No horizonte, a equipe do Globo Repórter avistou o ponto de destino. Encoberta pela neblina da manhã, a Serra da Fumaça. A equipe passou pelos pequenos rios que descem das montanhas. Em busca de um tesouro nas terras do Semiárido, a 400 quilômetros de Salvador.
De longe, é possível ver as cachoeiras. A fartura de água faz da região um oásis de mata verde e flores coloridas. Pela frente, uma longa subida. O guia da equipe tem que abrir caminho com o facão. E tem muita urtiga, de um lado e do outro.
“Aqui é o nosso laboratório a céu aberto, e aqui, a gente fazendo pesquisa, cada vez mais descobrimos novas cachoeiras, novos lugares. Nós temos catalogados aqui já mais de 90 espécies de aves, mais de 50 espécies de orquídeas, isso aqui é um verdadeiro paraíso para um biólogo”, explica Rangel Carvalho, biólogo.
Planta silvestre ajuda a superar subida até o Vale
O paraíso dos pesquisadores é um pesadelo para quem enfrenta a trilha pela primeira vez. Rangel tentou encorajar a equipe do programa. Toda hora ele dizia que a equipe já estava chegando. Depois de quase duas horas de escalada, o peso da idade, o cansaço foi batendo, mas o biólogo Rangel tinha uma plantinha milagrosa que ajudou desde o início da subida. É uma planta silvestre, que tem que ser amassada e deve se fazer uma inalação. Com duas, três respiradas, e já é possível sentir o ar da altitude, e dá vontade de continuar subindo.
Mais alguns metros e a equipe do Globo Repórter ficou de frente para duas grandes quedas d'água. Parece incrível, em pleno Sertão baiano, encontrar um conjunto de cachoeiras com água perene. Uma delas tem 290 metros de altura, e vem de um rio que nasce no alto da Serra da Fumaça. Do outro lado, existe outra cachoeira muito alta. São seis ao todo, em uma região onde não mora ninguém. No local, não tem turismo e os ambientalistas estão lutando para transformar toda a área em um parque nacional, uma área de preservação ambiental.
A água que desce da montanha é limpa e cristalina. É um bom momento para refrescar um pouco, lavar o rosto com água gelada. A água é tão pura que pode até beber. Ela nasce, em cima da Serra, e vem descendo pelo meio da vegetação, e depois começa a formar uma das cachoeiras. É o Riacho das Neves.
Na Cachoeira do Ventador, uma das mais bonitas da área, é possível ver sete pequenas quedas antes da água despencar lá embaixo.
“Ela fica sempre com água. O ano todo ela tem essa quantidade de água e na época de final de ano, que é a época das trovoadas aqui na Bahia, ela aumenta seu volume. A gente tem uma necessidade muito grande de preservar tudo isso. É a caixa d'água dessa região e abastece uma quantidade imensa de pessoas e há uma necessidade muito urgente, não só pela disponibilidade de água, mas pela riqueza dos recursos naturais que tem nessa região”, explicou Rangel Carvalho, biólogo.