Passando pela melhor fase de sua carreira, o peso-leve Donald Cerrone deu mais um passo rumo à disputa do cinturão dos pesos-leves ao vencer, no co-evento principal do UFC 182, o até então invicto Myles Jury por decisão unânime dos juízes (triplo 30-27). Com uma apresentação sólida tanto em pé quanto no chão, Cerrone dominou totalmente o adversário, não lhe dando qualquer chance durante todo o combate. Esta foi a 26ª vitória de Cerrone na carreira, e a sexta seguida no UFC. Para Myles Jury, a luta ficou marcada como a sua primeira derrota em 16 lutas como profissional.
A luta começou com Jury se movimentando muito, e na primeira chance que teve, derrubou Cerrone. O "Cowboy" caiu já aplicando uma omoplata, mas Jury manteve a calma e conseguiu livarr-se do golpe, ficando por baixo no chão. Com muita agilidade, Cerrone dominou as costas de Jury e, fechando o cadeado com as pernas na cintura, passou a buscar encaixar um mata-leão. Jury se defendia como podia, levantando o quadril e impedindo que os braços de Cerrone envolvessem seu pescoço. Nos últimos segundos, Cerrone tentou uma chave de braço, mas não houve tempo para encaixar o golpe perfeitamente.
O retorno para o segundo round teve Myles Jury buscando agredir mais Donald Cerrone, que apostava nos chutes baixos. Com muito mais cautela que no round anterior, os dois lutadores buscavam brechas na defesa um do outro para poderem atacar com precisão. Sem quererem errar, Cerrone e Jury buscaram atuar no contra-ataque, o que prejudicou o andamento da luta, que caiu muito de ritmo em relação ao primeiro round.
Provavelmente sabendo que precisaria da vitória a qualquer custo no terceiro round, Myles Jury voltou um pouco mais agressivo, aplicando chutes na linha de cintura e tentando um soco rodado, mas Cerrone mostrava uma postura defensiva sólida que dificultava que o rival penetrasse em sua guarda. Na metade do round, Cerrone acertou um belo chute alto de direita que explodiu no rosto de Jury. Acuado, ele tentava sair da grade, mas Cerrone impedia e o acuava, castigando com chutes baixos e socos retos. Sem opção ao não ser tentar finalizar ou nocaytear, Jury tentava desesperadamente catar a perna de Cerrone, que se desvencilhava e, na primeira oportunidade que teve, conseguiu derrubar o adversário e passou a aplicar chutes duríssimos nas pernas de Jury até o fim da luta.
Confira as demais lutas do card principal:
Brad Tavares encerra série negativa com vitória morna contra Nate Marquardt
O lutador havaiano Brad Tavares interrompeu uma sequência de duas derrotas no UFC ao vencer o americano Nate Marquardt por decisão unânime (triplo 30-27) neste sábado. O peso-médio da equipe Xtreme Couture conquistou sua 13ª vitória na carreira, enquanto o ex-campeão do Strikeforce sofreu sua quarta derrota nas últimas cinco lutas e a 14ª na carreira.
Tavares tomou o centro do cage, enquanto Marquardt optou por circular por fora. O ex-campeão do Strikeforce apostava em chutes baixos, enquanto o havaiano buscava combinações de jab, direto e chute. Apesar de alguns golpes conectados, uma troca explosiva e uma ponteira de Marquardt que acertou o rosto do adversário, o primeiro round foi de muito estudo, o que deixou o público impaciente. O segundo round começou com Marquardt tentando uma queda no single leg, mas Tavares a defendeu bem. O havaiano procedeu a castigar o adversário com jabs e chutes baixos. A luta, porém, seguia morna, e a torcida logo começou a vaiar os atletas.
Em visível desvantagem, Marquardt decidiu atacar com jabs e diretos e, atabalhoado, foi derrubado por Tavares de forma plástica. O lutador da Xtreme Couture, todavia, pouco fez com a posição e permitiu o adversário voltar à luta em pé. O combate não melhorou no terceiro round, quando Marquardt resolveu investir no clinche. O público voltou a vaiar e só comemorou quando o árbitro Yves Lavigne separou os dois lutadores. Tavares manteve sua estratégia de atacar com jabs e chutes nas pernas, e foi crescendo na luta. O havaiano conectou bons cruzados e chutes de média altura. Uma sequência nos segundos finais pareceu abalar Marquardt, mas a falta de agressividade dos dois recebeu mais vaias da plateia ao soar da buzina final.
