Guia de carreiras

Por Ana Carolina Moreno e Tatiana Regadas, G1


Guia de carreiras - medicina: após cinco vestibulares, caloura dá dicas de estudos

Guia de carreiras - medicina: após cinco vestibulares, caloura dá dicas de estudos

A estudante Teresa Leite, de 20 anos, concluiu na semana passada as provas de morfologia do corpo humano, enfermagem e bioquímica, suas últimas do primeiro semestre do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, no Centro de São Paulo. Ela começou neste ano a realizar um sonho que a levou a tentar cinco vezes o vestibular para a carreira, incluindo a primeira vez, como treineira.

Foram três anos apenas dedicados ao cursinho pré-vestibular, além das provas "valendo a vaga" no terceiro ano do ensino médio, e da prova só para praticar, no segundo ano.

Veja abaixo algumas dicas da caloura de medicina de 2017 aos estudantes que se preparam para os vestibulares de 2018:

Prepare-se para o choque de realidade

A jovem explica que precisou se adaptar à condição de "vestibulanda de medicina" depois de concluir o ensino médio e passar a se dedicar totalmente ao ingresso no ensino superior. "Quando você decide prestar medicina, todo mundo te aconselha a ser paciente porque 'tem que estudar muito', 'a média de cursinho é de dois anos para mais' etc. Então você tem noção da realidade", afirmou ela.

"Mas você nunca acha que vai se encaixar nisso. Você estava acostumado a estar entre os melhores alunos do colégio e agora você é só mais um nesse mar de gente que está disputando as mesmas vagas. É um choque de realidade."

Drible a insegurança

Teresa alerta, porém, que esse choque de realidade não pode deixar o vestibulando inseguro sobre suas chances, e atrapalhar sua preparação. "É bem difícil achar forças para continuar estudando depois de reprovar tantas vezes. Acho que o emocional tem que estar bem forte para lidar com toda essa pressão, porque senão você não aguenta mesmo", explicou ela.

Uma dica que a jovem dá aos vestibulandos é manter sempre em mente o motivo pelo qual eles decidiram trilhar esse caminho. "Eu me motivava vendo a situação dos moradores de rua aqui de São Paulo, pensando que eu precisava continuar estudando para algum dia poder ajudar a saúde deles e de tantas outras pessoas." Teresa afirma que um de seus planos de vida é possivelmente um dia trabalhar na ONG Médicos sem Fronteiras.

Teresa Leite, de 20 anos, fez três anos consecutivos de cursinho integral de medicina, e hoje é caloura da Santa Casa, em São Paulo — Foto: Tatiana Regadas/G1

Priorize o cuidado com a saúde mental

Pode parecer frase de auto-ajuda, mas Teresa garante que, no ano em que finalmente conseguiu ser aprovada em medicina, ela estudou menos da metade do tempo de anos anteriores, quando viu as vagas serem preenchidas por outros candidatos. "Meu conselho para todos os que estão prestando é sempre priorizar a saúde mental, é mais importante do que fazer todas as tarefas do cursinho."

A jovem afirma que, no ano anterior à aprovação, ela chegou bem perto de conseguir uma vaga, mas terminou o ciclo de vestibulares mais uma vez de mãos vazias. "Eu fiquei muito perto de passar no meu segundo ano de cursinho, então, quando não passei em nada, foi um choque que serviu para me alertar que o que faltava não era estudo, mas condição emocional para encarar o vestibular. Então eu cuidei do meu estado emocional."

"No último ano de cursinho, eu não estudei nem metade do que tinha estudado no segundo, e hoje na faculdade conheço muitas pessoas que fizeram isso também."
(Teresa Leite, caloura de medicina na Santa Casa)

Ela diz que, em vez de passar todo o tempo estudando, se dedicou a tarefas igualmente importantes, como driblar a "insegurança de cursinho" e a pressão (interna e externa) sofrida pelos aspirantes ao curso de medicina.

"Tinha plena consciência do que eu sabia e do que eu não sabia também. Comecei a ver uma psicóloga e me estabilizei emocionalmente, e estudava para lapidar o conhecimento que eu já tinha pelos anos anteriores. Cheguei na hora da prova muito mais madura e confiante. Acho que conhecer suas limitações faz com que você não se desespere."

Faculdade pública x privada

Filha de uma médica, Teresa afirma que só decidiu se inscrever para vestibulares de universidades particulares em 2016, na sua quarta tentativa a sério. "[A Santa Casa] não era minha primeira opção", disse ela ao G1. "A princípio só prestava faculdades públicas. Então, no segundo ano [do ensino médio] prestei só Fuvest [que dá vaga para a Universidade de São Paulo]. No terceiro [ano do ensino médio] e nos dois primeiros anos de cursinho prestei Fuvest, Unicamp [Universidade Estadual de Campinas], Unesp [Universidade Estadual Paulista], Enem mais a prova mista da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo], Famerp [Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto] e Famema [Faculdade de Medicina de Marília]."

Já no último vestibular, ela também tentou vaga nos cursos da Pontifícia Universidade Católica (PUC), na PUC de Campinas e na Faculdade de Medicina do ABC.

Mas foi na Santa Casa, sua segunda opção na Fuvest, que ela acabou conseguindo uma vaga, depois de tantas tentativas.

Ela admite que cogitou seguir estudando durante mais um ano e tentar uma vaga em universidade pública, já que a mensalidade do curso na Santa Casa supera os R$ 5 mil. Mas foi incentivada pela mãe a fazer a matrícula. "Ela me apoiou bastante, inclusive eu, no começo queria fazer mais um ano de cursinho por causa do custo, e ela que insistiu para que eu viesse porque ela sabia da qualidade da Santa Casa", lembra.

Depois do primeiro semestre de aulas, a jovem afirma que o conselho de sua mãe valeu a pena. "Hoje eu só tenho a agradecer esse empurrão dela porque a Santa Casa é maravilhosa! Eu realmente me encontrei aqui dentro, e não me imagino mais fazendo faculdade em qualquer outro lugar", diz Teresa.

"Ainda mais porque, aqui na Santa Casa, a gente tem muito contato com os pacientes! Pelo menos uma vez por semana a gente está no hospital conversando com eles, ou na aula de enfermagem ou na de propedêutica (nela a gente aprende a fazer as perguntas certas para os pacientes). E é esse contato que está fazendo a diferença, a gente vê a queixa do paciente um dia, e no outro já estamos na aula teórica aprendendo sobre a doença dele."

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