Você sabia que o Brasil é o segundo país com o maior número de transplantes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos? Segundo o Ministério da Saúde, mais de 29 mil procedimentos foram realizados por aqui só em 2023. Este recurso também se tornou comum no mundo automotivo, onde os carros da Stellantis trocam de motor a todo instante. A bola da vez é a Ram Rampage 2025, que substituiu seu antigo “coração” 2.0 turbodiesel por um conjunto totalmente novo.
A picape recebeu o inédito 2.2 turbodiesel da família Multijet II, que desenvolve 200 cv de potência e 45,5 kgfm de torque, com câmbio automático de nove marchas atualizado. Enquanto isso, o antigo 2.0 turbodiesel que equipou o modelo por um ano e meio — também chamado de Multijet I — entregava apenas 170 cv e 38,8 kgfm. Já a versão a gasolina, que não mudou, tem motor 2.0 turbo de de 272 cv e 40,8 kgfm. Veja os preços atualizados abaixo:
- Big Horn (2.2 diesel): estimado em R$ 229.990
- Rebel (2.2 diesel): R$ 259.990
- Rebel (2.0 gasolina): R$ 264.990
- Laramie (2.2 diesel): R$ 272.990
- Laramie (2.0 gasolina): R$ 277.990
- R/T (2.0 gasolina): R$ 295.990
Em busca de um estilo de vida mais saudável, a Rampage fez a troca por causa das emissões. O Proconve L8 (Programa de Controle de Poluição por Veículos) passa a valer em 2025, estreitando a regulamentação para veículos diesel no país. E como você deve imaginar, outros carros da Stellantis já estão “na fila do SUS” para receber este transplante.
Para marcar a pegada fitness, mais sustentável e ecológica, a Rampage também recebeu uma nova versão de entrada, a Big Horn. Mas não foi com ela que Autoesporte teve seu primeiro contato em pista com a caminhonete. Dirigimos a Laramie, a configuração intermediária, em um curto trajeto no Circuito Panamericano, a pista da Pirelli em Elias Fausto (SP). Também nos arriscamos no off-road.
Como anda?
Vale pontuar que o câmbio automático de nove marchas foi atualizado, por mais que não tenha sido substituído como o motor. A Stellantis instalou um novo conversor de torque e recalibrou a transmissão para ampliar as relações de marchas e, consequentemente, melhorar o consumo de combustível. Em todo o resto, é o mesmo câmbio que estreou no Renegade em 2015.
Eis uma boa notícia: se sua preocupação é o preço do diesel, a Rampage está mais econômica após a substituição de powertrain. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, a picape com motor renovado faz 10,6 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada. Na configuração anterior, o consumo era de 9,9 km/l em ciclo urbano e 12,4 km/l na rodovia.
É difícil de expressar como a nova relação das marchas interfere na dirigibilidade neste primeiro contato. Elas estão 14% mais longas, de acordo com a Ram, aproveitando o incremento de potência e torque da nova mecânica. Infelizmente, uma pista de autódromo não é o habitat de picapes como a Rampage, por melhor que ela seja.
Chamam atenção o bom isolamento acústico, as vibrações tênues do motor (sobretudo considerando a idade da plataforma) e o trabalho da suspensão refinado. Traremos a Rampage à nossa redação para uma avaliação urbana mais detalhada nas próximas semanas.
O que também melhorou foi a aceleração de zero a 100 km/h, agora feita em 9,9 segundos. Este é exatamente o mesmo resultado que Autoesporte extraiu no teste instrumentado realizado no Rota 127 Campo de Provas. Antes, a picape intermediária precisava de 10,9 s para atingir tal marca, o que comprova que este transplante de coração também a deixou mais atlética. Outro dado que corrobora para isso, e evidencia as relações mais longas da transmissão, é a velocidade máxima: subiu de 186 km/h para 196 km/h.
A sensação na cabine também é agradável. Os bancos são confortáveis e o revestimento de couro sintético lembra carros premium. Para completar, o volante mais grosso tem ótima empunhadura. Sem dúvida, a Rampage é um dos carros mais sofisticados produzidos no Brasil, ainda mais por conta de seu alto grau de nacionalização (na faixa de 80%). Abordaremos o pacote de equipamentos atualizado à frente.
Ar livre faz bem à saúde
O médico também recomendou mais atividades em meio à natureza. Assim, também pude dirigir a Rampage 2.2 no trajeto off-road que a Pirelli usa para testar seus pneus. Ficou evidente o DNA aventureiro que embalou tantas vendas para a caminhonete intermediária em um ano e meio de vida. Se tem lama, ela topa qualquer desafio dentro de suas limitações (já que não é picape média).
A protagonista é a tração 4x4, que distribui a força do motor automaticamente entre os eixos (sob demanda). Sua primeira marcha cumpre o papel de reduzida simulada, com o travamento igualitário da distribuição de força. Para completar, há modos de condução voltados a pisos escorregadios, cascalho e pedregulhos.
