Mercado

Por André Schaun

O Hyundai Creta foi lançado em dezembro de 2016 no Brasil e pode se orgulhar de duas coisas: nunca vendeu menos de 40 mil carros por ano e sempre ficou entre os cinco SUVs mais vendidos do país. Autoesporte relembra a trajetória deste protagonista do segmento mais disputado do mercado nacional, mesmo com o visual polêmico adotado em 2021.

O Creta foi uma das principais atrações da 29ª edição do Salão do Automóvel, em novembro de 2016. O SUV chegou com duas opções de motor: 1.6 de 130 cv, com câmbio manual ou automático, ambos de seis marchas, e 2.0 de 166 cv somente com transmissão automática. Fabricado em Piracicaba (SP) — mesmo local do HB20 com quem compartilhou o motor 1.6 —, o modelo chegou às concessionárias no início de 2017 com preços entre R$ 72.990 e R$ 99.490.

Hyundai Creta chegou ao mercado em janeiro de 2017 — Foto: Auto Esporte
Hyundai Creta chegou ao mercado em janeiro de 2017 — Foto: Auto Esporte

O foco da Hyundai era disputar mercado com os então líderes do segmento, Honda HR-V e Jeep Renegade — ambos com mais de 50 mil vendas em 2016. O Nissan Kicks também foi lançado neste mesmo ano durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Podemos considerar 2016 como o início da segunda onda de SUVs no Brasil (que só cresce até hoje).

Em 2015, a categoria representou 14,8% do total de carros novos vendidos, número que saltou para 17,9% em 2016 e tinha tendência de alta para 2017. Portanto, o Creta chegou em um momento bem propício.

Hyundai Creta foi lançado em versões com motor 1.6 e 2.0 — Foto: Auto Esporte
Hyundai Creta foi lançado em versões com motor 1.6 e 2.0 — Foto: Auto Esporte

Dimensões e equipamentos

Para desbancar os rivais, a Hyundai apostava em alguns atributos do Creta, como bom espaço interno com 2,59 m de entre-eixos: 2 cm maior que Renegade, mas 2 cm menor que o HR-V. O porta-malas era um pouco menor do que do rival japonês (437 litros), entretanto, com bons 431 llitros.

A lista de equipamentos de série também era boa. A versão de entrada, Attitude manual, oferecia rodas de liga leve de 16 polegadas, acabamento de couro na alavanca de câmbio, monitoramento de pressão dos pneus, Isofix, alarme, sistema Stop & Go, ar-condicionado, ajustes de altura e profundidade do volante, ajuste de altura banco do motorista, vidros elétricos, retrovisores elétricos e direção elétrica.

Por pouco mais de R$ 5 mil extras, a versão Pulse com o mesmo conjunto mecânico trazia acabamento de couro nos apoios de braços das portas e central, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, sinalização de frenagem de emergência, faróis de neblina e sensor de estacionamentos traseiro.

Hyundai Creta Prestige foi lançado em interior em duas cores  — Foto: Auto Esporte
Hyundai Creta Prestige foi lançado em interior em duas cores — Foto: Auto Esporte

A opção mais cara, Prestige 2.0 com câmbio automático, encostava na faixa dos R$ 100 mil, mas oferecia de série ótimos equipamentos, além de tudo que já mencionado, com destaque para: seis airbags, central multimídia com tela de 7 polegadas, compatível com Apple CarPlay e Andoroid Auto, DRL de LED, banco do motorista com ventilação, ar-condicionado digital e partida por botão.

O segmento de SUVs realmente cresceu em 2017 e a fatia total de mercado foi para 22,3% — alta de 4,4%. E o Creta fechou seu primeiro ciclo no mercado na terceira posição, com 41.625 emplacamentos, atrás apenas do HR-V (47.775) e Jeep Compass (49.187), que atingia outro público.

Em 2018, o Creta manteve um ótimo ritmo de vendas e emplacou 48.976 unidades, ficando atrás apenas do Compass novamente (60.284). Vale ressaltar que dessa vez o modelo da Hyundai foi líder entre os SUVs compactos, porém, não do segmento como um todo.

Hyundai Creta 2020 mudou o para-choque dianteiro  — Foto: Auto Esporte
Hyundai Creta 2020 mudou o para-choque dianteiro — Foto: Auto Esporte

Para 2019, o Creta passa por uma leve atualização no visual. Ficou com novos para-choques dianteiros e traseiros, e a opção mais cara da gama, a Prestige, trouxe novo design das lanternas na traseira. O modelo seguiu muito bem nas vendas, mesmo com a chegada de outros rivais, como o Volkswagen T-Cross, que oferecia motores turbo em toda a gama — algo pioneiro para o segmento na época.

