Teste: Chevrolet Silverado é picape superlativa para fazer sucesso no agro

Enquanto a picape da VW é de entrada, voltada ao trabalho leve e sem muitas amenidades para o motorista, a da Chevrolet é o oposto: uma caminhonete com porte descomunal para os padrões brasileiros e que reúne muita capacidade, luxo e conforto para impressionar o bilionário agronegócio brasileiro.

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A Silverado retorna ao Brasil após um longo hiato (foi vendida por aqui entre 1997 e 2001) para engrossar o caldo das picapes grandes no país. O sucesso foi instantâneo. O primeiro lote com 500 unidades esgotou em uma hora e meia — e olha que estamos falando de mais de meio milhão de reais. O segmento ainda tem a Ram 1500 e a Ford F-150.

Se em 2023 o modelo da GM ficou em terceiro (306 unidades, contra 1.330 da 1500 e 983 da F-150), neste ano já emplacou 712 exemplares e lidera com folga (156 da Ford e 420 da Ram). Há alguns motivos para isso. O primeiro, claro, é relacionado à sua gênese: carregar peso. A Silverado tem a maior capacidade de carga (716 kg), de reboque (4.128 kg) e de caçamba (1.781 litros) do segmento. Estes dois últimos, inclusive, são disparados os maiores em relação a Ford (3.515 kg e 1.370 l) e Ram (3.600 kg e 1.200 l).

Os pontos em que a Silverado fica para trás são o motor e o consumo de combustível. A picape vem equipada com o V8 5.3 aspirado a gasolina de 360 cv de potência e 53 kgfm de torque — menos que os 405 cv e 56,7 kgfm da Ford F-150 e os 400 cv e 56,7 kgfm da Ram 1500.

Na prática, a força se mostra suficiente. Em nossa pista de testes, no Rota 127 Campo de Provas, a aceleração de zero a 100 km/h foi em bons 8,2 segundos, contra 7,3 s da F-150, a picape mais potente do segmento. As diferenças nas retomadas de velocidade são menores: 4 s (40-80 km/h), 4,3 s (60-100 km/h) e 5,2 s (80-120 km/h) para a Chevrolet, enquanto a Ford precisa de 3,4 s, 3,7 s e 4,5 s, respectivamente. Embora seja um pouco mais mansa, a verdade é que a Silverado proporciona força de sobra: dá para afundar o pé no acelerador, despertar o V8 e fazer ultrapassagens com folga.

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Mas tome cuidado para não virar amigo do frentista. Mesmo com a tecnologia Dynamic Fuel Management, que ajusta automaticamente (com 80 cálculos a cada segundo) a quantidade de cilindros ativos (podendo desligar quase todos) de acordo com a necessidade, a Silverado bebe: são 6 km/l (cidade) e 7,2 km/l (estrada), segundo o Inmetro. A F-150 faz 6,3 km/l (ciclo urbano) e 8,3 km/l (rodoviário). Porém, na estrada e com velocidade constante (sem abusar do acelerador), a picape da Chevrolet consegue chegar perto dos 10 km/l.

E andar em centros urbanos? Essa é uma grande questão não apenas da Silverado como de todas as picapes desse porte. Não só os 5,91 metros de comprimento assustam mas, principalmente, os 2,06 m de largura. A caminhonete parece uma baleia dentro de uma banheira nas ruas paulistanas. Não cabe em qualquer faixa de rodagem. É preciso ter muito cuidado ao fazer conversões, manobrar e estacionar (se você achar uma vaga para isso). Shopping? Nem pensar. Supermercado? Talvez. Fazenda? Mais que bem-vinda.

Os retrovisores externos ainda são superdimensionados e têm dois espelhos de cada lado. Nos Estados Unidos, é comum esse tipo de picape puxar um trailer em viagens de fim de semana. A peça ajuda a manter o olho no reboque, por ser mais angulada. Mas, no dia a dia, é preciso atenção extra com motos, ônibus e passagens mais estreitas. Lá fora, esse item é opcional. Bem que poderia ser aqui também, mas vem de série. E é melhor não quebrar. Um novo pode custar quase R$ 8 mil.

O pacote de anjos da guarda eletrônicos inclui câmera 360 graus, frenagem autônoma emergencial e ACC (controle de velocidade adaptativo). A Silverado até avisa com uma vibração no banco e sinais sonoros quando você está próximo de algum veículo ou quando está “comendo” a faixa ao lado. De vez em quando, rebater os retrovisores pode ser uma solução bem-vinda, porque a picape é uma espécie de Dumbo que não voa.

Percorri mais de 300 km com o truck, como dizem os americanos. Nas estradas asfaltadas e perfeitas do interior de SP, a Silverado brilha. A suspensão traz um conforto extremo e faz a picape flanar, sem grandes sacolejos como as picapes médias. Os buracos são devidamente ignorados. Os passageiros traseiros têm um latifúndio de espaço, devido aos 3,74 m de entre-eixos.

Quem dirige ainda tem tecnologias como o head-up display, que projeta informações no para-brisa. Existe, ainda, uma função em que sensores calculam a distância em relação ao veículo à frente em segundos, no melhor estilo F1. Bem interessante…

A versão única de acabamento, High Country, conta com itens como teto solar (simples e com cortina manual), som Bose, quadro de instrumentos digital de 12,3” e central multimídia de 13,4”, bem intuitiva, com Apple CarPlay sem fio e Android Auto.

A Silverado está em uma posição intermediária de preço. Perde para a F-150, de R$ 480 mil, mas é mais barata que a 1500, de R$ 540 mil. Será que dá tempo de virar agroboy?

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