Carros elétricos são caros. Isso é um fato. Porém, com o aumento da oferta de modelos nos segmentos de entrada, esse tipo de veículo está ficando mais acessível. Nos últimos dois anos, Jac, Renault e Caoa Chery lançaram subcompactos a bateria na casa dos R$ 150 mil. Agora, a BYD acirrou a competição ao trazer para o Brasil o Dolphin, um hatch pequeno na mesma faixa de preços do trio.
O ousado movimento surtiu efeito imediato. Jac e Caoa Chery baixaram os preços de E-JS1 e iCar, respectivamente, em até R$ 10 mil, colocando seus modelos na faixa dos R$ 140 mil (veja aqui quanto custam os carros elétricos mais baratos do Brasil).
Elétrico por R$ 100 mil?
E uma nova redução pode ser necessária no ano que vem, quando a BYD trouxer para o Brasil o Seagull, um subcompacto que tem porte semelhante ao de Kwid, iCar e E-JS1. Nesse caso, o preço deve ficar na faixa de R$ 100 mil a R$ 120 mil.
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) já considera que elétricos na faixa de R$ 100 mil devem aparecer nas lojas nos próximos anos.
O que falta para isso acontecer?
Presidente da ABVE, Ricardo Bastos afirma que os primeiros carros elétricos na faixa dos R$ 100 mil podem chegar ao mercado brasileiro nos próximos anos. "Hoje os elétricos e híbridos já estão na faixa de R$ 150 mil. Congelando a situação econômica atual, é bem possível que [o carro elétrico] fique abaixo dos R$ 100 mil", declara.
O executivo, que também é diretor da GWM, pontua que é uma tendência natural – e mundial – que o preço do carro elétrico diminua. Bastos elenca dois principais fatores para essa mudança. O primeiro é o aumento de produção em nível global. Ou seja, quanto mais se popularizam e, consequentemente, se produzem modelos elétricos, mais os preços dos componentes caem.
O segundo, a bateria, está diretamente ligada ao primeiro. Isso porque o componente é o principal responsável por encarecer o modelo elétrico. Porém, as células de bateria têm passado por um salto no desenvolvimento e estão cada vez mais eficientes. Hoje, existem módulos menores que entregam uma eficiência maior.
"A bateria é o item mais caro do conjunto tecnológico do carro. Se reduz o tamanho da bateria, reduz o preço. Cabe ao consumidor avaliar qual veículo mais se encaixa com seu uso", completa Bastos.
Em alguns mercados mais maduros e desenvolvidos, a estimativa é que um carro elétrico custe o mesmo que um similar a combustão já em 2026.
Volvo elétrico por menos de R$ 250 mil
Ainda que isso leve mais tempo para acontecer por aqui, outra fabricante que tem puxado para baixo o preço dos elétricos é a Volvo. Atualmente, o SUV médio XC40 parte de R$ 329.950, mesmo preço do hatch Chevrolet Bolt e pouco acima de modelos que não são de luxo, como o Nissan Leaf.
A Volvo promete diminuir ainda mais os preços dos SUVs elétricos com o EX30, modelo recém-apresentado e que entrará em pré-venda no Brasil em setembro. Conforme apurado pela Autoesporte, o SUV compacto deverá custar entre R$ 230 mil e R$ 250 mil.
Só que o único SUV elétrico que ocupa essa faixa de preço é o Jac E-JS4 (R$ 242.900). Entre outros rivais, o Peugeot e-2008 não sai por menos de R$ 259.990, o BYD Yuan Plus custa R$ 269.990 e o Chevrolet Bolt EUV é oferecido por R$ 279.990.
Considerando a tendência natural do mercado, é possível que as fabricantes diminuam os preços de seus representantes elétricos com a chegada do Volvo.
Concorrência
Bastos vê com bons olhos a competitividade e acredita que essa seja outra forma de diminuir a faixa de preço dos carros elétricos no Brasil. "Quanto mais opções chegarem ao consumidor, melhor será. (A competitividade) É natural do mercado, a competição está aí e cada empresa tem sua estratégia", conclui.
Se essa tendência for mantida, o executivo afirma que em breve os preços dos carros elétricos e a combustão deverão se encontrar.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.