É óbvio que a Ram aplicou parte a expertise da Jeep, que há quase dez anos trabalha nas melhorias deste câmbio automático de nove marchas. De fato, se não fosse pelo bode me olhando ao centro do volante, me sentiria em uma picape da outra marca. Fica explícito desde já que essa receita com motor 2.2 vai funcionar bem quando for incorporada ao Commander no ano que vem (ops, dei um spoiler).
Não há upgrade na caçamba, mesmo com a substituição do motor. Tanto a capacidade volumétrica de 980 litros quanto a disposição para transportar 1.015 kg são as mesmas. Como comparação, a Ford Maverick híbrida tem 617 kg de capacidade de carga, 943 litros de volume na caçamba e 499 kg de capacidade de reboque
Todas as versões ficam mais completas
Forçando a barra, a Ram diz que todas as versões da Rampage estão mais equipadas. Acontece que, para algumas delas, a única mudança é que a capota marítima vendida como acessório se tornou item de série.
A novidade é o pacote Big Horn, que vai atender um cliente de menor poder aquisitivo — para o desespero dos donos da luxuosa 3500, a rainha do agro. A configuração tem quadro de instrumentos digital de 10,3’’, central multimídia de 12,3’’, câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros e faróis full-LED, mas ficou devendo controle de cruzeiro adaptativo.
A lista de equipamentos continua com chave presencial (com ignição remota), partida por botão, freio de estacionamento eletrônico e volante multifuncional. No pacote visual, a Big Horn traz acabamentos cromados e revestimento interno de couro. As rodas também são exclusivas, calçadas em pneus nas medidas 235/65 R17. Desde a versão de entrada, a Rampage oferece seis airbags (sendo os pares frontais, laterais e de cortina) e freios a discos ventilados nas quatro rodas.
Seguindo para a versão Laramie, em ambas as motorizações, a Ram passa a oferecer sistema de som premium da Harman Kardon com nove alto-falantes. Estou bem curioso para testá-lo. Também há iluminação de cortesia posicionada nos retrovisores externos.
Outra novidade do pacote Laramie é que o banco dianteiro do passageiro passa a ter regulagens elétricas. Antes, o recurso estava restrito ao assento do motorista. E para encerrar, a versão Rebel também está de cara nova: agora os pneus são de uso misto, nas medidas 236/65 R17.
Vida nova, fôlego novo
Impossível criticar uma atualização quando uma picape fica mais econômica, sustentável e ainda tem sua performance melhorada. A receita que fez a Rampage emplacar 20 mil unidades entre janeiro e outubro, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), segue viva após uma cirurgia bem-sucedida. Resta saber se a nova configuração Big Horn — ainda sem preço, mas estimada em R$ 229.990 — irá alavancar o volume mensal de vendas, atualmente, na faixa de 2 mil unidades.
Agora o objetivo da Stellantis é aliviar a fila do consultório. A próxima picape a receber a mecânica atualizada será a Toro, possivelmente apenas na versão Ranch (a Ultra deve virar flex). Depois, é a vez do Commander, que fará a troca ainda no 1° semestre de 2025. Só o Jeep Compass ainda permanece no vale da incerteza. Há indícios de que o SUV médio não receberá um novo coração.
Teste: Ram Rampage 2025 2.2 turbodiesel
Teste |
ACELERAÇÃO |
0 - 100 km/h: 9,9 s |
0 - 400 m: 14,1 s |
0 - 1.000 m: 26,4 s |
Vel. a 1.000 m: 172,2 km/h |
Vel. real a 100 km/h: 96 km/h |
RETOMADA |
40 - 80 km/h (Drive): 4,1 s |
60 - 100 km/h (D): 5,2 s |
80 - 120 km/h (D): 6,7 s |
FRENAGEM |
100 - 0 km/h: 42,4 m |
80 - 0 km/h: 26,6 m |
60 - 0 km/h: 15,1 m |
Ficha técnica: Ram Rampage 2.2 turbodiesel
Motor: Diant., longitud., 4 cilindros em linha, 2.2, turbo, diesel |
Potência: 200 cv a 3.000 rpm |
Torque: 45,9 kgfm a 1.500 rpm |
Câmbio: automático, 9 marchas, tração 4x4 |
0 a 100 km/h: 9,9 segundos |
Consumo (Inmetro): 10,6 km/l (urbano) e 13,3 km/l (rodoviário) |
Direção: elétrica |
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.) |
Freios: discos ventilados (diant. e tras.) |
Pneus: 235/65 R17 |
Caçamba: 980 litros |
Capacidade de carga: 1.015 kg (fabricante) |
Ângulo de entrada: 25,8° |
Ângulo central: 23,4° |
Ângulo de saída: 27,5° |
Tanque: 60 litros |
Peso: 1.951 kg |
DIMENSÕES |
Comprimento: 5,02 metros |
Largura: 1,88 m |
Altura: 1,78 m |
Entre-eixos: 2,99 m |
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