Teste: Volvo EX90 é novo SUV elétrico de sete lugares que dirige "sozinho"

Novembro de 2022. Eu estava em Estocolmo (Suécia) para a apresentação do Volvo EX90, sucessor elétrico do XC90. Na ocasião, a marca sueca confirmava a chegada do tecnológico SUV ao Brasil já em 2024 e seguia à risca o ousado objetivo de se tornar uma Tesla escandinava e comercializar somente carros elétricos até 2030.

Setembro de 2024. Mudança de planos. Estou agora em Los Angeles (Estados Unidos) para dirigir o EX90. A chegada ao nosso país ficou para 2025 e a Volvo mudou os planos: manterá motores a combustão (híbridos) em linha. O que está acontecendo?

Primeiro, vamos ao EX90. Visualmente, não há dúvidas de que se trata da variante elétrica do XC90 híbrido plug-in (que, inclusive, foi reestilizado e vai conviver com o sucessor). O elétrico traz elementos do protótipo Concept Recharge, apresentado em 2021. A dianteira agora tem a grade fechada e um novo arranjo dos faróis de LED, com a assinatura do “martelo de Thor” modernizada e “escorrendo” pelo para-choque frontal.

Nas laterais, as rodas de 22 polegadas são grandes e têm desenho projetado para diminuir a turbulência do ar e o arrasto aerodinâmico (Cx 0,29). E, consequentemente, aumentar a autonomia. Na traseira, as lanternas em formato de “C” avançam pelo porta-malas e pelo vidro, como no cupê C40. Há uma barra de interligação entre elas, mas não é iluminada. Uma pena. A estética ficaria ainda melhor se a barra acendesse.

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Para mover o EX90, a Volvo instalou dois motores elétricos (um em cada eixo) que somam 524 cv de potência e 92,8 kgfm de torque. Os números soam superlativos, mas em movimento a percepção é mais suave. Apesar do torque insano, o SUV não acelera como um esportivo elétrico. Há um gerenciamento que entrega essa grande força de forma cadenciada e progressiva. Ao afundar o pé no acelerador, não espere ter o corpo jogado contra o banco. O EX90 vai de zero a 100 km/h em 4,9 segundos, porém de um jeito educado, como os suecos.

E mais: o EX90 não foi feito para andar rápido. Com sete lugares, o SUV familiar será conhecido mais pelo nível de tecnologia e pela maneira com que trata os ocupantes. Quem dirige poderá desfrutar de uma ótima dinâmica, uma suspensão robusta, que não permite rolagens grosseiras da carroceria.

Ao mesmo tempo, o Volvo entrega conforto e bom filtro das ondulações do asfalto (mesmo com as rodas aro 22). O Pilot Assist, sistema Adas de direção que dirige o carro “sozinho”, é um dos pontos altos. Junto do controle de cruzeiro adaptativo (ACC), fornece uma das melhores experiências semiautônomas do mercado.

O SUV reduz, acelera, detecta obstáculos, não sai da faixa de rolagem e faz pequenas curvas com uma baita precisão, o que passa uma sensação de segurança muito grande a quem dirige. Aos passageiros, resta aproveitar o espaço de sobra na segunda fileira corrediça. Já quem vai nos dois últimos lugares pode sofrer com a falta de área para joelhos e cabeça se tiver mais de 1,80 metro. Ao menos há porta-copos e saídas USB-C.

Como um bom SUV de família, o EX90 leva 655 litros no porta-malas com a terceira fileira rebatida. Com sete lugares, a capacidade ainda é boa: 310 l. Por ser elétrico, há ainda um bagageiro extra na dianteira, sob o capô, de 35 l. Serve apenas para levar mochilas.

Já a autonomia, segundo a Volvo, é de 600 km (WLTP), graças às enormes baterias de 111 kWh de íons de lítio instaladas no assoalho. Na homologação do Inmetro, deve ficar entre 400 km e 450 km — um bom número, considerando as mais de 2,5 toneladas de peso e os 5 metros de comprimento e 2,98 m de entre-eixos. Em estação rápida (250 kWh), uma recarga de 10% a 80% pode ser feita em 30 minutos.

Se o XC90 já tinha pouquíssimos botões, o EX90 leva ainda mais a sério o minimalismo. A tela vertical de 14,5 polegadas com sistema Google Auto é uma das mais modernas do mundo e tem conectividade 5G.

Executa as principais funções de segurança, entretenimento e gerenciamento de baterias, além de ter Android Auto e Apple CarPlay sem fio. É usada até para abrir o porta-luvas. Desnecessário… Mas, ao contrário do EX30, o EX90 tem painel de instrumentos de 9”. Assim, o motorista não precisa desviar o olhar para o sistema multimídia. Muito bem-vindo.

O EX90 traz LiDAR, oito câmeras, cinco radares, 16 sensores ultrassônicos e sensoriamento de ocupantes, uma tecnologia que mede a concentração de olhares: o carro “entende” quando você está desatento, sonolento ou até bêbado. Porém, diferentemente do EX30, em que basta um desvio de olhar para o carro “brigar” com você, no EX90 a vigilância não é tão rígida.

Equipado com um “supercomputador” da gigante de tecnologia NVidia e com ajuda da Inteligência Artificial, o EX90 é capaz de aprender a ficar mais seguro com o tempo, interpretando dados e recebendo atualizações de software pela nuvem. No futuro, pode até virar autônomo.

Desenvolver essa parafernália eletrônica levou mais tempo do que o esperado — por isso o EX90 atrasou. Tanto que os primeiros carros entregues na Europa e nos Estados Unidos terão tecnologias faltantes, como o Apple CarPlay sem fio. A Volvo garante que todas as funções estarão em operação até o final do ano. Como o SUV chega ao Brasil só em 2025, deve contar com todas as atualizações funcionando.

Isso pode incluir o sistema de som Bang & Olufsen, com 25 alto-falantes, qualidade de mixagem e equalização de som certificados pela Abbey Road. Sim, estamos falando da gravadora inglesa responsável por boa parte da discografia dos Beatles. Autoesporte já teve uma palhinha do que está por vir e é impressionante…

Já a decisão de continuar vendendo carros a combustão tem motivações que vão desde a queda nas vendas de veículos elétricos no mundo até o avanço lento na estrutura de recargas, passando por políticas locais de proteção a carros elétricos importados. Assim, o otimismo da Volvo lá atrás não virou realidade e teve de ser revisto apenas seis anos depois.

No Brasil, o Volvo EX90 deve custar mais de R$ 700 mil e será a grande vitrine tecnológica da marca sueca. Para bater de frente com Audi, BMW e Mercedez-Benz, a Volvo mostra que, assim como o EX90, tem capacidade de aprender e se atualizar muito rápido…

Ponto positivos: Muita tecnologia e capacidade de "aprender" ao longo do tempo
Pontos negativos: Peso elevado por causa das baterias e espaço na terceira fileira de bancos

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