Leticia Bufoni fala do amor por carros e como realizou sonho de ser piloto

Willys Interlagos: dirigimos o carro da Autoesporte 01 e ele está impecável

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“Sempre gostei de carros, desde novinha. Aprendi a dirigir muito cedo, com meu pai. Como o skate já fazia parte da minha vida, eu andava no Shopping Aricanduva (São Paulo), onde tinha um centro de treinamento. Lá, eles montaram uma pista de kart e foi meu primeiro contato”, relata. A prática começou por diversão e ficou adormecida quando Leticia se mudou para os Estados Unidos, para investir na carreira de skatista.

Em 2019, um amigo a chamou para andar em um carro de drift. E foi aí que a paixão voltou a pulsar! Em seguida, Leticia montou seu próprio veículo e começou a praticar drift em 2020, ainda sem competir oficialmente. Depois da Olímpiada de 2021, ela recebeu proposta para correr de UTV, em competições de rali e off-road.

Seu primeiro contato com o mundo das corridas começou nos circuitos planejados por Travis Pastrana, famoso motociclista. E, assim, Leticia começou a correr oficialmente em 2022.

Segundo a skatista, compartilhar todo o processo de adaptação ao automobilismo em seu canal do YouTube e nas redes sociais ajudou as pessoas e a si própria a enxergar o quanto ela estava envolvida com o esporte a motor. Tanto que, no final de 2023, foi convidada a fazer um teste na Porsche Cup.

“Foi a oportunidade certa na hora certa, porque sempre quis correr em pista. Eu me apaixonei pelo carro e pela experiência. Depois de aprovada, participei da primeira etapa, em março deste ano. Foi muito legal, pois eles sabiam que eu não tinha experiência, mas estão dando todo o suporte. Comecei na categoria de base e estou me formando pilota. E está sendo incrível”, compartilha.

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Convenhamos: tirando a presença de quatro rodas nos dois veículos, skate e carro estão longe de ter qualquer semelhança. Por isso, a evolução é gradual. Leticia começou na categoria Sprint Trophy, que prepara os pilotos para a o profissional. Em abril, conquistou o quarto lugar na etapa de Interlagos, seu melhor resultado até agora. Na sequência, ela também ingressou na Porsche Cup Endurance, de corridas mais longas.

“Montamos um time feminino pela Mobil 1. As corridas longas ajudam bastante, é praticamente um treinamento. É muita informação! No final do dia, parece que fiz um treino de dez horas. Como sou nova, presto atenção em muita coisa. Está sendo a parte mais difícil para me adaptar. Porque no skate você observa tudo. No carro, o foco precisa ser direcionado. Mas estou aprendendo muito rápido”, comenta. Para ajudar, Leticia treina ainda mais em um simulador que montou em casa.

Nada disso significa que Leticia vá largar o skate. “Não tem nem como isso acontecer”, sentencia. A ideia é conciliar as duas atividades. Além de correr na Porsche Cup, ela pretende participar de corridas nos Estados Unidos.

“Parece um sonho”, enfatiza. E não é para menos: o automobilismo ainda é um lugar muito distante e não planejado para mulheres.

Bufoni conta que o carro de seus sonhos na adolescência era um Audi R8. E o sonho foi realizado! Ela comprou o esportivo anos atrás e o personalizou diversas vezes: foi branco, preto e até roxo. Mas, surpresa: Leticia não só comprou como também vendeu o seu carro dos sonhos. Na visão da esportista, nem tudo é para sempre. “Com o tempo, mudamos nossos gostos e almejamos outras coisas”, filosofa. Hoje, Bufoni tem uma picape Ford F-350 na garagem de sua casa em Los Angeles (EUA).

“Já tive essa fase de querer carrão, agora foco mais no conforto. Eu não teria mais o R8, por exemplo. Preciso de espaço para carregar os brinquedos [barco e jet-ski]”, resume. Só que a atleta não esconde outros desejos. “A gente sempre sonha. [Ter] uma Ferrari, um Lamborghini, quem sabe... Confesso que sou apaixonada pelo Mustang.” Ela não descarta nem mesmo a possibilidade de ter um elétrico.

Tanto com um R8 como com uma F-350 ou um carro elétrico, fato é que Leticia não está em um mundo que mulheres ocupam com facilidade. Por isso, tornou-se inspiração para muitas meninas e jovens que querem ingressar nos esportes.

“É muito legal e gratificante ver que a Rayssa Leal, por exemplo, se inspirava em mim. Ver onde o skate chegou é impressionante, até em Olímpiada. E saber que fiz parte disso é incrível. O mesmo se dá com o automobilismo, modalidade pela qual muitas mulheres já passaram e ainda vão passar. Há vários exemplos! Mulher tem muita força e vontade de fazer acontecer.”

Versatilidade é uma boa palavra para definir Leticia, que também é empreendedora de marcas ligadas ao skate. Portanto, além de skatista e empresária, pode-se adicionar a profissão de piloto ao currículo da paulistana de 31 anos.

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