O brasileiro já está tão acostumado com as fantasias assustadoramente divertidas e com os “doces ou travessuras” que o Halloween já se tornou data intrínseca ao nosso calendário de celebrações. Não tem escapatória. Não dá para fugir do Dia das Bruxas.
Pensando nisso, nós, da Autoesporte, cinéfilos que somos, resolvemos montar uma lista de carros de Halloween. Antes que se pergunte do que se trata, explicamos: elencamos sete modelos que são peças-chave, verdadeiros protagonistas, em filmes de terror. Ah! Também separamos um “bônus”, só para apimentar.
Venha então conosco nessa viagem horripilante. Os sustos, claro, são por nossa conta. Mas não assumimos o risco, viu?
7 carros que remetem ao Halloween
Oldsmobile Delta 88
O Oldsmobile Delta 88 é uma figurinha carimbada do gênero horror. Isso porque o full-size feito sobre a mesma plataforma do Impala é a estrela de basicamente todos os filmes escritos e dirigidos por Sam Raimi — um mestre do terror.
Raimi é, além de um feliz proprietário, entusiasta do modelo, que vem equipado com um propulsor Rocket V8. Não à toa, o Olds Delta 88 protagoniza a série “Uma noite alucinante” e ainda participa de outros filmaços do diretor, como o excelente “Arraste-me Para o Inferno” (2009).
O full-size chega a dar as caras até mesmo em obras realizadas por Raimi que nada têm a ver com o gênero. É coadjuvante, por exemplo, da trilogia “Homem-Aranha” protagonizada por Tobey Maguire e Kirsten Dunst. É mole?
Plymouth Fury
Beleza. Todos os nossos carros de Halloween são clássicos. Este aqui, no entanto, tem algo a mais — um "je nais se quoi". Trata-se do Plymouth Fury 1958 que estrela a película “Christine, o Carro Assassino” (1983), do brilhante John Carpenter. Carpenter, bom frisar, é o diretor por trás de outros filmes incríveis, como “O Enigma de Outro Mundo” e o “Halloween” original, de 1978.
Mas voltemos ao Plymouth Fury vermelho e à obra por ele estrelada. O jovem Arnie Cunningham é um tímido adolescente, alvo de bullying. Compra o carro, que atende sob a alcunha de “Christine”, com o objetivo de restaurá-lo e ganhar certa, digamos, moral.
O problema é que Clarence “Buddy” Repperton, o bully em questão, e seus asseclas destroem Christine. Só que eles não contavam com algo: a sede de vingança do automóvel.
Obcecada por Arnie, “Christine” passa a querer a cabeça de qualquer que se aproxime do protegido. E o resto é história.
Baseado num livro de Stephen King, “Christine, o Carro Assassino” é atemporal. E foi responsável por eternizar o Plymouth Fury, uma subsérie do Belvedere que teve pouco mais de 5 mil unidades produzidas e podia vir equipada com motor V8 de 315 cv de potência.
Chevrolet 150
Stephen King empresta novamente uma de suas histórias para uma adaptação cinematográfica de boa qualidade. É o caso de “Às Vezes Eles Voltam”, de 1991.
No filme de Tom McLoughlin, acompanhamos uma gangue de jovens arruaceiros e seu carro de cauda imponente. Eles retornam das profundezas com o objetivo de dar cabo do professor Jim Norman, já que o crime garantiria passagem de fuga do inferno para todo o bando.
“Às Vezes Eles Voltam” pode até não ser um dos melhores filmes de terror da nossa lista, mas é uma obra muito divertida — e assustadora. E mais: tem a carismática e marcante presença do Chevrolet 150 1955.
Cadillac Fleetwood Series 75
“Black Cadillac” (2003) é daqueles filmes para os garimpeiros do horror. A obra recria com absoluta competência a receita de favoritos do gênero terror/suspense do fim da década de 1970 e início dos anos 1980.
A premissa é simples: três amigos são atormentados por um Cadillac Fleetwood Series 75 (mais conhecido como Cadillac limousine). O modelo, equipado com propulsor V8, seis-cilindros, que rende 330 cv de potência, e transmissão automática de três marchas não deixa os rapazes em paz. O resultado é um pastiche da melhor qualidade, que capta todos os predicados dos clássicos oitentistas.
Ford Custom 300
Há margem, evidentemente, para debate, mas é difícil tirar de “Psicose”, obra-prima de 1960 realizada por Alfred Hitchcock, o título de maior filme de suspense de todos os tempos. E aqui, vou te contar, impera o terror psicológico.
