Automobilismo

Por Douglas Mendonça e Lucca Mendonça

Esquentando ainda mais a disputa mundial entre pilotos e construtores da época, a Fórmula 1 de 1966 estava mais competitiva do que nunca, quer seja pelas tecnologias, carros ou motores. De tão em alta, até um filme de sucesso a F1 virou, o Grand Prix (fica a ótima sugestão pra quem não assistiu, inclusive).

Além disso, importantes e fundamentais mudanças no regulamento começaram a vigorar a partir dessa temporada: os pequenos motores de 1.5 litro e aspiração natural dobraram sua capacidade cúbica, passando para 3.0 litros, praticamente duplicando o tamanho das máquinas.

Isso, não necessariamente, dobrou as potências dos carros de Fórmula 1, que já desenvolviam entre 220 e 230 cv, mas o aumento foi significativo: os 3.0 superavam com facilidade os 300 cv. Pelo novo regulamento da FIA, era permitido também a utilização de motores superalimentados, desde que não fossem além dos 1.5 litros, mas ninguém os usava.

Na Fórmula 1 de 1966, carros já tinham mais de 300 cv de potência — Foto: Reprodução/Reddit.com
Na Fórmula 1 de 1966, carros já tinham mais de 300 cv de potência — Foto: Reprodução/Reddit.com

Para alguns, a decisão de criar um novo regulamento aumentando a capacidade cúbica dos propulsores na F1 foi por conta de diversas reclamações de equipes e pilotos à FIA, já que, na Fórmula Indy, motores grandes vinham sendo usados há algum tempo. Era uma questão de equidade: se na Indy era permitido, na Fórmula 1 também poderia.

Mas a FIA não mexeu só na capacidade cúbica dos motores, mas também em vários outros quesitos, como o peso dos carros (mínimo de 500 kg, contra 450 kg de antes), largura dos pneus, tamanho e local dos adereços aerodinâmicos (todos agora deveriam ser fixos, e próximos ao carro), fora que os carros cresceram um pouco no tamanho.

Outras evoluções para 1966 foram a exigência de marcha-a-ré (não existia nos carros de F1 para alívio de peso), além de sistema extintor de incêndio e disjuntor elétrico para prevenir curtos-circuitos. Era um novo Fórmula 1, ainda que mantivesse o monocoque e motor traseiro entre-eixos.

Tentando baixar o número de acidentes fatais, o uso de macacões antichamas passava a ser obrigatório em todas as corridas do campeonato, junto de capacetes maiores e com viseiras mais resistentes. As montanhas de pneus presos também começavam a aparecer, em uma técnica que durou até poucos anos atrás na Fórmula 1.

Em 1966, o calendário estava dividido em nove etapas (GPs de Mônaco, Bélgica, França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Itália, EUA e México), com início em 22 de maio e término em 23 de outubro.

Fórmula 1 de 1966

Etapa Vencedor Equipe
GP de Mônaco Jack Stewart BRM
GP da Bélgica John Surtees Ferrari
GP da França Jack Brabham Brabham
GP da Inglaterra Jack Brabham Brabham
GP da Holanda Jack Brabham Brabham
GP da Alemanha Jack Brabham Brabham
GP da Itália Ludovico Scarfiotti Ferrari
GP dos EUA Jim Clark Lotus
GP do México John Surtees Ferrari

Falando no campeão, quem se deu bem nessa temporada foi o piloto australiano Jack Brabham, que já participava da F1 com equipe própria, a Brabham Motor Racing. Aliás, até o motor do seu carro, o BT19, era australiano: um Repco V8 3.0 de cerca de 310 cv com algo ao redor dos 31 kgfm de torque.

Gastando menos gasolina, o carro podia largar com menos líquido no tanque (mais leve) e parava menos para reabastecer. Se dava bem também pela robustez e manutenção fácil, pontos essenciais em qualquer corrida automobilística. Assim, foi a primeira vez na história da Fórmula 1 que piloto e equipe não europeus venciam na categoria, e também nunca havia tido um piloto com equipe própria sagrando-se campeão.

Jack Brabham a bordo do BT19 durante o GP da França de Fórmula 1 de 1966 — Foto: Reprodução/Primotipo.com
Jack Brabham a bordo do BT19 durante o GP da França de Fórmula 1 de 1966 — Foto: Reprodução/Primotipo.com

Já a Honda, depois de vencer a última etapa de 1965, entrou na disputa para 1966 com um novo carro, atendendo aos regulamentos, e um inédito 3.0 V12. Mas, com o conjunto cru, a equipe japonesa teve um ano sofrível, sem nenhuma vitória.

A Ford dava as caras na categoria com a oferta do seu motor 3.0 V8, chamado de 406, para algumas equipes da Fórmula 1 de 1966. Era um motor derivado de um V8 desenvolvido para a Fórmula Indy, porém carecia de mais desenvolvimentos para a Fórmula 1. Quem movia parte dos carros, de diferentes equipes, era um BRM de 2.0 litros e oito cilindros em V. Não tiveram tempo de aprontar um maior para aquele ano, assim como a Lotus.

Na próxima semana, não perca a história do campeonato de 1967!

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Mais recente Próxima Leclerc compra Ferrari exclusiva de 840 cv e que custa mais de R$ 11 milhões
Mais da Autoesporte