Carros

Por Larissa Albuquerque (com Thiago Tanji)

Se o Grupo Renault já amargava resultados negativos desde 2019, a pandemia provocada pelo novo coronavírus teve efeito devastador sobre a companhia: dados públicos divulgados na semana passada indicam um prejuízo de 8 bilhões de euros (ou pouco mais de R$ 53 bilhões na atual cotação) em 2020.

De acordo com a fabricante, houve um decréscimo de 21,3% das vendas anuais, com menos 3 milhões de veículos vendidos, uma queda de 7,3 bilhões de euros no primeiro semestre de 2020 e 660 milhões de euros no segundo, resultando em uma queda de 21,7% de faturamento e -8,9% no volume de negócios.

A margem operacional (calculada por uma relação entre o lucro operacional e a receita líquida) da Renault também foi negativa, com perda de 335 milhões de euros. Entre as despesas, a alta das matérias-primas necessárias para a fabricação dos veículos deixou a produção mais cara em 131 milhões de euros.

Mas um dos principais fatores que puxou para baixo os resultados do Grupo Renault foi o desempenho negativo da Nissan, que registrou prejuízo de 4,9 bilhões de euros. Desde a prisão de Carlos Ghosn, ex-CEO aliança Renault-Nissan, no final de 2018, a fabricante japonesa também vem amargando resultados negativos em sequência.

Segundo os dados do Grupo Renault, outras empresas parceiras também foram afetadas pela crise, registrando prejuízos de 175 milhões de euros.

Entre os poucos efeitos positivos que a montadora francesa teve ano passado, encontra-se o ligeiro aumento global das vendas do Renault Zoe, veículo 100% elétrico da marca.

Renault Zoe foi um dos poucos produtos que tiveram destaque nas vendas da fabricante — Foto: Divulgação
Renault Zoe foi um dos poucos produtos que tiveram destaque nas vendas da fabricante — Foto: Divulgação

O que esperar de 2021?

“O ano de 2021 será difícil, com incertezas associadas às crises sanitárias, assim como o abastecimento de componentes eletrônicos. Vamos enfrentar esses desafios coletivamente, na dinâmica de recuperação que adotamos desde meados do ano passado”, declarou Luca de Meo, CEO do Grupo Renault.

O grupo indica que a escassez de componentes eletrônicos que afetou a indústria automotiva em 2020 pode ser um dos maiores implicadores negativos para este ano. A empresa prevê o pico de escassez desses componentes para o segundo trimestre de 2021, o que pode resultar na redução da produção de 100 mil veículos no ano. A crise parece estar longe do fim...

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