No ano, foram 57.460 vendas do Creta e o 3º lugar entre os SUVs mais vendidos, atrás apenas da dupla da Jeep: Renegade e Compass.

Hyundai Creta 2020 Prestige (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Hyundai Creta 2020 Prestige (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Chega 2020 e mais um rival de peso surge: o novo Chevrolet Tracker, que também vinha equipado somente com motores turbo na gama. O HR-V também já tinha a opção de motor 1.5 turbo na versão topo de linha, a Touring. O desejo do brasileiro de ter um SUV turbinado só aumentava.

Com o crescimento dos rivais e diversas dificuldades naquele ano de 2020, muito em função do impacto que a pandemia do coronavírus causou no mercado, o Creta teve o seu pior desempenho desde o lançamento na posição do segmento: 5º lugar. Ainda assim, foram 47.757 emplacamentos.

Em 2021 houve a grade revolução do Creta no mercado brasileiro. Em agosto daquele ano, o novo Creta foi lançado com um visual muito polêmico e bem diferente das linhas mais conservadores do anterior. E finalmente recebeu motor turbo para melhor enfrentar os seus rivais. Os preços começavam em R$ 107.490 e chegavam até R$146.990.

Novo Hyundai Creta apresentado em 2021  — Foto: Bruno Guerreiro/Autoesporte
Novo Hyundai Creta apresentado em 2021 — Foto: Bruno Guerreiro/Autoesporte

O SUV veio equipado com o mesmo motor três cilindros 1.0 turbo que estreou na família HB20, lá em 2019. Não houve qualquer mudança nos números e o Creta continuou com os mesmos 120 cv e 17,5 kgfm de torque. O motor 2.0 foi mantido, assim como uma versão com o mesmo visual do Creta "antigo" e propulsor 1.6.

O SUV teve atualizações na plataforma, mas manteve a mesma do modelo anterior. O porte aumenta um pouco: são 4,30 metros de comprimento (+1 cm), 2,61 m de entre-eixos (+ 2 cm) e 1,79 m de largura (+ 1 cm). A altura permaneceu em 1,63 m. Já o porta-malas encolheu de 431 litros para 422 l.

Na parte tecnológica, o Creta trouxe diversos equipamentos, com destaque para frenagem automática de emergência e controle de cruzeiro adaptativo. Além disso, o SUV ainda ofereceu seis airbags em todas as versões, e opções com câmera 360º, central BlueNav com tela de 10,25", alerta de ponto cego, freio de estacionamento eletrônico e teto solar panorâmico, por exemplo.

Novo Hyundai Creta também causou muita polêmica na traseira — Foto: Bruno Guerreiro/Autoesporte
Novo Hyundai Creta também causou muita polêmica na traseira — Foto: Bruno Guerreiro/Autoesporte

Apesar de toda a polêmica do visual, o motor turbo e as tecnologias fizeram o Creta ter o melhor volume de vendas até então. Em 2021 foram 64.759 emplacamentos e novamente a medalha de bronze do segmento, atrás, novamente, de Compass e Jeep.

De 2021 para 2022 o Creta apresentou queda de pouco mais de duas mil vendas e ficou no 4º lugar da categoria 62.651 com licenciamentos. Seu auge veio no ano passado, quando mais de 65 mil unidades novas do SUV foram parar nas ruas brasileiras.

Confira a tabela com o desempenho de vendas do Creta desde o lançamento:

Vendas do Hyundai Creta

Ano Emplacamentos Posição no ranking (SUVs)
2017 41.625 3º lugar
2018 48.976 2º lugar
2019 57.460 3º lugar
2020 47.757 5º lugar
2021 64.759 3º lugar
2022 62.651 4º lugar
2023 65.817 3º lugar

Atualmente o Creta ainda tem a versão mais simples com o visual antigo, o Creta Action, que custa R$ 116.990. De resto, os preços vão de R$ 135.390 até R$ 179.890.

O SUV sempre teve um volume bem constante de vendas. A única queda expressiva foi de 2019 para 2020, porém, muitas modelos passaram por isso com os efeitos da pandemia. O Creta começa 2024 vindo do seu melhor ano e em 2025 vai mudar de novo — Autoesporte já antecipou o que deve vir ao Brasil. Será que a liderança do segmento deve vir nos próximos dois anos? Façam suas apostas, porque o interesse por SUV no país só aumenta, afinal 45,5% dos carros novos vendidos já são SUVs.

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