Secretário de Estado dos EUA reitera apoio e diz que Israel 'nunca estará sozinho'

Antony Blinken

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken

*O texto a seguir contém detalhes que podem ser considerados perturbadores

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, prometeu apoio inabalável a Israel na sua luta contra o que descreveu como um "reino de terror" do Hamas durante visita ao país.

Em conversa com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sobre o ataque no fim de semana passado perpetrado por integrantes do Hamas, Blinken afirmou que Israel "nunca, mas nunca" estará sozinho.

Depois do encontro com o secretário de Estado americano, contas oficiais do governo israelense no X, ex-Twitter, compartilharam fotos gráficas de corpos descritos como vítimas do Hamas, incluindo a de um bebê, informando que Blinken havia visto as imagens.

Horas mais tarde, Blinken foi questionado por um repórter sobre as fotografias. Ele disse que elas mostram algo "além da compreensão", "para além do que qualquer pessoa gostaria de imaginar".

"Bebês cravejados de balas, jovens queimados vivos... É simplesmente depravação da pior maneira possível", afirmou.

Em seguida, o secretário de Estado foi questionado sobre a situação em Gaza. Ele repetiu uma frase dita pelo presidente norte-americano Joe Biden em seu discurso do início desta semana.

"O Hamas continua a utilizar os civis como escudos humanos", afirmou Blinken, frisando que, em sua visão, o grupo tem colocado os civis intencionalmente em perigo.

Cerca de 1.500 pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel lançou ataques aéreos em retaliação às ações do Hamas no sábado, que mataram 1.300 israelenses.

Blinken disse ter falado com as autoridades de Israel sobre as opções para proporcionar uma passagem segura aos civis que queiram sair de Gaza. Apesar das críticas da ONU, autoridades israelenses têm dito que só religarão gás e luz no território quando o Hamas liberar os estimados 150 reféns que tem em seu poder.

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As declarações de Blinken sobre fotos de bebês e jovens que teriam sido mortos pelo Hamas acontece depois de a Casa Branca ter negado que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, havia visto imagens de "terroristas decapitando crianças", como o democrata havia na tarde de quarta-feira (11/10).

"Eu nunca achei que eu veria, que teria confirmado, fotos de terroristas decapitando crianças", disse o presidente americano após evento com líderes da comunidade judaica em Washington.

Procurada pela BBC na quarta, a Casa Branca afirmou que Biden não viu as imagens.

"Ele estava se referindo a relatos vindos de Israel", afirmou a presidência.

Relatos de que haveria fotos assim circularam nas mídias sociais, mas a veracidade delas não havia sido confirmada pelas Forças de Defesa de Israel.

O correspondente da BBC na América do Norte, Anthony Zurcher, afirma que "Joe Biden, tal como o seu antecessor [Donald Trump], tem por vezes a tendência de sair do roteiro".

"Com isso, sua equipe precisa se esforçar para esclarecer ou retratar essas falas", lembra Zurcher.

Para o correspondente, o debate sobre a veracidade da afirmação acabou desviando o foco da mensagem de Biden — a de que ele condena o ataque do Hamas e apoia totalmente Israel.

"Crianças assassinadas são uma tragédia dolorosa, não importa como foram mortas. Mas as observações de Biden complicam as coisas para os EUA, que procuram ajudar e apoiar Israel", analisa Zurcher.

"À medida que o nevoeiro da guerra continua a girar em torno deste novo conflito, qualquer retrocesso ou confusão corre o risco de ajudar aqueles que tentam semear desinformação e lança dúvidas sobre acontecimentos e atrocidades que são comprovadamente verdadeiros", avalia Zurcher.