Há
dois anos em atividade em uma sala cedida pela Infraero, no
antigo Aeroporto Pinto Martins, o projeto do Clube de Artes
e Ofícios, tendo à frente a musicista e professora
Elaine Batista, vem oferecendo a crianças e jovens
carentes da Vila União e de bairros vizinhos uma oportunidade
de trilhar os primeiros passos na educação musical.
Até o momento, cerca de 60 crianças foram beneficiadas
pela iniciativa, que este ano deverá quadruplicar o
número de alunos atendidos, abrindo novas turmas, com
ensino de flauta, violão e leitura e escrita de partituras.
Em perspectiva, a criação de um centro de capacitação
cultural
O projeto teve oinício em 2003, quando a Infraero,
que em períodos anteriores já mantivera um Centro
de Artes e Ofícios, resolveu bancar a realização
de cursos de iniciação musical para crianças
do bairro Vila União, onde por muitos anos funcionou
o aeroporto Pinto Martins. A idéia era promover a integração
do espaço, até hoje sediando outras atividades
que não a aviação de passageiros, com
os moradores do bairro e das áreas vizinhas. “A
área do antigo Clube de Artes e Ofícios foi
cedida pela Infraero, com o objetivo de fazer essa unidade
do bairro em torno do aeroporto. Começamos com pessoas
carentes da Vila União e agora estamos passando pra
outros bairros próximos ao aeroporto, como a Serrinha”,
detalha José Daniel, superintendente em exercício
da Infraero.
Assim, além de ceder uma sala de aula e outros espaços
para estudo e ensaios, a empresa arca com o pagamento de uma
professora - a musicista Elaine Batista -, com a doação
de instrumentos e com um apoio logístico às
crianças, que inclui de lanches nos dias de aula (duas
vezes por semana) ao transporte para passeios culturais feitos
uma vez por mês. Quando da formação da
primeira turma, Elaine procurou as associações
de moradores do bairro e a catequese local, a fim de divulgar
a iniciativa e congregar crianças potencialmente interessadas
em música, para dar início ao projeto. A preocupação
de não incorrer em um oferta de assistência artificial,
estranha à comunidade, é salientada por Elaine:
“O projeto foi pensado pra atender as comunidades das
adjacências do aeroporto, sempre respeitando o que a
comunidade quer, aquilo de que os jovens gostam, acham necessário
fazer”.
A professora explica que a idéia inicial do projeto
era a formação de um centro de capacitação
em diversas áreas. “Pensamos em oferecer vários
cursos, de produção cultural a cenografia, de
teatro a vídeo. Começamos com a música,
com o grupo de flautas, que foi mais viável de início,
atraindo 27 crianças na turma de 2003 e mais ou menos
ou mesmo número em 2004. A ponto de agora estarmos
tentando formar uma pequena orquestra, a partir de novas turmas”,
destaca. Os novos grupos, a serem iniciados este ano, incluirão
aulas de violão, bastante procuradas pelos adolescentes,
e aprendizado de leitura e escrita de partituras, em aulas
destinadas a músicos práticos, que se ressentem
de um maior embasamento de teoria musical.
Os planos de expansão das atividades do projeto, para
este ano, incluem a continuidade da parceria com a Associação
Arte Conjunta, atuante no bairro, e com o recém-criado
Conselho Regional de Assistência Social, além
de perspectivas de amealhar mais apoio por parte da iniciativa
privada. “Com o pessoal do Conselho, queremos encontrar
formas de garantir que as crianças, uma vez iniciando
no projeto, não abandonem as aulas. Por diversos motivos,
algumas delas ficam em um entra-e-sai, o que prejudica o resultado
final do trabalho. Pensamos em uma bolsa, além do forte
acompanhamento das famílias”, revela Elaine.
“Além da Infraero, nosso principal patrocinador,
esperamos sensibilizar outros apoiadores, que possam ajudar
na expansão do projeto”, acrescenta, informando
que, para manter a estrutura do projeto formulado no “delírio”
da idéia inicial, seriam necessários cerca de
R$ 900 mil reais para 15 meses de atividades, oferecendo os
mais diversos cursos. “A nossa vontade é fazer
sempre mais. Mas, se conseguirmos implantar esses novos cursos
de violão e leitura e aumentar as crianças e
jovens atendidos, já é um grande passo para
este ano”, complementa Elaine.
DALWTON MOURA
do jornal Diário do Nordeste
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