Kyoji Horiguchi domina Louis Gaudinot e mantém série de vitórias
O japonês Kyoji Horiguchi manteve sua sequência de vitórias no UFC viva ao derrotar neste sábado o americano Louis Gaudinot por decisão unânime dos juízes (29-28, 30-27 e 30-27). Potencial desafiante ao cinturão de Demetrious Johnson, o peso-mosca venceu sua nona luta consecutiva, a quarta dentro do Ultimate, e melhorou seu cartel para 15 vitórias em 16 lutas. Gaudinot, por sua vez, voltou com derrota ao octógono, nove meses após ser pego no exame antidoping e ter sua vitória sobre Phil Harris revogada. Ele agora tem seis vitórias, quatro derrotas e um "No Contest", mas apenas um triunfo em cinco apresentações no UFC.
Os dois lutadores iniciaram o combate se movimentando demais e atacando pouco, com muito estudo. Horiguchi teve o primeiro golpe, um chute baixo. O japonês, aos poucos, foi mostrando seu arsenal: um cruzado de direita certeiro, uma joelhada voadora, um pisão frontal na linha de cintura. Gaudinot não se intimidou e respondeu com bons chutes e uppers. Horiguchi encaixou um bom chute na linha de cintura e por pouco não completou uma queda no minuto final.
O segundo round começou bem diferente. Horiguchi acertou logo no início uma boa combinação de jab e direto que abalou Gaudinot e abriu um pequeno corte em seu rosto. Ele partiu para cima, mas o americano circulou e se recuperou. Ele tentou encaixar, em pé, um kata-gatame. Horiguchi pacientemente golpeou a cabeça do adversário até se livrar do estrangulamento e seguiu superior no restante do round, que encerrou com uma queda após catar um chute. Gaudinot voltou para o último round agressivo e balançou Horiguchi com um cruzado. O japonês, contudo, rapidamente se recuperou e devolveu uma boa combinação. Ele logo estava no comando do combate novamente, mais veloz nas respostas e com boas sequências de golpes até o gongo final.
Hector Lombard decepciona e vence Josh Burkman por pontos em luta monótona
Um dos maiores favoritos do card do UFC 182, o meio-médio cubano Hector Lombard venceu o americano Josh Burkman por decisão unânime dos juízes (30-27, 30-27 e 29-28), mas não convenceu. Com muito menos contundência que se esperava, Lombard fez apenas o suficiente para ter o braço erguido no fim do combate, e decepcionou os que esperavam uma luta rápida e uma vitória devastadora, como ele mesmo havia prometido.
- Gostaria de agradecer Josh por aceitar a luta. Estávamos em uma guerra, e eu tentei pontuar ao máximo. É difícil achar um cara como ele, com a sua movimentação, no octógono. Mas venci, e isso é o mais importante - disse Lombard após a luta.
A luta começou Burkman acertando chutes baixos e conectando mais golpes em Lombard. O cubano mostrava muita confiança e caminhava com a guarda baixa na direção do adversário. Burkman chegou a aplicar dois superman punches apoiando o pé na grade, mostrando que não se intimidava com o favoritismo de Lombard na luta. Sempre andando para frente, o cubano pressionava, mas não agredia o adversário, e o ritmo da luta até o intervalo foi mais lento que o esperado.
No segundo round, Lombard voltou com muito mais agressividade e passou a golpear Josh Burkman seguidamente na grade. Muito forte fisicamente, o cubano agredia o americano com gopes duros, e Burkman se encolhia a cada menção de ataque contra si. A menos de dois minutos do intervalo, o americano passou a esperar Lombard na grade com a guarda baixa, como que convidando o rival a golpeá-lo. A postura surpreendeu o cubano, que passou a mostrar cautela em partir para acabar com a luta.
Hector Lombard voltou para o terceiro round não dando chances para Josh Burkman atuar na luta em pé. Utilizando seu judô de elite, o cubano derrubou o americano logo no início e, por cima no chão, passou a guarda. Burkman levantou-se, evitando ser golpeado no solo. Após receber dois duros golpes na grade, o americano voltou a se movimentar e contou com a falta de ambição de Lombard em encerrar a luta de forma incontestável para se manter vivo até o fim do combate.