Nenhum dos 24 torcedores presos por participarem da briga no jogo entre Atlético e Vasco, dia 8 de dezembro, na última rodada do Campeonato Brasileiro, conseguiu revogar os mandados de prisão que os mantêm encarcerados.
Por causa disso, o grupo, que é acusado de formação de quadrilha, dano ao patrimônio público e incitação à violência, deve passar o Natal na cadeia, em Joinville, onde ocorreu a partida.
A maioria deles cumpre prisão preventiva; três foram presos em flagrante. Ou seja, todos só podem ser liberados com ordem judicial contrária.
A Justiça, porém, tem entendido que a detenção se faz necessária para coibir atos de violência como os que ocorreram naquela ocasião, além de inibir novas articulações de torcidas organizadas. Os advogados estão recorrendo agora ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina para tentar reverter as prisões. Mesmo assim, novas decisões são esperadas apenas para depois do Natal.
"É o clamor público que está interferindo no posicionamento do Judiciário", diz o advogado Natanoel Zahorcak, para quem há "bastante rigor" no julgamento do caso.
Ele defende William Batista da Silva, de 19 anos, um dos quatro feridos na partida. O torcedor atleticano teve traumatismo craniano e ficou internado por cinco dias. "No caso dele, ainda há a necessidade de acompanhamento médico", afirma Zahorcak.
O pedido de relaxamento da prisão de William foi negado pela Vara Criminal de Joinville. Ele argumenta que participou da briga apenas para se defender. Em entrevista à Folha de S.Paulo, seu pai, Cidinei Batista da Silva, 44, disse que o filho ouviu gritos de "mata, mata, mata" enquanto estava sendo chutado.
Para seu advogado, é preciso que seja feita a "análise individual" de cada caso pela Justiça. "O Judiciário está cumprindo com o seu dever, de coibir a violência. Mas é preciso analisar os casos concretos."
O advogado Haroldo César Nater, que trabalha para um grupo de 11 torcedores do Atlético, já afirmou que considera a prisão "arbitrária" e "para dar satisfação à Fifa e à CBF".
Também continua preso o ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti (PP), flagrado na confusão. Seu advogado, Cláudio Dalledone Junior, sustenta que ele não incitou a violência nem agrediu ninguém, mas que estava tentando proteger o filho adolescente que estava na torcida.
Para a Justiça e o Ministério Público, as prisões irão "coibir o comportamento agressivo de torcedores" e servirão de memória e de exemplo para outros que pensarem em brigar em partidas de futebol."Não tem nada de arbitrário. Fizemos tudo dentro da lei, com a maior transparência possível", afirma o delegado Clóvis Galvão, que investiga o caso no Paraná.
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