A Stellantis já testa no Brasil a configuração híbrida flex dos SUVs Jeep Compass e Commander nacionais. Ambos devem ser os primeiros produtos da fabricante com motor eletrificado capaz de receber etanol no mercado brasileiro, ambos dotados da tecnologia Bio-Hybrid plug-in, híbrida com recarga externa e tração 4x4.
Um flagra publicado nesta semana por @freireneto em seu Instagram mostra um protótipo do Compass e outro do Commander rodando na BR-101, nas proximidades de Natal (RN). Inicialmente, as imagens foram divulgadas como sendo das futuras versões Blackhawk com motor 2.0 turbo a gasolina de 272 cv da Ram Rampage.
Os primeiros híbridos nacionais da Stellantis
Contudo, Autoesporte analisou com atenção a filmagem e observou que nenhum dos veículos de teste contava com as duas saídas de escape presentes na própria Rampage e em outros protótipos de Compass e Commander dotados do motor Hurricane 4, cujo lançamento está previsto para acontecer no primeiro semestre de 2024.
No caso do protótipo do Compass, há uma dupla saída posicionada à direita do para-choque traseiro. É a mesma solução da atual configuração T270 do SUV compacto-médio. Na Europa, a versão 4xe, híbrido plug-in movida a gasolina, conta com o mesmo sistema de escapamento.
No caso do Commander, a ponteira de escape fica mais escondida e sequer chega a aparecer, como acontece nas demais versões já oferecidas pelo modelo de sete lugares. Já a configuração T400 Hurricane 4, vista em outros flagras, terá saídas de escapamento mais destacadas.
Nossa aposta é que ambos os protótipos estão testando a variante Bio-Hybrid plug-in, a fim de analisar o comportamento do conjunto motriz elétrico, em especial as baterias, em clima de temperaturas mais altas. Daí o fato de estarem rodando no Nordeste brasileiro.
Vale lembrar que a Stellantis confirmou, em outubro deste ano, que iniciará a produção de seus primeiros veículos híbridos flex nacionais já em 2024. A estreia será justamente na fábrica de Goiana (PE), onde são produzidos os Jeep Compass e Commander. Para que o fabrico comece tão logo, é preciso que os produtos já estejam em testes de homologação.
Ao mesmo tempo, a Autoesporte apurou que a fabricante decidiu iniciar seu projeto de eletrificação nacional com a tecnologia Bio-Hybrid plug-in. O objetivo seria acelerar a substituição dos atuais veículos a diesel fabricados em Goiana por versões híbridas dotadas de tração 4x4, conhecidas como 4xe.
Isso porque a Reforma Tributária recentemente aprovada no Congresso Nacional prevê a renovação dos incentivos fiscais concedidos a fábricas automobilísticas instaladas no Nordeste, que venceria em 2025, até 2032, desde que produzam veículos leves flex. Aparentemente, modelos dotados de motorização a diesel não serão mais contemplados.
Além disso, a fabricante vem encontrando dificuldades para vender as versões a diesel de Compass e Commander, por conta do preço do combustível em relação à gasolina e ao etanol. A adoção do sistema 4xe flex ajudaria a resolver a questão sem que os SUVS percam versões com tração nas quatro rodas, algo mandatório em qualquer Jeep vendido globalmente.
Além dos Jeep Compass e Commander, há versões das picapes Fiat Toro e Ram Rampage equipadas com o motor 2.0 MultiJet turbo diesel. Estas devem ser eletrificadas em um segundo momento do projeto, visto que são comerciais leves e atendem a outro regime tributário.
Como serão Compass e Commander 4xe flex
O motor Bio-Hybrid plug-in é um dos três tipos de híbrido flex que a Stellantis oferecerá no Brasil. Os outros dois são o Bio-Hybrid, um híbrido leve (MHEV) de 12V ligado ao motor 1.0 GSE turbo, e Bio-Hybrid e-DCT (HEV), um híbrido pleno que trabalhará auxiliando o motor 1.3 GSE turbo, com direito a câmbio automatizado de dupla embreagem.
No caso do plug-in, estamos falando de um híbrido do tipo PHEV, com possibilidade de recarga externa. É exatamente o conjunto que já equipa o Compass 4xe importado da Itália. Seu conjunto é formado pelo conhecido motor T270 (1.3 turbo), um banco baterias de 11,4 kWh e um motor elétrico traseiro. A diferença é que ele passará a ser flex.
Assim, enquanto o motor turbo a combustão - com injeção direta de combustível e sistema MultiAir III de variação dos comandos de válvula - rende os mesmos 180 cv de potência com gasolina e 185 cv com etanol, sendo 27,5 kgfm de torque, o motor elétrico traseiro gera 60 cv e 27,5 kgfm extras.
Chegamos, assim, a 240 cv combinados com gasolina e 245 cv de potência combinada com etanol, sendo mais de 50 kgfm de torque máximo quando os dois motores atuam em conjunto. Como o motor elétrico é traseiro e atua de modo complementar, não há a necessidade de trocar a caixa de câmbio, que segue automática de seis marchas fornecida pela Aisin.
As baterias de íons de lítio ficam no túnel central e substituem o eixo cardã das versões 4x4 convencionais, enquanto o motor elétrico é alocado no lugar do diferencial traseiro. Assim, há tração nas quatro rodas, daí o uso da sigla 4xe. No Compass, a autonomia em modo elétrico é de 30 km, segundo o PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular) do Inmetro, número que deve diminuir um pouco no caso do Commander.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.