![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfuRVFygQDEcppbIDJAIi0rumhoZLEkpPZFrY6dEJB_-0-QAHwQhj0vp_BFpwmCOkhxpcBIMUaMFIAtZnTJtCytInIiV0nEvMkRbw3lHUAYagAjeHBMe1jGjRiF-p_djPZb6I/s400/p.jpg)
Vou ter de arranjar tempo não sei como, de inventar dias com vinte e seis ou vinte e sete horas, isto porque dormir menos do que necessito é coisa de que não gosto nada, como também ficar na cama depois de acordar. O sono é um dos melhores bens da vida, sabêmo-lo, embora às tantas a gente começe a pensar que esvair um terço da existência nesse torpor inconsciente é um desperdício; que Deus ou o Big Bang deveriam ter disposto acerca do sono diário com a mão mais fechada.
Enfim, este
amouse-bouche é para dizer que só hoje venho com o prato forte do almoço de domingo de há uma semana. Duas
paelleras de
paella marinera, a de cima com as asas encarnadas e a de baixo, na última imagem, atrás da garrafa, com asas verdes.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_cUxihiswgfPrEs-KnHLijeKAHTyj67lFMlBlYMNohxhcsTyktsF0ApNDZ8tKf_9Y7ZoGPZAdU6a1G_iAxN1LJlI_ExKi3Xo_CvagKHEkUMj4QHxttjqDKOzRiTbv-P3lXJI/s200/p1.jpg)
Trouxe de Espanha os lagostins de mar e de rio, bem como o arroz Bomba. De cá, foi tudo o resto, salvo os camarões, penso que do tamanho 40-60, que eram de Madagáscar e que estavam inteiriçados numa das muitíssimas ilhas de gelo do
Sr. Azevedo. Cerca de 500 g de cada um dos lagostins, um pouco menos de camarões e ainda umas quatro lulas, julgo que da nossa costa. Do mesmo Sr. Azevedo vieram 2 kg de mexilhões.
Para a calda da paelha, fiz um um
fumet com uma cabeça de pescada congelada (queria uma de corvina fresca, não a arranjei), 1 cenoura grossa, 1 alho francês e 1 cebola média às rodelas, 2 dentes de alho, 1 ramo de salsa, sal e 1 punhadito de pimenta preta em grão . Ao contrário das receitas que tenho para aqui, no
fumet não usei vinho branco, não fazia sentido para uma calda de arroz. Fervilhou em lume mínimo durante uma hora, coei-o e, mais tarde, viria a juntar-lhe a água de cozer os lagostins de mar e o líquido que os mexilhões largaram quando foram abertos. Como éramos cinco, usei 500 g de arroz Bomba e 4 vezes o seu volume de
fumet.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYO9NjxV0miytRRkJNdDlrBFimgsh1NVAsv9CvIGehz_ndkt8rYaEKmZEDa7A6e1IDsSWR7C710nCXvdSU1ziZz6Kx51zDGFINeiulBmHKMDVDrbPvyA_XMfFQ3j5lbh6PiMk/s200/p2.jpg)
Fiz um refogado, na própria
paelhera, sobre o espalhador, com uma cebola bem picada, até ficar macia e transparente. Juntei-lhe dois tomates médios ralados, sem sementes nem pele, e deixei apurar.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw8TOr7OvC23J3nNFPOWG1T9QUIgs8eP4X7F2AZPjjAJ584pKe-FIjPEBHEjgms2pVlqD3is5j2eXx34A8k1bqZzHDKTszaXEf4yvtdSB7uYA0-mcEYtIZLgzCdlk3a_kUKDE/s200/p3.jpg)
Cortei as lulas aos anéis e deixei-as cozer nesse refogado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2evaMyZiwCJuK4JOXe1pOd5z8TNicJirLieiUW98P8H0FY8OUNPxP67xzhPglO1eNTjBoE5DfcO_BRe7WVWQ64Z1WaFeFc8vyIQQBwa66swNGvgYnU7HPDJzRvqrgFGNUGbc/s200/p4.jpg)
Distribuí as lulas e o refogado pelas duas
paelleras. Numa pus 300 de arroz g, noutra, por ser mais pequena, 200 g.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE8l2y8GttwPhnE7vpxteHeI__nU9OqKiA6t9iefLbEWB7iTovE6NAFarM-_TTyGep3sDyDHkxd9iE8xfZwDOQo9VSPoenfLb5y5WiQIg9sRbJHNL5z3e0bVjRDGU_RMX_5qg/s200/p6.jpg)
