Quando os ex-engenheiros da Mercedes-Benz, Hans Werner Aufrecht e Erhard Melcher, fundaram a AMG no final dos anos 60, talvez eles não imaginavam que 60 anos depois a empresa seria um braço muito importante do conglomerado alemão. E muito menos que os carros modificados pela companhia seriam um dos mais desejados do mundo.
Só que dentro da sede da divisão esportiva em Affalterbach (Alemanha), há uma sala identificada como AMG Performance Studio. É ali dentro que um grupo pessoas quebra a cabeça para deixar os veículos da AMG em carros ainda mais únicos e especiais. E a linha Black Series é exatamente isso.
O início foi em 2006 com o conversível SLK 55 AMG. Ao longo desses 14 anos somente seis modelos passaram pelo tratamente intensivo de fibra carbono, carroceria agressiva, mais potência, tração, aerodinâmica e, claro, desempenho. São eles: SLK55, CLK63, SL65, C63, SLS e, mais recentemente, o GT.
Na primeira parte desse especial vamos falar da primeira trinca de modelos, que deram o pontapé na alcunha que conhecemos até hoje. Eles foram apresentados em curto espaço de tempo: a AMG não perdeu tempo e entre 2006 e 2008 colocou à venda o SLK55, o CLK63 e poderoso SL65 Black Series V12 biturbo. Vamos lá!
SLK 55 AMG Black Series (2006)
O primeir integrante da família Black Series foi o SLK 55 AMG, em 2006. Apesar de pequeno, o roadster na versão até então mais hardcore já era equipado com o motor V8 5.5 litros naturalmente aspirado de 360 cv.
Com o tratamento Black Series, a divisão esportiva modificou o coletor de escape, colocou um comando de válvulas mais agressivo, instalou um novo filtro de ar e, claro, desenvolveu um sistema exclusivo de escapamento. O resultado desse processo: 40 cv e 1 kgfm extras – pulando para 400 cv e 52 kgfm de torque.
Com tração traseira e câmbio de sete marchas, o esportivo tinha zero a 100 km/h em 4,5 segundos – 0,4 s a menos que a versão “normal”. Já o zero a 200 km/h também impressionava: 15,5 s – o 55 AMG leva 17,5 s.
Visualmente, o cupê teve a carroceria alargada (tradição mantida até o Black Series mais atual), rodas forjadas de 19 polegadas calçadas em pneus 235/35 na dianteira e 265/30 na traseira e inúmeras partes de plástico reforçado com fibra de carbono. A AMG conseguiu fazer uma dieta de 45 kg no carro, que pesava 1.495 kg, e ainda colocou freios maiores e suspensão adaptativa.
E um detalhe: ao contrário do modelo convencional, o SLK 55 AMG Black Series não é um roadster. A Mercedes fixou a capota rígida (feita igualmente em plástico reforçado com fibra de carbono) para dar mais rigidez e, com isso, reforçar estabilidade e segurança.
Atualmente é muito difícil achar um SLK 55 AMG Black Series. Isso porque o modelo é extremamente raro: apenas 120 unidades foram produzidas entre 2006 e 2007 e vendidas à época por quase 110 mil euros.
CLK 63 AMG Black Series (2007)
Um ano após a estreia do SLK, a Mercedes-Benz resolveu colocar outro Black Series no mercado e o escolhido foi o CLK da geração C209. A produção desse modelo foi maior: cerca de 700 unidades entre 2007 e 2009. E uma curiosidade: 25 exemplares foram construídos com direção na direita e destinados ao Reino Unido.
Bom, não contente com os 481 cv que o V8 6.2 aspirado do CLK 63 AMG produzia, o Black Series vomitava 500 cv e girava até 7.200 rpm. O torque permaneceu nos 64,2 kgfm. Para chegar nesse número, os engenheiros tiveram que trocar o sistema de escape por um de melhor fluxo e instalar uma nova central eletrônica.
Vale lembrar que a AMG criou uma variante ainda mais extrema e exclusiva do CLK63. Em "homenagem" a competição de turismo alemão, o CLK63 DTM tinha 582 cv.
Também com um câmbio automático de sete marchas, o CLK precisava apenas de 4 segundos cravados para atingir os 100 km/h. Velocidade máxima? Nada menos que 300 km/h.
Para acompanhar tamanha pujança, o eixo traseiro foi alargado, assim como os para-lamas para abrigar as rodas aro 19 e pneus Pirelli PZero Corsa 265/30 na dianteira e 285/30 na traseira.
E, mais uma vez, a Mercedes abusou na fibra de carbono na carroceria e também no interior. Fixou um spoiler na traseira para gerar mais downforce, difusor, saias laterais, para-choques mais agressivos e colocou disco de freio de 360 mm na parte da frente.
Dentro, os bancos tradicionais foram trocados por do tipo concha revestido de couro Nappa, vários detalhes em fibra de carbono, volante com diâmetro 15 mm menor para melhorar a empunhadura e pedais de alumínio. O preço na época era de quase 90 mil euros.
SL65 AMG Black Series (2008)
Pelo terceiro ano seguido, em 2008, a Mercedes resolveu subir o sarrafo da linha Black Series. E o carro que serviu como “base” foi o potente SL65 AMG, da geração R230. O conversível já vinha de fábrica com o famoso motor V12 6.0 biturbo. Só que os 600 cv e 102 kgfm de torque não pareciam suficientes.
A divisão esportiva colocou turbos 12% maiores e eliminou restrições do sistema de escapamento para dar 670 cv ao modelo – o torque permaneceu o mesmo. Os 3,9 s de zero a 100 km/h e a velocidade máxima de 320 km/h são números mais que superlativos para justificar a alcunha Black Series.
No SL65 original de fábrica, a velocidade era limitada eletronicamente a 250 km/h. E o mais interessante é que o SL 65 AMG Black Series usava uma transmissão automática de cinco marchas, robusta o suficiente para aguentar o massivo torque.
A AMG ainda conseguiu reduzir em 250 kg o peso do modelo graças ao uso amplo de fibra de carbono. Mesmo assim ainda eram 1.870 kg. O design ficou ainda mais parrudo com o bodykit, para-lamas 14 cm mais largos que “escondem” as rodas de 19 polegadas na frente (com pneus 265/35) e 20 atrás (325/30). As bitolas também foram aumentadas em 9,7 cm na dianteira e 8,5 cm na traseira.
Junto do SLK 55 AMG Black Series, o SL65 é extramemente raro. Apenas 320 exemplares foram feitos entre 2008 e 2011 e com uma etiqueta salgada: 309 mil euros.
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