que trazia Hyundai Tucson, Kia Sportage, Mitsubishi Outlander, por exemplo, necessitava de uma novidade.

O espaço, a dinâmica, o estilo e, principalmente, o custo-benefício (relação do preço versus o que entrega) são algumas das explicações para o sucesso instantâneo – sem falar, claro, na explosão do segmento de SUVs ao redor do planeta. Nem mesmo o péssimo consumo de combustível fez o volume de vendas diminuir.

O Jeep Compass nacional chegou ao Brasil no final de 2016 por iniciais... R$ 99.990 (acredite!) e com duas motorizações: 2.0 flex (Tigershark) de até 166 cv e uma turbodiesel de 170 cv (com câmbio automático de nove marchas – mesmo conjunto do Renegade, que estreou um ano antes). A configuração mais cara era tabelada em R$ 150 mil, a Trailhawk. Naquele ano, o SUV emplacou exatas 6.599 unidades e ocupou a 12ª posição na categoria de SUVs.

Jeep Compass Longitude turbodiesel — Foto: Marcos Camargo/Autoesporte
Jeep Compass Longitude turbodiesel — Foto: Marcos Camargo/Autoesporte

Mas foi nos anos seguintes que o Compass começou a brilhar. No primeiro ciclo completo de vendas, em 2017, o modelo não só arrebatou a liderança entre os médios, mas também se tornou o mais vendido no ranking geral do SUVs, com 49.187 carros – desbancando até os compactos, como o Honda HR-V, vice-campeão à época. Naquele ano, a Jeep também trouxe algumas atualizações em série para o modelo. Em julho, veio o sistema start/stop, integração com Android Auto e Apple Carplay e uma nova versão de entrada com motorização diesel, a Limited.

Em setembro, a primeira série especial: Sport, que mesclava o motor 2.0 flex com tração 4x4 e transmissão automática de nove marchas (até então restrita à opções diesel). No mês seguinte, outra edição especial foi lançada. A Night Eagle, baseada na Longitude, chegou com uma pegada esportiva e visual all black. Tinha também equipamentos inéditos, como som premium Beats, faróis de xenônio com acendimento automático, sensor de chuva e espelho retrovisor eletrocrômico.

Já na edição 2017 do Carro do Ano Autoesporte, prêmio mais importante e relevante da indústria automobilística nacional, o Compass concorreu com nomes de peso, como Chevrolet Cruze, Nissan Kicks, Honda Civic e Fiat Mobi. Na ocasião, o Jeep perdeu para o sedã japonês, que ficou com o título.

Jeep Compass - Histórico de vendas

Ano Unidades Ranking (SUVs em geral)
2016 6.599 12° lugar
2017 49.187 1° lugar
2018 60.284 1° lugar
2019 60.361 2° lugar
2020 52.966 3° lugar
2021 70.906 2° lugar
2022 63.564 3° lugar
2023 59.106 4° lugar

Em 2018, o panorama se repetiu e o Compass vendeu ainda mais. Registrou mais de 60 mil emplacamentos (60.284 para ser mais exato), liderando o segmento geral de SUVs e deixando o Hyundai Creta para trás.

A lua de mel com os consumidores brasileiros continuou em 2019. Tudo bem que o Compass perdeu o posto de SUV mais vendido no Brasil naquele ano para seu irmão menor, o Renegade, que vendeu 68.726 unidades, contra 60.361 do Compass. Mesmo assim, ficou em segundo lugar do ranking geral (e abocanhou o tricampeonato entre os SUVs médios).

Naquele mesmo ano, surgiu uma nova configuração, a Série S, que adicionava diversos itens de tecnologia de segurança, como piloto automático adaptativo, alerta de colisão frontal com frenagem automática, monitoramento de mudança involuntária de faixa e de ponto cego, e sistema de estacionamento semiautomático. Tinha apenas motor diesel e já custava perto dos R$ 190 mil.

A dobradinha se repetiu em 2021 e o Compass novamente fechou o período com a medalha de prata do segmento. Mas com uma conquista: 70.906 unidades saíram das lojas (melhor número de vendas do modelo em um único ano até hoje). O motivo? A primeira mudança profunda na linha. Em maio daquele ano, além da reestilização, o Jeep aposentou o motor 2.0 flexível aspirado e passou a vir equipado com o quatro cilindros 1.3 turboflex de até 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque. As opções diesel foram mantidas.

Jeep Compass teve sua primeira mudança profunda em 2021: facelifit e novo motor turbo — Foto: André Paixão/Autoesporte
Jeep Compass teve sua primeira mudança profunda em 2021: facelifit e novo motor turbo — Foto: André Paixão/Autoesporte

A reestilização tinha dois objetivos: manter, claro, o Compass fresco e, de certa forma, conter a concorrência pesada. Afinal, rivais importantes estavam chegando, como o Toyota Corolla Cross e o Volkswagen Taos. O companheiro de marca, Renegade, voltou a ser o campeão de vendas da categoria, com impressionantes 73.913 emplacamentos – tirando o VW T-Cross da posição de destaque. Só que a concorrência já começava a correr atrás do prejuízo.

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Sem esquecer 2020, ano sem novidades na gama e começo da pandemia da Covid-19, com queda geral do mercado brasileiro de automóveis. Ali, o Compass caiu para a terceira posição entres os mais vendidos. Mesmo assim, catalogou 52.966 licenciamentosVolkswagen T-Cross e Jeep Renegade, primeiro e segundo, respectivamente, fecharam à frente do Jeep.

Jeep Compass 4xe é a opção mais cara da linha e vem importado da Itália — Foto: Divulgação
Jeep Compass 4xe é a opção mais cara da linha e vem importado da Itália — Foto: Divulgação

Sustentável?

Em 2022, o SUV manteve o patamar de vendas, com 63.564 unidades – liderança absoluta entre os médios e terceiro lugar no ranking geral – só atrás de Chevrolet Tracker e VW T-Cross. A novidade é a inédita versão híbrida plug-in, a 4xe. Importada da Itália, a configuração aposta no consumo ao fazer 25 km/l e rodar 44 km no modo elétrico. O preço, no entanto, é o mais alto da linha: atuais R$ 347.300.

No ano passado, o Compass voltou aos patamares e 2019 e 2020, registrando 59.106 vendas e quarto lugar no ranking geral (atrás de VW T-Cross, Chevrolet Tracker e Hyundai Creta). Ainda sim, é o sétimo ano consecutivo como o SUV médio mais vendido no Brasil – Corolla Cross e Taos não aparecem nem no retrovisor...

Jeep Compass tem acabamento com materiais  de boa qualidade e é referência  no segmento — Foto: André Paixão/Autoesporte
Jeep Compass tem acabamento com materiais de boa qualidade e é referência no segmento — Foto: André Paixão/Autoesporte

O Jeep Compass faturou diversos prêmios de Autoesporte, como o Qual Comprar. O último deles na edição 2023, na categoria SUV médio. As explicações são o desenho bem resolvido, tamanho adequado para uso urbano e familiar e custos de manutenção e seguro competitivos.

Com altos volumes de venda vêm grandes... responsabilidades. O Jeep é um dos SUV mais roubados no estado de São Paulo, segundo levantamento da empresa de monitoramento e seguros Ituran.

Em 2024, por sua vez, o Compass deve adicionar uma versão com o motor 2.0 turbo que estreou na picape Ram Rampage. A opção pode ter apelo visual esportivo, já que este propulsor traz 272 cv de potência. O SUV médio também é um dos candidatos da Stellantis para ser o primeiro híbrido do conglomerado produzido no Brasil.

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