RESUMO
Contexto: Os achados endoscópicos convencionais em luz branca (CLB) da gastrite associada ao H. pylori muitas vezes são inespecíficos e podem não correlacionar-se com a histologia. A imagem de banda estreita (IBE), uma técnica ótica digital empregada para a visualização de vasos e padrões da mucosa gástrica, pode melhorar a identificação. Avaliamos o papel da IBE na detecção da gastrite associada ao H. pylori e na classificação de sua gravidade.
Métodos: Estudo observacional prospectivo baseado em instituição, conduzido entre maio de 2021 e outubro de 2022. Crianças apresentando dor abdominal crônica (>1 mês de duração) foram avaliadas. Crianças elegíveis foram submetidas a gastroscopia com IBE e biópsias gástricas para teste rápido de urease e histopatologia. Os achados gastroscópicos por IBE foram classificados em 5 graus, conforme a classificação de Alboudy et al. A associação do grau de IBE com a presença e gravidade da gastrite por H. pylori na histopatologia foi analisada.
Resultados: Noventa crianças (idade média de 12,65±3,91 anos), 52 (57,7%) do sexo masculino, com mediana de duração dos sintomas de 4,5 (3-12) meses, foram submetidas a gastroscopia. H. pylori foi detectado na histopatologia em 29 (32%) pacientes. Os achados por IBE sugeriram anormalidade na mucosa em 27/29 (93,1%) crianças com H. pylori na histopatologia. A gastrite positiva para H. pylori foi significativamente mais comum entre aqueles com graus mais altos (≥3) de IBE em comparação aos com graus mais baixos de NBI (61% vs 10%, P<0,001). Nenhuma associação significativa foi encontrada entre o grau de NBI e a gravidade da gastrite por H. pylori (P=0,75). A IBE apresentou melhor sensibilidade (0,82) em comparação à CLB (0,55) na identificação de gastrite associada ao H. pylori. Na análise da curva característica de operação do receptor, a IBE apresentou maior área sob a curva (0,79 vs 0,65) em comparação à CLB.
Conclusão: O padrão morfológico da IBE é uma ferramenta útil na identificação de pacientes com gastrite associada ao H. pylori.
Palavras-chave: Helicobacter; pediatria; gastrite; dor abdominal crônica