Automobilismo

Por Douglas Mendonça e Lucca Mendonça

Mais uma vez, a dupla inglesa surpreendia na Fórmula 1: Jim Clark e Lotus. A equipe tinha um novo carro, o 33, que funcionou como um relógio aos comandos do fantástico campeão de 1963. Das dez etapas que compuseram o campeonato do ano, Clark e seu Lotus venceram nada menos do que seis delas.

O restante do campeonato de 1965 da F1 foi dividido entre Graham Hill, com duas vitórias, Jack Stewart, com uma, e Richie Ghinter, vencedor do GP do México com a Honda.

O que também chama a atenção na F1 de 1965 é que ela se deu início literalmente no começo do ano: 1º de janeiro, época em que era inviável correr na Europa ou na América do Norte por conta do frio intenso e neve. Mas, lá pelos lados da África do Sul, sede do primeiro GP do ano, são dias quentes, agradáveis e longos, o que atraiu as equipes europeias. O calendário correu até 24 de outubro, encerrando-se com o GP do México.

Vencedores da Fórmula 1 de 1965

Etapa Piloto vencedor Equipe
GP da África do Sul Jim Clark Lotus
GP de Mônaco Graham Hill BRM
GP da Bélgica Jim Clark Lotus
GP da França Jim Clark Lotus
GP da Inglaterra Jim Clark Lotus
GP da Holanda Jim Clark Lotus
GP da Alemanha Jim Clark Lotus
GP da Itália Jack Stewart BRM
GP dos Estados Unidos Graham Hill BRM
GP do México Richie Ginther Honda

Vale ressaltar que 1965 ainda marcou a primeira vitória da Honda na F1 com o novíssimo RA272 e seu V12 de 1.5 litro e 230 cv de potência. Esse foi o motor mais potente entre 1961 e 1965 na história da Fórmula 1.

O novo Honda também perdia mais de 25 kg no peso total se comparado ao seu antecessor, mas ainda assim era mais pesado que os principais rivais. Itens como as suspensões, freios, direção e transmissão, de seis marchas, eram melhorados também. Finalmente os japoneses acertavam a mão e já viam o início da sua história de sucesso na F1.

Mas vamos voltar ao campeão da temporada. Clark estreou na categoria no final do ano anterior, dando suas primeiras voltas em etapas extraoficiais de 1964. Já amadurecido, deu as caras em janeiro de 1965 no GP da África do Sul, valendo pontos para o resultado final daquele ano.

Fórmula 1: a história ano a ano:

Baseado inteiramente no carro anterior, o inédito modelo 33 já possuía chassi monocoque, aquela caixa rígida de alumínio que evitava torções, pneus mais largos, nova concepção das suspensões e geometria revisada, além da impulsão do novo motor Clímax de 1.5 litro e disposição V8, com mais ou menos 215 cv de potência.

A grande novidade desse V8 estava nos cabeçotes com quatro válvulas por cilindro, permitindo que o motor respirasse melhor, principalmente nos altos regimes de rotações. E, claro, os sistemas de injeção estavam cada vez mais eletrônicos, garantindo a máxima performance com o mínimo consumo aos carros da época.

Lotus de Jim Clark tinha cabeçotes com quatro válvulas por cilindro — Foto: Getty Images
Lotus de Jim Clark tinha cabeçotes com quatro válvulas por cilindro — Foto: Getty Images

Para completar essa receita vitoriosa de um carro campeão, atrás do volante estava uma peça fundamental: Jim Clark. Dizem os especialistas da época que ele foi, sem dúvidas, um dos melhores pilotos que a Fórmula 1 já viu nesses 74 anos de existência.

Em 1965, a F1 também já era mundialmente conhecida como o maior laboratório automotivo do mundo, forma perfeita de desenvolver melhorias para os carros e criar novas tecnologias. Dos veículos de competição, entre outros pioneirismos, vieram os freios a disco, a injeção de combustível, gerenciamento eletrônico da injeção de combustível, os perfis mais aerodinâmicos das carrocerias, pneus de grande aderência e baixo atrito de rolamento, fora soluções mecânicas internas de pistões, bielas e virabrequins, que depois acabaram indo parar nos carros de rua.

Jack Stewart foi o vencedor do GP da Itália da Fórmula 1 de 1965 — Foto: Reprodução/Fórmula 1
Jack Stewart foi o vencedor do GP da Itália da Fórmula 1 de 1965 — Foto: Reprodução/Fórmula 1

A temporada ainda marcou o início do desenvolvimento da tecnologia das quatro válvulas por cilindro, hoje utilizada pela grande maioria dos modernos motores automotivos. Há uma chance muito grande de o seu carro ser movido também por essa modernidade das quatro válvulas por cilindro, desenvolvida primeiro na Fórmula 1.

Na próxima semana, não perca a história da temporada de 1966!

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