Lançado no início de 1994, parece que foi ontem que a Fiat estreou o primeiro carro fabricado em série com turbocompressor do Brasil, o Uno Turbo. Atualmente, o sistema vem ganhando notoriedade na era do downsizing (motores menores de grande potência). Volkswagen Polo, Chevrolet Onix, Hyundai HB20 são alguns dos mais populares.
Fabricado até 1996, o ‘foguete de bolso’ da Fiat foi um divisor de águas, deixando Ford Escort XR3 e Corsa GSi para trás. O Uno só perderia o título de carro mais veloz da Fiat para o cupê de duas portas Tempra Turbo, introduzido no mercado nacional alguns meses depois do hatch.
Autoesporte encontrou um exemplar que representa bem os 30 anos da era turbo no Brasil. Trata-se de um Uno Turbo 1994 à venda através da Lar’t, de São Paulo, SP. Alegando 110 mil km originais, o anúncio descreve que ele foi totalmente repintado. Já o interior está todo preservado, com bancos esportivos aveludados em perfeitas condições.
A cereja do bolo é o teto solar com abertura de dois estágios e acionamento feito por manivela operando corretamente. O icônico rádio toca-fitas da Alpine também foi mantido para preservar a originalidade do conjunto.
O quadro de instrumentos é simples e se destaca das outras versões mais civilizadas pelo emblema ‘Uno Turbo i.e.’ e pelo cluster com velocímetro com escala até 240 km/h, conta-giros, indicadores de nível de combustível, temperatura da água, manômetro do turbo compressor, indicador de temperatura e manômetro de pressão do óleo do motor. À frente dele, estava o exclusivo volante de três raios.
Por R$ 89 mil, preço de um Argo 1.0 novo, você pode ter a chance de ser dono do primeiro carro fabricado no Brasil com turbo de série e que só vem atraindo a atenção dos novos investidores e colecionadores.
Esportividade que ia além do visual
Para ficar para a história, a Fiat não poupou esforços durante o projeto do Uno Turbo e chamou a atenção de todos, literalmente falando.
Para isso, era vendido com cores chamativas a exemplo da vermelha Monte Carlo (linha 1994), vermelha Alpine (linha 1995), amarela Ginestra (linha 1994) e amarela Exploit (linha 1995). Fechava o pacote o body kit com para-choques com spoilers integrados, molduras nos para-lamas, saias laterais, grade frontal redesenhada, aerofólio traseiro, rodas de 14 polegadas diamantadas, entre outros detalhes.
Se no desempenho, o Fiat Uno 1.6 R com motor aspirado já era arisco perante a outros esportivos nacionais, o Turbo era um cavalo pronto para qualquer briga. O segredo estava no motor de 1.372 cm³ que com a ajuda de um turbocompressor Garrett T2 trabalhando com 0,8 bar de pressão. O modelo conseguir extrair até 118 cv de potência a 5.750 rpm e 17,5 kgfm de torque a 3.500 giros.
A alimentação era feita com a ajuda de um sistema de injeção eletrônica multiponto (MPI L 3.1 Jetronic). Com o auxílio do câmbio manual de cinco marchas, o hatch de 975 kg voava baixo, indo de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e atingindo a velocidade final de 195 km/h. Para efeito de comparação, era 0,6 s mais rápido que o Corsa GSi 1.6 16V e 0,5 s mais ágil em relação ao Ford Escort XR3, dotado de um AP 2.0 8V, emprestado do VW Gol GTi.
Porém, nem tudo eram flores. Por conta da instalação da turbina que roubou boa parte do espaço no cofre do motor, o estepe foi parar no porta-malas. Com essa decisão, a capacidade do compartimento de bagagem foi comprometida e, assim, o volume caiu de 290 litros para 207 l.
Bastante raro, o Fiat Uno Turbo durou pouco mais de dois anos, acumulando apenas 1.801 unidades, o que o torna cada vez mais desejado nos dias de hoje.
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