Cris Cyborg contra o mundo. É assim que a brasileira tem escrito a sua história no MMA, acostumada a superar obstáculos como bullying, falta de adversárias e tantos outros percalços. Neste sábado, no entanto, o mundo não estava contra ela. Pelo contrário: a maioria da torcida no Honda Center, em Anaheim, estava a seu favor. Depois de um início de luta mais cauteloso, a atleta curitibana superou a última pedra no caminho do tão sonhado cinturão da maior organização de MMA do mundo: Tonya Evinger. A americana foi dura na queda e não vendeu a derrota barato. Usou e abusou da esquiva, pendulando para os lados e amortecendo os golpes lançados por Cris, mas acabou sucumbindo à força e agressividade de Cyborg aos 1m56s do terceiro round. Agora é a brasileira quem reina soberana no topo da divisão peso-pena do UFC.
- Eu não tenho palavras para descrever isso, obrigada a todos os meus fãs por me apoiarem tanto. Muitas coisas aconteceram na minha carreira, antes eu entrava como uma louca dentro do cage, mas agora estou aprendendo a lutar com mais calma, de forma mais segura. Estou muito feliz e prometo fazer grandes lutas dentro desse octógono. Estou apenas começando - declarou a Cris após receber o cinturão.
A luta
Tonya iniciou o round buscando um chute baixo, mas se atrapalhou e caiu sentada. Ela buscava se movimentar para evitar o ataque de Cris, mas a brasileira apertou o ritmo e partiu para o clinch, soltando socos e pressionando a adversária contra a grade. Tonya tentou levar a luta para o chão, mas caiu por baixo, dando espaço para Cris voltar a luta em pé. A ex-campeã peso-galo do Invicta FC mostrava boa absorção de golpes e uma trocação desengonçada. Em um dos momentos de clinch, ela acabou acertando o olho da brasileira, que reclamou, fazendo o árbitro paralisar o combate. Quando a luta recomeçou, Cyborg pressionou a adversária contra a grade, soltando um chute giratório que passou no vazio. Tonya buscava a trocação, mas soltava vários “pombos sem asa”. Em resposta, a curitibana desferiu um potente direto e passou a minar o corpo da adversária. Em um bom momento, ela conectou um chute alto na face da oponente e encerrou o round no clinch, pressionando a americana.
No segundo assalto, Cyborg continuou andando pra frente, enquanto Tonya ainda tinha dificuldade para encontrar a distância. Cris acertou um chute alto e continuou atacando. Ela conectou combinação de socos, e a adversária caiu perto da grade. Com Tonya no chão, Cris desferiu joelhadas na altura da costela, mas Evinger conseguiu se levantar. A luta continuou no clinch e toda vez que Tonya buscava um golpe, ela levava o contragolpe de encontro. Cautelosa, Cris usava a esquiva e tentava impor o ritmo. Ela soltou combinação de jab, chute alto e chute baixo, buscando encurralar Tonya, que seguia se esquivando.
No início do terceiro round, as lutadoras trocaram golpes no centro o octógono. Cris desferiu uma bomba de esquerda, mas Evinger absorveu mais uma vez. Pressentindo o bom momento, Cyborg partiu para cima, acertando nova combinação de socos e chutes e fazendo Evinger cair. A americana ainda tentou levar a luta para o chão, mas o árbitro mandou a luta voltar em pé. Evinger passou a correr dentro octógono, com Cris à sua caça. A brasileira então atacou com uma joelhada fatal, que conectou em cheio, fazendo a adversária desmontar. Era a deixa que faltava pra Cyborg erguer os braços e comemorar com a torcida.
Com a derrota deste sábado, Evinger agora conta com 19 vitórias, seis derrotas e uma luta sem resultado na carreira. Já Cyborg continua sem saber o que é perder desde a sua estreia no MMA, em 2005.
Confira os resultados do UFC 214:
CARD PRINCIPAL:
Jon Jones venceu Daniel Cormier por nocaute técnico aos 3m01s do R3
Tyron Woodley venceu Demian Maia por decisão unânime (50-45, 49-46 e 49-46)
Cris Cyborg venceu Tonya Evinger por nocaute técnico a 1m56s do R3
Robbie Lawler venceu Donald Cerrone por decisão unânime (triplo 29-28)
Volkan Oezdemir venceu Jimi Manuwa por nocaute aos 42s do R1
CARD PRELIMINAR:
Ricardo Lamas venceu Jason Knight por nocaute técnico aos 4m34s do R1
Aljamain Sterling venceu Renan Barão por decisão unânime (29-27, 29-28, 30-26)
Brian Ortega venceu Renato Moicano por finalização aos 2m59s do R3
Calvin Kattar venceu Andre Fili por decisão unânime (triplo 30-27)
Alexandra Albu venceu Kailin Curran por decisão unânime (triplo 29-28)
Jarred Brooks venceu Eric Shelton por decisão dividida (29-28, 28-29, 29-28)
Drew Dober venceu Josh Burkman por nocaute aos 3m04s do R1