Num almofariz, esmaguei, com sal grosso, dois dentes de alho, uma ramo de salsa, um pacote de estames de açafrão, uns 2 g, massa que viria a juntar nas
paelleras quando adicionei a calda.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3U5fbnvYmPLhNkAKGxLtp52TJEDrF3vSmesmyrg6VjNjWYbWB17It0X6CogOLKNAWdk7fRpj_cM_38n4IAVXws_kBDoI1oCzsPCXRr3vI_7KPwLwQ7fo8V54ay8BAcqB-BTY/s200/p7.jpg)
Como vegetais, entraram o pimento e meio assado que deixara da
samfaina, feijão verde cortado, a que dei uma entaladela antes num tacho com água e sal, as ervilhas cozidas 4 minutos, também com água (já quente) e sal, no microondas, com que ficam muito verdes e bonitas. As cenouras baby, essas seguiram cruas para a confecção da paelha, por serem muito tenras.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdRlNyWqTn2tgSxyU0AFch2Hgm_7Zj_LE1oLZcr9M10AmtSlVUpqL_QppZ5iACunG5qEFsdLbZFOrzlFkLAi62pG_kPGY0tPhwzi897Tg8GH284eo3lO4jrOeMaSmMS-k-JlE/s200/p11.jpg)
Aqueci o
fumet coado, rectifiquei de sal e juntei um pouco de corante amarelo alimentar. A calda deve ficar sobre o salgado, para este ou para qualquer arroz seco ou apenas húmido como os arrozes valencianos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCldo0APmOnaOMMlsYww7MGJdFpajyNpFTxcHRM9aovcI4lIJyVx3-oti3GsQEhAaABm_8bgdMilogaUtUB-h8L9iEejUWLWG65l_R37quXGMXW416iHKJS4DplMxQVTJ6x04/s200/p12.jpg)
Coloquei a paelhera sobre o espalhador e adicionei a calda e os vegetais ao arroz.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBYdXMHrC40x35t5bnBR4s-oBu37yvTeIk_oYTDFnLme7zLWIi0Ko3ebsd6a5i5gIgpFkmmzPxzE0dj5NEhnmHHwJjZ9uJ0IuhEtpn4yfAxtHUQqqnyHCa8uT7l0zkZP0ahoE/s200/p8.jpg)
Tinha, entretanto, descascado os camarões em cru, deixando-lhes a cabeça e a cauda.
Pus acima a imagem da paelha para se ver que ela deve ferver em toda a superfície, com o lume distribuido pelos dois anéis do espalhador. É um dos segredos da paelha. Outro é a quantidade de calda. Outro ainda é não usar muito arroz numa só paellera, o ideal é 3 a 3,5 cm de altura depois de feito (vê-se pela altura do líquido e, em ultima análise, com a prática).
Quando a água estava já a desaparecer, enterrei os camarões no arroz e, no fim de 14 minutos de ter levantado fervura, apaguei o lume e tapei o arroz durante pouco mais de 5 minutos.
Acompanhou-se a paelha com o alvarinho galego
Vionta 2006, um vinho elegante, fresco, a encher a boca com uma longa persistência, cujos aromas mais notados por mim foram de mel e de bolos. Dar-lhe-ia a nota de 8,5 em 10. Outro casamento perfeito, o deste vinho com a
paella marinera, que difere da mais comum por não levar carnes (frango, coelho, entrecosto).
É um prato bonito. Estava uma rica paelha (ou uma paelha rica?). Como-o com agrado, mas não me perco por paelhas. Prefiro bem mais
este arroz, por exemplo. Penso que somos nós quem dá cartas quanto a arrozes na Península Ibérica. Pelo menos, para meu gosto. Só que a paelha é mil vezes mais mediática que o nosso inigualável arroz de forno em dia de assado, para só falar deste arroz cada vez mais em vias de extinção, creio.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY0e5ZZ_qmPfRboL0Ah-jPU0ynrH8OAUG2tMtRT2gtLHQdbw9svfS3l0RZAsFIMK5WLbXQgqS_PQ1AGvhyln1-yeQ6BcrC8b5QmXvgo4fYCGpBaK_20I71D0iH_NHACT0FDHc/s400/p10.jpg)