Fumaça e alerta vermelho de calor: veja onde qualidade do ar é pior no Brasil

Mapa da plataforma suíça IQAir mostra onde a qualidade do ar é pior no Brasil

Crédito, IQAir

Legenda da foto, Mapa da plataforma suíça IQAir exibe em tempo real as áreas no Brasil com pior qualidade do ar — várias cidades estão atualmente com índices classificados como "muito insalubres" (medição das 10h, horário de Brasília)

Em uma semana marcada por clima extremamente seco e altas temperaturas, intensificadas pelos incêndios e pela dispersão de fumaça, diversas cidades brasileiras estão enfrentando uma piora significativa na qualidade do ar.

De acordo com dados de plataformas internacionais de monitoramento em tempo real, cidades das regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam níveis de qualidade do ar considerados prejudiciais à saúde.

Entre os casos mais graves, destacam-se, por exemplo, Porto Velho, em Rondônia, e Rio Branco, no Acre.

Segundo IQAir, empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar, ambas as cidades tinham, na manhã de terça-feira (10/9) Índice de Qualidade do Ar (AQI, na sigla em inglês) superior a 200, o que é considerado "muito insalubre".

Mas, conforme a medição é em tempo real, Rio Branco apresentava um índice abaixo desta marca, com um AQI de 170, que ainda é considerado prejudicial à saúde, enquanto Porto Velho tinha exatos 200.

Diante dessas condições, autoridades de saúde emitem alertas de emergência, e a população em geral está mais suscetível a efeitos adversos.

Crianças, adultos ativos e pessoas com doenças respiratórias, como asma, devem evitar exercícios ao ar livre, enquanto todos, especialmente crianças, devem limitar suas atividades externas.

Um AQI mais baixo indica melhor qualidade do ar; por exemplo, cidades com AQI até 50 têm qualidade do ar considerada "satisfatória", com pouco ou nenhum risco.

O AQI mede a qualidade do ar com base em cinco poluentes regulamentados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, conforme a Lei do Ar Limpo ("Clean Air Act").

Esses poluentes são: ozônio, material particulado, monóxido de carbono, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio.

São Paulo lidera

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Na manhã de terça-feira (10/9), São Paulo liderava, pelo segundo dia consecutivo, o ranking de pior qualidade do ar do mundo entre as metrópoles analisadas em tempo real do IQAir, superando Kinshasa, na República Democrática do Congo (África).

Essa compilação, segundo a empresa informou à BBC News Brasil, inclui apenas um certo número de grandes cidades pelo mundo.

"A IQAir limita essa lista a cerca de 120 cidades globais para focar mais de perto nas áreas urbanas que afetam grandes centros populacionais", informou uma porta-voz da IQAir.

Às 10h no horário de Brasília, a capital paulista registrava um AQI de 160, o que é considerado "pouco saudável" e pode afetar a saúde de todos, com efeitos mais graves para grupos sensíveis.

No momento da publicação da reportagem, o índice havia baixado para 136, e São Paulo estava em quinto lugar no ranking mundial, que é dinâmico.

Segundo a IQAir, os altos níveis de poluição em São Paulo são resultado de "múltiplos fatores".

"São Paulo tem lutado contra as emissões veiculares, na forma de poluição por ozônio. Quando as temperaturas aumentam, o calor reage com os produtos químicos no ar dos carros, gerando mais poluição, o que poderia explicar os níveis elevados. Outro motivo provavelmente são os incêndios ao norte do Brasil", disse o porta-voz.

"Uma grande nuvem de fumaça da Amazônia está se movendo em direção a São Paulo. Atualmente, milhares de incêndios no Brasil, impulsionados por ventos predominantes, estão espalhando poluição por longas distâncias. Como resultado, a qualidade do ar em São Paulo piorou nos últimos dias", acrescentou.

Desde o fim de semana, São Paulo vem enfrentando uma combinação de calor extremo e alta poluição do ar.

Segundo o Climatempo, a cidade deve registrar temperaturas entre 35°C e 37°C ao longo da semana, com qualidade do ar classificada como "muito ruim" devido à alta concentração de ozônio e partículas de fumaça.

Não há previsão de chuvas significativas até o final da semana, o que agrava a situação.

A previsão é de que o clima seco continue até a segunda quinzena de setembro, com mínimas entre 16°C e 21°C e máximas podendo alcançar 35°C. A umidade do ar está abaixo de 20%, exigindo cuidados com a hidratação e a saúde respiratória.

Uma mudança climática está prevista para o fim de semana. No domingo, uma frente fria deve atingir o estado de São Paulo, causando uma queda na temperatura, com máximas em torno de 22°C na capital. A chuva é esperada apenas na segunda-feira (23/9).

Entenda a crise climática que Brasil atravessa

Imagem de incêndio florestal realizado por drone

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Incêndios florestais têm contribuído para piora da qualidade do ar

O Brasil está experimentando uma das semanas climáticas mais severas do ano, dominado por uma massa de ar quente e seca.

Segundo a MetSul Meteorologia, as temperaturas podem superar 40°C, e a umidade relativa do ar pode ficar abaixo de 10%.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já registrou mais de 156 mil focos de incêndio, o maior número em 14 anos. As regiões mais afetadas são o Centro-Oeste e o Sudeste, com cidades como Cuiabá podendo alcançar 45°C nos próximos dias.

No Sul, estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul também enfrentam temperaturas superiores a 35°C, com baixa umidade, favorecendo a propagação de incêndios.

Além disso, a fumaça dos incêndios está piorando a qualidade do ar em várias partes do país. Além das queimadas locais, incêndios em países vizinhos como Bolívia, Paraguai e Argentina estão contribuindo para a densa camada de fumaça que cobre o Brasil.

Muitas regiões têm o céu encoberto e o sol aparece avermelhado, especialmente ao entardecer, enquanto os níveis de monóxido de carbono e outros poluentes aumentam.