Comprar um Volkswagen Voyage novo em abril de 2022 é uma tarefa quase impossível. Tão difícil que desde o começo do mês até esta terça-feira (19), apenas 55 unidades foram emplacadas em todo o Brasil, de acordo com a Fenabrave (Fenabrave Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores); cerca de dois carros vendidos por estado. E essa missão de ter um deve ficar ainda mais complicada. Autoesporte apurou que a produção do sedã será encerrada ainda em abril. Após a publicação da reportagem, a Volkswagen procurou Autoesporte e afirmou que o Voyage continuará sendo produzido nos próximos meses.
O fim do Voyage já era esperado para esse ano. Porém, havia a expectativa de que o sedã fosse produzido até o final de 2022. Porém, uma fonte ligada à fabricante afirmou que a produção na unidade de Taubaté (SP) será encerrada muito em breve.
Lojas sem estoque
É possível que apenas unidades que já foram encomendadas sejam produzidas para honrar as vendas fechadas nas lojas. Falando nas lojas, Autoesporte procurou sete concessionárias da marca em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Com exceção de uma, que tinha um solitário exemplar no estoque (na versão 1.6 que deixou de ser fabricada no final de 2021, aliás), todos os vendedores afirmaram que o sedã está em falta, apesar de aceitarem novos pedidos e prometerem entregar o veículo de 30 a 90 dias depois da compra.
No entanto, o configurador do modelo no site da Volkswagen impede que clientes configurem o Voyage ao exibir a mensagem: “Lamentamos, os dados para esta versão parecem estar indisponíveis no momento. Tente uma versão diferente”. Talvez um presságio do que vem por aí.
Ao longo de 2022, as vendas do Voyage foram caindo mês a mês. Começando com 479 em janeiro, passando a 188 em fevereiro e 121 em março. Considerando a proximidade do fim de abril, é improvável imaginar que ele vá superar os emplacamentos do mês passado.
Volks culpa falta de peças
Segundo os lojistas, a razão para a escassez de carros é a falta de peças para abastecer a fábrica de Taubaté (SP), que também é responsável pela produção do Gol . No caso do hatch, parece haver maior disponibilidade de estoque na rede.
Procurada, a Volkswagen ratificou o discurso. A empresa afirmou que a unidade teve paralisações ao longo do primeiro trimestre. Apesar de ter retomado os trabalhos no último dia 4, o local está novamente sem produzir desde o final da última semana.
A previsão é que os trabalhadores retornem na próxima segunda-feira (25). Ainda que a Volkswagen diga que a fabricação de Voyage e Gol será normalizada, o sedã deve se despedir em poucas semanas.
Despedida melancólica
Na mesma geração desde 2012, o Voyage é um dos veteranos do mercado brasileiro. Ele já sente o peso da idade. Apesar de custar mais de R$ 80 mil, não oferece airbags adicionais aos exigidos por lei. Controles de tração e estabilidade? Nem como opcionais.
Itens de conforto, como ar-condicionado digital, acesso por chave presencial e partida por botão também fazem parte da lista de ausências.
As medidas do Voyage também entregam que o projeto e a plataforma já estão defasados. Seus 4,21 metros de comprimento são pequenos diante de concorrentes como Hyundai HB20S, Chevrolet Onix Plus e Fiat Cronos. Os 2,47 m de entre-eixos fazem dele bastante acanhado perto de rivais com cerca de 2,50 m. O mesmo vale para os 1,65 m de largura, pouco perto dos mais de 1,70 m dos similares.
Todos esses fatores fazem do Voyage pouco competitivo no mercado de sedãs compactos. A própria Volkswagen oferece o Virtus como alternativa, ainda que em um patamar de preços mais alto.
Começo do fim
Ao passo que a produção do Voyage será encerrada em abril, o Gol permanecerá em linha por mais alguns meses. Segundo o site Autos Segredos, haverá uma edição especial de despedida para o hatch – limitada a 1.000 unidades – e com preço na casa dos R$ 100 mil. Autoesporte apurou que ela vai se chamar Last Edition, como aconteceu com a Kombi em 2013.
O Voyage será aposentado sem homenagens.
Gol e Voyage até sobreviveram às novas leis de emissões e ruídos. Para isso, tiveram a linha enxugada e limitada a uma versão – 1.0 de três cilindros e 84 cv e câmbio manual de cinco marchas. Elas custam R$ 72.690 para o hatch e R$ 84.090 para o sedã.
As opções com motor 1.6 de 8 e 16 válvulas com câmbio manual ou automático deixaram de ser oferecidas em fevereiro.
Apesar da sobrevida, eles não devem ver 2023 nascer como veículos novos. A Volkswagen está concentrando os esforços para produzir carros mais modernos – Taubaté, por exemplo, está sendo preparada para receber a plataforma MQB.
Com ela, a fabricante poderá iniciar a montagem do Polo Track e de outros futuros modelos no interior paulista, em um investimento ainda não anunciado pela marca.
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