Mas e quanto ao carro? Tudo bem, neste caso ele apenas atua como coadjuvante de peso — mas daqueles que roubam cena, “oscarizáveis”, tal qual Marlon Brando em seus poucos minutos de tela em “Apocalypse Now” (1979).
Em “Psicose”, nosso Brando é um Ford Custom 300, guiado pela até então protagonista da trama, Marion Crane. O modelo, vale frisar, foi um dos veículos redesenhados pela montadora no pós-guerra.
Nele, Crane dirige noite adentro e decide, após ser acometida pelo cansaço, repousar logo no hotel dos Bates. Lá, ela conhece o peculiar Norman e sua “abusiva mãe”, Norma. O resto da história, imagino eu, você já conhece.
Em tempo: o Ford Custom 300 também tem discreta participação em outra película assustadora. O carro participa de “Halloween H20 - 20 Anos Depois” (1998). O grande problema é que a sétima película da saga Halloween passa longe de entreter. Uma pena.
Lincoln Continental Mark III
“O Carro, A Máquina do Diabo” (1977) é daquelas pérolas do cinema B que valem a pena ser degustadas. O filme é simples: conta a história de um carro fantasma que causa um salseiro num vilarejo da Califórnia.
Trata-se do Lincoln Continental Mark III com motor V8 de 375 cv. O carro sai matando a torto e a direito, sem distinção alguma. Basicamente um Michael Myers sobre rodas.
Ponto curioso: o Mark III em questão foi modificado para o filme por George Barris. O designer tem currículo notório, tendo trabalhado em veículos clássicos como KITT, o Pontiac Trans Am 1972 de “Knight Rider”, o Batmóvel dos anos 1960 e o General Lee, o Dodge Charger 1969 de “Os Gatões”.
Plymouth Valiant
O Plymouth Valiant 1971 não tem nada de absurdo. A terceira geração do modelo foi feita para atender ao norte-americano médio, usual, genérico mesmo. Aquele que, à época, fazia o 9h às 18h no piloto automático.
O veículo foi escolhido a dedo justamente por isso, a fim de evidenciar o pragmatismo e as fraquezas do protagonista. Já o antagonista é diametralmente oposto. É uma força da natureza. É o Peterbilt 281, caminhão fantasma que persegue o personagem principal até um final surpreendente.
O conceito parece batido, e já foi abordado nesta mesma lista de carros de Halloween. Todavia, à época era original, advindo da mente brilhante de Steven Spielberg. Estamos falando exatamente de “Encurralado”, de 1971, longa-metragem de estreia do homem por trás de “Jurassic Park”, “A Lista de Schindler”, “E.T. O Extraterrestre”, “O Resgate do Soldado Ryan” e outras obras fantásticas que marcaram gerações.
Bônus 1: Chevrolet Opala Comodoro
Você era uma criança inocente em 1995? Pois então, certamente, ficava aterrorizado ao avistar qualquer Opala preto nas ruas. Isso por conta, claro, de “A Próxima Vítima”, novela exibida pela Rede Globo e que se tornou febre.
Febre mesmo. Era, para você mais jovem ter um contexto, algo nos níveis de “Game of Thrones”. Cada capítulo gerava debates e mais debates, em todos os ambientes possíveis e inimagináveis.
A trama, ambientada na Mooca e no Bixiga, em São Paulo, conta com um assassino em série que comete atrocidades das formas mais cruéis e distintas. O nosso antagonista dirige justamente um Chevrolet Opala Comodoro preto.
O modelo presente na novela já conta com a reestilização do início da década de 1980. Desse modo, dispõe de faróis, piscas e lanternas retangulares, bem como visual mais limpo, com linhas fluidas. Tem design que dividiu opiniões na vida real, mas, na ficção, causa medo até hoje.
Bônus: Pneu
É isso mesmo. Tudo bem, não é um carro. No entanto, um pneumático é parte fundamental para o bom funcionamento de um automóvel. E aqui temos um representante deste grupo bastante, digamos, estressadinho.
O protagonista de “Rubber, o Pneu Assassino” (2010) é (você adivinhou) um pneu, de nome Robert. Ele se torna um ser senciente, e passa a experimentar de súbito as mais variadas sensações. Só que toma gosto pela violência e, por meio de seus poderes telepáticos, mata tudo o que encontra pela frente.
A premissa, sim, é bizarra. No entanto, “Rubber” não pede para ser levado a sério. É uma comédia ácida, uma sátira violenta e extremamente divertida se você deixar de lado os absurdos. No entanto, ao ver um pneu jogado na rua, pense duas vezes antes de ofendê-lo. Nunca se sabe.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.