Uma nova gigante do setor automotivo está para nascer. Segundo a imprensa internacional, Honda e Nissan devem assinar um memorando de intenções nos próximos meses para a criação de uma holding. O acordo pode culminar na terceira maior fabricante de carros do mundo, atrás apenas de Toyota e Volkswagen, que ocupam as duas primeiras colocações.
Somadas, as montadoras japonesas teriam um volume global de emplacamentos na faixa de 7,9 milhões de unidades, considerando os resultados do ano passado e a inclusão da Mitsubishi no bolo. A união entre as companhias garantiria competitividade em um mercado global dominado por marcas chinesas, principalmente no segmento de carros elétricos. Veja o ranking:
Maiores grupos automotivos do mundo (resultados de 2023)
Marca | Unidades vendidas |
1°) Toyota | 11,2 milhões |
2°) Grupo Volkswagen | 9,2 milhões |
3°) Honda e Nissan | 7,9 milhões |
4°) Hyundai e Kia | 7,3 milhões |
5°) Stellantis | 6,3 milhões |
6°) General Motors | 6,1 milhões |
7°) Ford | 4,4 milhões |
8°) Suzuki | 3,1 milhões |
9°) BYD | 3 milhões |
De acordo com a Reuters, a fusão entre Honda e Nissan será a segunda maior da história. Estima-se a movimentação de US$ 54 bilhões para o acordo sair do papel.
Atualmente, o maior conglomerado automotivo do mundo criado a partir da união de empresas é a Stellantis, que nasceu da fusão de Fiat Chrysler e PSA Peugeot Citroën. A negociação entre as partes envolveu montante de US$ 52 bilhões em 2021 (feita a correção, o valor supera o das marcas japonesas).
Veja abaixo outras fusões que balançaram a indústria ao longo da história, com os valores de época:
- FCA e PSA (2021) - US$ 52 bilhões
- Fiat e Chrysler (2009) - US$ 50 bilhões
- Daimler-Benz e Chrysler (1998) - US$ 38 bilhões
- Ford e Jaguar (1989) - US$ 2,5 bilhões
- Nissan e Mitsubishi (2016) - US$ 2,3 bilhões
- Volvo e Geely (2010) - US$ 1,8 bilhão
- BMW e Rover (1994) - US$ 1,3 bilhão
Nem todas as negociações envolvem a incorporação total das empresas. Em certos casos, há uma acionista minoritária, como a Nissan, que detém 34% das ações da Mitsubishi. Já as fusões entre Daimler e Chrysler, Fiat e Chrysler e posteriormente FCA e PSA resultaram na criação de uma nova empresa. É o que o setor de finanças chama de “merger of equals” (fusão de iguais).
Mesmo fusões que foram desfeitas há décadas deixaram legado. É o caso da BMW e do Grupo Rover em 1994. O antigo conglomerado britânico era dono das marcas MG, Land Rover e Mini. A fabricante alemã se desfez da maioria delas ao longo dos anos 2000, mas optou por manter o controle da Mini.
Alianças entre grupos automotivos acontecem desde os primórdios da indústria. A Audi, por exemplo, é resultado da fusão com outras três fabricantes alemãs: DKW, Horch e Wanderer. Elas não existem mais, mas estão eternizadas nas argolas que formam o logotipo da marca premium.
Autolatina: fusão ou joint venture?
A Autolatina nasceu em 1987 como uma parceria entre Ford e Volkswagen. Mesmo sendo lembrada por muitos como fusão, era uma joint venture: 51% das ações eram da alemã e 49% da norte-americana.
Apesar de ter sido idealizada na década de 1980, os objetivos da Autolatina eram os mesmos das fusões de hoje: reduzir custos de produção, otimizar o desenvolvimento, compartilhar tecnologias e criar um cenário mais competitivo.
Em 1994, as empresas optaram por encerrar a joint venture, medida que foi executada dois anos depois, em 1996. Não houve conflito entre as partes. Inclusive, quando funcionários foram comunicados do fim da parceria, poderiam escolher para qual fabricante ir.
A Autolatina também deixou seus “frutos”. Podemos enumerar, por exemplo, as fábricas da Volkswagen e da Ford em General Pacheco (Argentina). Hoje os complexos industriais são vizinhos, mas já foram a mesma unidade nos anos 1990.
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