22/11/2011 13h26 - Atualizado em 22/11/2011 17h36

Cine aposta no auto-tune, mas se garante: 'quem não canta é o Kanye'

Banda paulistana lança o disco conceitual 'Boombox arcade', sobre games.
Vocalista DH diz que briga com Pe Lanza, do Restart, 'foi uma batalha épica'.

Braulio LorentzDo G1, em São Paulo

A banda paulistana Cine (Foto: Divulgação)A banda paulistana Cine (Foto: Divulgação)

Diego Silveira é  vocalista do Cine, tem 24 anos e fala de sua banda como se ele fosse um empresário. Em entrevista ao G1, ele diz que já estudou o perfil das fãs e que o recém-lançado CD "Boombox arcade" não chega a ser uma ópera electro-rock, embora as intenções cheguem perto disso.

Em um disco conceitual com músicas que correspondem a fases de games, o grupo antes ligado ao rock colorido pesa a mão na house music e no auto-tune, recurso usado por rappers e divas para distorção da voz. DH, como o cantor é conhecido, critica artistas do hip hop que fazem uso de vocais "auto-tunados". "Lil Wayne e Kanye West não cantam nada. No show, usamos o gogó", garante.

Em papo por telefone, ele também comenta a eterna rivalidade com o Restart. "Eles eram nossos fãs, ajudamos o Restart no começo. As comparações abalaram os dois. A rivalidade foi natural, cada um queria se impor e mostrar que é diferente um do outro. Foi uma batalha épica", resume, com bom humor, citando a ex-namorada de Pe Lanza (a atriz Giovanna Lancellotti) como um dos motivos das brigas. Leia a entrevista:

Cara, acontece bastante entre os rappers. Eles colocam o efeito porque eles não cantam nada. Lil Wayne não canta nada, Kanye West não canta nada. No nosso show, vamos no gogó, não somos como esses gringos. É um recurso, achamos o efeito interessante. A galera fala que nos achamos moderninho, que é uma m... "
DH, vocalista do Cine

G1 - O disco é conceitual. Como surgiu a ideia de ter uma estrutura que lembra um game? Seria uma ópera electro-rock?
DH - [Risos] Não chega a tanto... É um  pouco menos. É mais uma brincadeira. Tentamos agregrar um conceito, algo que a gente não tinha feito até então. É uma brincadeira meio retrô. É um nome meio retrô. As faixas têm intros 8-bits, que dão uma cara para a música antes de ela começar. As canções com pensamento mais maduro ficam no final. A gente já tinha as faixas prontas e pensou no conceito no fim. A capa parece um cartaz de game e o assunto está na moda. Ficou do jeito que todo munto queria, tem um flerte com os anos 80 e 90 em algumas músicas.

G1 - Por causa dos efeitos, a voz do Buchecha está quase irreconhecível [na música 'Reset']. A sua voz também é bastante alterada. Por que essa opção?
DH - Quando a gente escreveu a música, por ser bastante eletrônica, ficou assim. As músicas pediam efeito na voz, são mais puxadas para o electro-house. O Buchecha também está entrando nessa onda no novo trabalho ele. Foi um interesse dos dois. O CD tem bula. Só assim para saber que é ele. A voz ficou muito diferente com o auto-tune.

G1 - Existe gente que diz que auto-tune e outros desses truques só são usados quando o vocalista não canta bem. Esse tipo de crítica chega até você?
DH - Cara, acontece bastante entre os rappers. Eles colocam o efeito porque eles não cantam nada. Lil Wayne não canta nada, Kanye West não canta nada. No nosso show, vamos no gogó mesmo, não somos como esses gringos. É um recurso, achamos o efeito interessante. A galera fala que nos achamos moderninho, que é uma m... Não achamos que é algo futurista. Dizem que queremos ser o Daft Punk. Foi isso que fez "Garota radical" bombar. Querendo ou não, não tem como fugir. Os fãs gostam, a gente também.

