Criado na Califórnia nos 1960 por surfistas, o skate só
chegou ao Brasil na década seguinte, mas hoje já é um dos esportes mais
praticados por aqui e estará na Olimpíada de Tóquio 2020. Na terceira
edição dos Jogos Cariocas de Verão, no último fim de semana, as competições na Praça Duó, na Barra da
Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, atraíram milhares de pessoas. Mas a realização do evento no local só
foi possível graças a iniciativa de um apaixonado pelo esporte.
Aos 30 anos, Bruno Pires é arquiteto e skatista desde os 17.
Morador do bairro, ele viu no antigo anfiteatro, que já era utilizado
para a prática do esporte, potencial para se tornar o point do skate na região.
- O Rio era bem carente de espaço de skate. Eu e meu sócio fazemos
projetos em geral, mas nosso ganha-pão é pista de skate. Conseguimos uma
parceria com a Adidas, e a Secretaria de Obras e a Fundação Parques e Jardins
viabilizaram a obra.
+ Da oficina para a pista, skatista dribla dificuldades consertando motocicletas
Isso aconteceu em 2013. De lá para cá, o próprio Bruno é
um dos usuários da pista da Praça Duó. Ao menos uma vez por semana, ele está lá com seu
skate. E para ele, usufruir do local que ajudou a criar já faz parte da rotina.
- Hoje em dia já perdi essa coisa. Quando ando aqui, não
associo mais a uma coisa que eu fiz. Meus amigos andam aqui também.
Para Bruno, há dois pontos fundamentais no projeto da pista
de skate: a revitalização da área e o legado para as futuras gerações.
- O mais interessante é a revitalização da praça, um lugar que
era meio ermo, que não tinha muita vida. A maioria dos projetos são assim, você
quer ver uma área ganhando vida de novo e claro, ver a molecada andando. É
muito bom - comentou.
+ Chapa quente: skatista rala de manhã e arrisca as manobras radicais à tarde
E Bruno não perdeu a oportunidade de competir na pista que
ajudou a projetar e que foi escolhida para sediar o Mundial no fim de abril. Inscrito nos
Jogos Cariocas de Verão, ele se divertiu e fez bonito com os amigos.
Um deles é Lilico, ou melhor, Ricardo, de 44 anos. Skatista
há 30 anos, ele conta que as coisas eram bem diferentes nos primórdios do
esporte no Brasil.
- A gente começou no Rio, somos os pioneiros. Fomos fazendo
obstáculos, fazendo os campeonatos. Na época não tinha pista de skate,
andávamos na rua, no Rio das Pedras (Zona Oeste do Rio de Janeiro). A gente
fazia os obstáculos e perdia os obstáculos. Aí arrumamos umas madeiras e
começamos a fazer as rampas. Foi aí que começou. Fizemos nove campeonatos.
Nossa parceria era com a galera.
Hoje há várias pistas de skate como a da Praça do Duó
espalhadas pelo país. Mas Lilico vê um problema no crescimento do esporte...
- O skate cresceu muito. Mas esse crescimento também gera
problemas. Tem muito atleta e pouco patrocínio, tem muita gente andando só no
amor mesmo - afirmou.
+ Muito astral, espírito esportivo e calor: Jogos Cariocas de Verão agitam o Rio
Ainda assim, ele é otimista e vê muito potencial no skate
brasileiro. E, no que depender dele, em um futuro próximo, toda criança, em vez
de bola, vai ganhar uma tábua com rodinhas antes mesmo de dar os primeiros
passos.
- Afirmo que hoje o skate é o segundo esporte mais praticado
no Rio de Janeiro, e vamos chegar e passar o futebol!