Talvez por ter crescido tão rapidamente em pouco tempo, só 40 anos, Omã ainda tem parte de sua história, viva, intocada.
Um exemplo é a antiga capital do país, Nizwa, que no passado era um lugar totalmente fechado para os ocidentais e controlado pelos imãs, os líderes religiosos.
Só há pouco tempo, os estrangeiros começaram a descobrir esta parte de Omã. Uma das grandes atrações é o forte que domina a cidade, construído no século XVII , onde tudo lembra o passado.
Uma viagem no tempo. É exatamente assim que as pessoas se sentem quando chegam à feira semanal de Nizwa, que acontece em um mercado. Gente de todo o país vai para lá vender e comprar produtos.
Os comerciantes parecem personagens de um filme épico. Dá para imaginar, hoje, gente que negocia cabras, carneiros, ovelhas, desta maneira? É um típico mercado árabe. Muito barulho. Calor. Centenas de pessoas juntas tentando fazer o melhor negócio.
Os animais são avaliados pela idade, tamanho e força. Desfilam com seus donos para mostrar suas melhores características. No meio de tantos tipos diferentes, encontramos duas brasileiras curiosas.
Repórter: Vocês já tinham visto algo assim?
Turistas: Não, é muito louco. Muito doido.
Repórter: e vocês mulheres aqui sozinhas, não têm medo não?
Turistas: Não, é muito tranquilo.
As brasileiras falam árabe. Então, pedimos ajuda delas, para conversar com algumas beduínas. Mas não adiantou. Elas compram e vendem, mas falar nem pensar.
Mantendo a tradição, as mulheres beduínas também estão no mercado. Atentas, elas acompanham tudo. Não perdem nenhum detalhe.
E o vendedores dizem que as mulheres são poucas, mas são as melhores negociantes. O que o beduíno queria, era vender o cabrito. Preço? O equivalente a R$ 200. A repórter diz que não quer, mas tenta vender de qualquer maneira.
Na maior feira de Omã, tem um pouco de tudo. Não podemos esquecer, ela faz parte da história do país.
Entramos em um setor muito especial do mercado. É a parte onde é feita a comercialização de armas. Eles vendem e compram armas. E tem uma tradição que eles vendem facas. E tem um detalhe superinteressante: eles usam uma arma branca, uma faca, chamada khanjar, e quando eles precisam de dinheiro, a situação aperta, eles vão até este setor do mercado para vender, o khanjar que é uma coisa que eles têm o maior carinho.
O khanjar é importante porque ele é principalmente um símbolo de masculinidade. Todo menino ganha um quando se torna um adulto. Até pouco tempo, todo homem de Omã usava, com orgulho, essa arma na cintura.
Hoje, o khanjar é usado basicamente como parte do traje do noivo na cerimônia de casamento.
Aprendemos isso quando participamos de um casamento triplo num campo de futebol. Foi na cidade de Mascate a capital do país.
Cerimônia de casamento em Omã é diferente de tudo o que a gente conhece. Acompanhamos um ritual de casamento. E os noivos são Hamed, que tem 23 anos, Aiub que tem 32 e o Ualib, que tem 23.
O casamento é na verdade a cerimônia em que o noivo se compromete publicamente a cuidar daquela mulher. O casamento acontece em dois rituais diferentes. Em Omã, só os homens participam. As noivas comemoram com suas famílias em outra parte da cidade.
Normalmente mulher não pode participar da cerimônia. Depois dos cumprimentos, é hora do jantar. Eles no chão mesmo. E chega a hora da família de um dos noivos comemorar. E são elas, as mulheres, que fazem a festa.
A mesma cerimônia de casamento, mas os climas são totalmente diferentes. No campo os homens celebram tranquilos. Já na festa das mulheres, a diferença já começa no som.
A chegada da equipe é uma surpresa. Elas não estão acostumadas com gente de fora. Muitas escondem o rosto. Mas são animadíssimas.
As roupas são coloridas, roupas de festa, cada uma tem a roupa mais bonita que a outra. Mulher é completamente diferente. Os homens estavam todos de branco, formais. E elas, lindas. Cada uma tem uma roupa mais bonita.
Como em qualquer festa de casamento, as mulheres escolhem as suas melhores roupas, e usam as suas mais valiosas joias. Para as mulheres, festa é dia de ser feliz. E elas são mesmo. Uma das meninas até ensina a repórter a dançar. Elas dançam muito. Num ritmo bonito, sensual.
Glória Maria comenta que a jovem é uma dançarina maravilhosa, e diz que tem que nascer de novo para aprender. Quem também está aprendendo muito por é Iva, uma brasileira que chegou há seis anos atrá em Omã com o marido sueco.
Quando escolheram a casa para morar, a primeira surpresa. Salas separadas para homens e mulheres. “Quando a gente entra pela porta tem uma sala para cada lado. Então eles vão para um lado e as mulheres para outro”, explica a brasileira.
A sala da mulher é menor e é perto da cozinha. A do homem, é maior e tudo mais confortável.
Iva adora Omã, e vive bem, está adaptada. Ela diz, por exemplo, que adora passear no deserto. Mas que tem saudades. “Família é claro que a gente sempre lembra, tem saudade. Os amigos, a chuva, que não tem tem Omã. E também do pão de queijo”, comenta a gerente de Marketing.
E existem coisas que ela levaria para o Brasil. “Levaria esta segurança de poder sair, passear. Ir a praia, ao deserto com tranqüilidade, isso seria uma coisa muito boa”, analisa Ira. Ela considera Omã um paraíso, um oásis da paz no meio do mundo árabe.