CNN tem acesso à carta-convite que policial argentino usou para entrar na Venezuela
Nahuel Agustín Gallo está preso acusado de querer se infiltrar no país; família nega
A CNN teve acesso à carta-convite que o policial argentino Nahuel Agustín Gallo recebeu antes de sua chegada à Venezuela e ser preso em 8 de dezembro, segundo a família.
Yalitza Garcia e Maria Alexandra Gomez Garcia, sogra e esposa do sub-oficial respectivamente, divulgaram a carta-convite que dizem ter tramitado em órgãos governamentais.
Enquanto os cidadãos argentinos não precisam de visto para entrar na Venezuela, Yalitza Garcia disse à CNN que, tendo em conta a situação diplomática tensa que atravessam ambos os países, eles fizeram todas as averiguações necessárias no escritório de Migrações da Venezuela para cumprir os requisitos de entrada e evitar complicações. Foi lá que eles foram informados, como a mulher descreve, a necessidade de uma carta-convite.
De acordo com o documento que a CNN teve acesso, a carta diz que Gallo iria visitar Maria Gomez e seu filho de dois anos para fins de férias por um período não superior a 30 dias, com vencimento em 30 de dezembro.
O documento, com data de emissão de 22 de novembro, detalha o itinerário de Gallo desde o Chile e a hospedagem na casa de Puerto La Cruz, no estado Anzoátegui, onde reside atualmente Gómez.
A nota foi formalizada através da “SAREN” (Serviço Autônomo de Registros e Notárias, da Vice-presidência da República Bolivariana da Venezuela), segundo o Ministério da Segurança da Argentina.
A CNN entrou em contato com a Chancelaria da Venezuela e espera uma resposta.
O governo do presidente Javier Milei e a família de Nahuel Gallo denunciaram a detenção ilegal do policial quando tentava entrar no estado fronteiriço de Táchira, na Colômbia, em um carro conduzido por um motorista contratado por sua esposa.
As autoridades venezuelanas argumentam que o policial queria se infiltrar no país e, por isso, foi detido. No entanto, a família nega essa acusação e diz que ele estava viajando para visitar sua esposa e seu filho, que estavam na Venezuela há sete meses. De acordo com informações oficiais, o suboficial Gallo tem 33 anos e pertence ao esquadrão 27 “Uspallata”, na província de Mendoza.
Enquanto o governo argentino insiste em esgotar os canais diplomáticos até conseguir a libertação do policial, o Ministério da Segurança formalizou uma denúncia contra o ex-embaixador argentino em Caracas, Óscar Alberto Laborde, pelo crime de traição à pátria. Segundo a pasta Laborde, designado durante a presidência de Alberto Fernández, iniciou o gerenciamento internacional, sem ter autorização oficial, para que a família pudesse entregar uma carta a Gallo, com a colaboração do governo da Venezuela.
O Ministério da Segurança da Argentina afirma na denúncia que com sua suposta ação, Laborde aceitou e justificou as condições de prisão de Gallo.
A CNN contatou Laborde, que negou qualquer intermediação entre os governos. Ele afirmou, ainda, que só fez chegar uma carta da mãe para o militar.