Terra da Gente

Por Isabella Pedreira*, Terra da Gente


O livro foi escrito em três linguas diferentes: português, inglês e japonês — Foto: Isabella Pedreira/TG

Pioneira da Mata Atlântica, a embaúba é uma das mais importantes árvores da floresta. Essa relevância se deve principalmente ao fato dela ser responsável por reflorestar e dar vida não só à flora, mas também à fauna. Desde fungos até mamíferos, diversas espécies se beneficiam do que a árvore oferece. As formigas, por exemplo, se abrigam no interior do tronco, a preguiça-de-coleira prefere as folhas, mas e os fungos? Os fungos, ou cogumelos, são o motivo pelo qual a professora e pesquisadora Noemia Kazue Ishikawa começou a observar a árvore. A experiência foi tão gratificante que, em parceria com os pesquisadores Takazu Yumoto e William Magnussom, ela descreveu e contou em um livro infantil a história da grande árvore.

Especialista em fungos, há 27 anos Noemia se dedica ao estudo de espécies no Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA). Certo dia, enquanto ministrava uma aula, percebeu como os cogumelos interagiam com a planta. “Comecei a estudar a embaúba e ela me encantou com as interações que faz com outros organismos. Passei a gostar muito daquela árvore e ficava feliz só em vê-la da janela do laboratório” conta a pesquisadora.

As folhas da embaúba se diferenciam de acordo com cada espécie — Foto: Carlos Alberto Coutinho/TG

No Brasil existem cerca de 40 espécies de embaúbas que se diferenciam pelo tamanho e pelo formato das folhas. Apesar disso, todas elas têm em comum os frutos doces, uma espécie de “bananinha” rica em energia e um grande atrativo para aves, macacos e morcegos. Os humanos também podem aproveitar as propriedades da espécie. Folhas e frutos podem ser utilizados no tratamento da diabetes, tosse e bronquite.

A ideia do livro surgiu quando a pesquisadora percebeu a falta de incentivo à literatura infantil sobre a biodiversidade da Amazônia. “Eu mesma fui educada lendo livros sobre biodiversidade de outros países, só tive conhecimento de muitos animais, plantas e cogumelos amazônicos depois de adulta. Até hoje quando vou à livraria tenho dificuldade de encontrar livros com a biodiversidade brasileira”, explica.

Com a intenção de expandir o conhecimento sobre a planta a produção foi desenvolvida em três línguas diferentes: português, inglês e japonês. Assim como a árvore, a diversidade de idiomas possibilitou interações marcantes como a de um adulto estrangeiro com dislexia que contou com euforia que conseguiu ler o livro inteiro. “Soube também de uma criança de apenas 4 anos que se emocionou com a história e até mesmo de um empresário que reconheceu a embaúba logo de cara ao chegar em Manaus. Fiquei muito feliz quando senti que as crianças e adultos gostaram do livro e que o trabalho estava sendo reconhecido”, finaliza a pequisadora.

*Sob a supervisão de Lizzy Martins

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