A novela da Globo “Verdades Secretas” conquistou o Emmy Internacional, o maior prêmio da TV mundial. Os vencedores foram anunciados na noite de segunda-feira (21), em Nova York.
Quente, só a cor do tapete. Na porta do hotel, a sensação térmica de menos um grau se misturou à ansiedade.
Repórter: Friozinho na barriga?
Grazi Massafera: Friozinho está no corpo inteiro. Nova York está um gelo.
Entre os conhecidos do público e quem trabalha atrás das câmeras, 40 concorrentes do mundo inteiro disputaram dez categorias do Emmy Internacional. A Globo com o maior número: seis indicações.
Alexandre Nero sabia que a disputa era difícil: “Já está aqui já é uma grande conquista. Agora, conquistar, ao lado do Dustin Hoffman, isso é mais mérito ainda. Estou torcendo para ele.”
Ele concorreu na categoria melhor ator, pelo papel de Romero Rômulo, um ex-vereador corrupto, em "A regra do jogo". Mas o veterano e favorito Dustin Hoffman ficou mesmo com o Emmy.
Grazi Massafera, que fez Larissa, a modelo viciada em crack em “Verdades Secretas”, disputou o prêmio de melhor atriz. Quem levou a estatueta foi a alemã Christiane Paul.
O programa "Zorra", com redação final de Marcius Melhem, Celso Taddei e Gabriela Amaral, e direção artística de Maurício Farias, concorreu na categoria comédia. O prêmio ficou com um humorístico do Reino Unido.
A cerimônia, no mesmo hotel onde Donald Trump comemorou a vitória na eleição, teve piadas e discursos contra o presidente eleito.
A atriz Fabiana Karla apresentou um dos prêmios e falou sobre a importância dos imigrantes.
Na categoria "reality show", o representante brasileiro foi o programa "Adotada", da Formata Produções e Estúdio São Paulo, exibido pela MTV Brasil. A Suécia ficou com o prêmio.
"Os experientes", uma coprodução da Globo com a O2 Filmes, disputou na categoria minissérie e filme para TV. Os quatro episódios tiveram direção-geral de Fernando Meirelles e Quico Meirelles, e direção de gênero de Guel Arraes. Uma produção britânica ganhou.
O Brasil mostrou sua força na categoria novela. Duas produções da Globo concorriam com uma canadense e outra das Filipinas. "A regra do jogo", de João Emanuel Carneiro e direção artística de Amora Mautner; e “Verdades Secretas”, de Walcyr Carrasco e direção artística de Mauro Mendonça Filho. “Verdades Secretas” venceu. No palco, o autor agradeceu em inglês, emocionado.
O maior prêmio da televisão é, mais do que tudo, o reconhecimento do trabalho em equipe. E quando o Emmy chegou, a vitória foi celebrada como tem de ser: entre muitas mãos.
A estatueta foi passando de um para o outro até o clímax, com o refrão que virou símbolo de “Verdades Secretas”.
A novela explorou o lado obscuro do mundo da moda, e falou de temas polêmicos, como prostituição.
“A gente trabalha muito, anualmente a gente quer o melhor, a gente entrega, a gente faz com paixão, e ter o respaldo do público internacional não tem nada igual”, disse André Felipe Binder, diretor-geral de “Verdades Secretas”
“Me emociona muito ter ganho esse prêmio por essa novela, porque mostra que a gente pode ousar, a gente pode ir além, porque o público sabe respeitar, sabe receber”, afirmou Walcyr Carrasco.
A criatividade é reconhecida numa longa lista de prêmios Emmy conquistados pela Globo.
O primeiro veio em 1981, com o musical "A arca de Noé", dirigido por Augusto César Vanucci. No ano seguinte, venceu o especial "Morte e vida severina", com direção de Walter Avancini. Em 1983, o jornalista Roberto Marinho recebeu o prêmio de "Personalidade mundial da televisão".
Na estreia da categoria melhor novela, o Emmy foi para "Caminho das Índias", de Glória Perez, com direção-geral de Marcos Schechtman.
Dois anos depois, o Jornal Nacional ganhou o Emmy de jornalismo com a cobertura da retomada do Complexo do Alemão, no Rio, pelas forças de segurança pública. E, na categoria novela, a vencedora foi "Laços de sangue", uma coprodução com a SIC, exibida em Portugal.
No ano seguinte, outra novela premiada: a versão de "O astro", de Janete Clair, com direção-geral de Mauro Mendonça Filho, e também a comédia "A mulher invisível", uma coprodução com a Conspiração Filmes, dirigida por Claudio Torres.
Em 2013, além do prêmio de melhor atriz para Fernanda Montenegro, a novela "Lado a lado", com texto de João Ximenes Braga e Claudia Lage e dirigida por Dennis Carvalho e Vinícius Coimbra, também levou a estatueta.
Em 2014, a novela vencedora foi "Joia rara", de Duca Rachid e Thelma Guedes, com direção-geral de Amora Mautner. E o presidente do Grupo Globo, Roberto Irineu Marinho, foi reconhecido como "Personalidade mundial da televisão".
Em 2015, mais dois prêmios Emmy: para a novela "Império", de Aguinaldo Silva e direção de núcleo de Rogério Gomes, e para a comédia “Doce de mãe”, uma coprodução com a Casa de Cinema de Porto Alegre, com direção de núcleo de Guel Arraes e texto de Jorge Furtado.
Com a vitória de segunda (21), a Globo passa a ter 15 prêmios Emmy Internacional na prateleira. Um sinal de paixão pela televisão, do desejo de surpreender e inovar.
“Quando eu falo de cultura, quando eu falo do país, eu acho que tem orgulho para os nossos funcionários, para os nossos 12 mil talentos que ajudam a construir esse conteúdo tão bonito e ao mesmo tempo o espectador brasileiro que recebe isso e certamente tem orgulho daquilo que vê no ar todos os dias”, disse o diretor-geral da Rede Globo, Carlos Henrique Schroder.