O quinteto Cine lança o disco 'Boombox Arcade', espécie de ópera electro-rock sobre games (Foto: Divulgação)Cine lança o disco 'Boombox Arcade', espécie de ópera electro-rock sobre games (Foto: Divulgação)

G1 - Como foi abrir para o Justin Bieber?
DH -
Foi nossa segunda vez no Morumbi, após tocar com o Jonas Brothers. Ficamos bem nervosos. Tem um monte de fãzinha do Justin Bieber, você não pode soltar um "c..." ou um "f...". É uma "responsa". A partir da segunda música, ficamos mais tranquilos...

Já rolaram atritos entre eu e o Pedro Lanza. Partimos para o lado pessoal. Eles eram nossos fãs, ajudamos o Restart no começo. A rivalidade foi natural, cada um queria se impor e mostrar que é diferente um do outro. Foi uma batalha épica"
DH, vocalista do Cine

G1 - Para você, quem é o maior hitmaker do Brasil?
DH -
O Chorão é um hitmaker sem sombra de dúvida. A galera do sertanejo lança hit atrás de hit. O Luan Santana tem as músicas do Sorocaba. A galera do NX Zero também tem hits. Lulu Santos, Buchecha. Mas, se for para eleger um, fico com o Chorão. A voz dele criou um padrão no Brasil. Todo mundo ouve e bota fé na hora. Ele faz músicas muito boas. O Latino é hitmaker, mas é mais do brega. Ele é muito engraçado, um figura.

G1- E como você define o som do Cine, seria electro com pop rock?
DH - Estamos entrando no pop. Se você coloca muito rótulo, o pessoal não entende. Para eles, só existem pop, rock, samba, axé e sertanejo. Nunca fomos roqueiros. Sempre falamos que temos um apelo do rock no palco, mas não entramos nessa vertente. Temos como referência Ke$ha, com músicas simples, métrica legal, gruda bastante; B.o.B. e Bruno Mars.

G1 - Nas comparações com o Restart, você costuma dizer que o Cine dialoga com um público mais velho do que o deles. Continua pensando assim?
DH -
Acho que sim. Já conversamos bastante e estudamos nossos fãs. O perfil é de 14 a 20 e poucos anos. Os fãs do Restart são um combo: pais com filhos de sete, menininhas de doze. São uma molecadinha. Acabamos não tendo esse tipo de fã. Tentamos trazer o lance mais eletrônico, falando mais sobre curtição. Agora de um jeito mais maduro.

G1 - Você ainda vê uma rivalidade entre Restart e Cine? Seria como o Blur x Oasis do rock colorido brasileiro?
DH - Já rolaram atritos entre eu e o Pedro Lanza. Partimos para o lado pessoal após uma comparação em massa sobre as bandas. O que aconteceu foram os dois fazendo sucesso ao mesmo tempo. Eles eram nossos fãs, ajudamos o Restart no começo. As comparações abalaram os dois. A rivalidade foi natural, cada um queria se impor e mostrar que é diferente um do outro. As duas bandas faziam sons parecidos. Eles eram extravagantes no vestuário, a gente só tinha alguns elementos. Da minha parte, rolaram atritos bem chatos. Apareceu na mídia o lance da Giovana [Lancellotti, atriz], que é ex-namorada dele. Nunca partiu para extremo nenhum. Eu converso com o Pedro Lucas. Foi uma batalha épica.

G1 - O Pe Lanza recentemente pegou a Ellen Jabour [modelo, durante o festival SWU]. Quem você vai ter que pegar agora para dar o troco?
DH - [Risos] Eu já passei dessa fase. Estou namorando sério há um ano. Planejo ter filho. Sempre foi minha meta ter cachorro, ficar velhinho, morrer com uma mulher do lado. Ele tem que aproveitar a fama, mas tomar cuidado.

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