Quem é J. D. Vance, vice-presidente de Donald Trump

J. D. Vance

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Legenda da foto, J. D. Vance é senador por Ohio

Donald Trump, declarado vencedor da eleição americana de 2024 (acompanhe cobertura ao vivo) nesta quarta-feira (6/11), anunciou em julho o nome do senador J. D. Vance como seu vice.

Discursando em um centro de convenções na Flórida, na madrugada da quarta-feira (06/11), Trump se antecipou à confirmação oficial e se declarou vencedor das eleições, após ter obtido 266 cadeiras no Colégio Eleitoral, muito próximo do total de 270 que garante a maioria. Nos sete Estados que faltam divulgar a apuração final à época da publicação destra matéria, Trump liderava com folga em 5 o que lhe garantiria outras 45 cadeiras.

O anúncio do nome de Vance como vice-presidente foi feito em julho por Trump em sua rede social Truth Social, pouco antes da oficialização da chapa na Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, Estado de Wisconsin.

"Após longa deliberação e reflexão, e considerando os enormes talentos de muitos outros, decidi que a pessoa mais adequada para assumir o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos é o senador J. D. Vance", escreveu Trump na época.

Nascido James David Bowman em Middletown, Estado de Ohio, Vance tem 39 anos e vem de uma família branca de classe trabalhadora, em sua maioria descendente de escoceses-irlandeses.

Ele foi criado pelos avós maternos nos Apalaches, outrora próspera região de exploração de carvão que hoje é uma das áreas mais pobres do país. O pai de Vance abandonou a família quando ele ainda era bebê, e a mãe enfrentava problemas de vício.

Trump aparece atrás de Vance, que faz um discurso

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Legenda da foto, Crítico de Trump em 2016, Vance acabou se tornando um de seus fiéis aliados

Autor de best-seller

J. D. Vance serviu na Marinha dos EUA por quatro anos e foi enviado ao Iraque antes de frequentar a Universidade Estadual de Ohio, onde obteve diplomas em Ciência Política e Filosofia.

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Depois disso, frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Yale, uma das mais conceituadas do país.

Ele também é autor de uma autobiografia bem-sucedida, Hillbilly Elegy ("Elegia de um caipira", em tradução livre), que alguns críticos descreveram como "uma visão da classe trabalhadora branca conservadora, muitas vezes negligenciada".

O livro, publicado em 2016, foi vendido por Vance como um "retrato honesto das provações, dificuldades e más decisões de seus familiares e amigos".

A obra também adotou uma visão decididamente conservadora – descrevendo amigos e parentes como gastadores crônicos, dependentes de pagamentos de assistência social e, na maioria das vezes, incapazes de se sustentarem por conta própria.

"A verdade é difícil", escreveu ele, "e as verdades mais difíceis para os caipiras são aquelas que eles precisam contar sobre eles mesmos."

Enquanto desprezava as "elites", ele se pintava como um contraponto ao fracasso crônico daqueles com quem cresceu.

Em 2017, Vance voltou para Ohio deixando para trás a Califórnia, onde trabalhava na área de biotecnologia, e montou sua própria agência de capital de risco com o apoio de Peter Thiel, fundador da empresa de pagamentos PayPal.

No início de 2021, Thiel doou US$ 10 milhões (R$ 54,4 milhões) para um comitê que tentava lançar Vance como candidato ao Senado.

O livro Hillbilly Elegy não só transformou Vance em um autor de best-seller, mas também em um comentarista de TV que frequentemente era chamado para explicar o apelo de Donald Trump aos eleitores brancos da classe trabalhadora.

E ele raramente perdia a oportunidade de criticar o então candidato republicano.

Em algumas declarações, Vance chegou a dizer que "nunca gostou" de Trump.

Quando entrou na corrida eleitoral, em 2021, ele mudou abruptamente seu tom em relação a Trump, pedindo desculpas por tê-lo chamado anteriormente de "repreensível" e até repetindo as falsas alegações do então presidente de que teria havido uma fraude eleitoral nas eleições de 2020.

Com o apoio de Trump, ele conquistou a vaga no Senado e desde então se tornou uma voz influente em Washington.

Camisa estampada com os nomes Trump e Vance

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Legenda da foto, Chapa está escolhida: Trump e Vance

Apelo eleitoral

Anthony Zurcher, correspondente da BBC para a América do Norte, disse, na época da indicação de Vance, que a escolha de Trump "sugere que o ex-presidente sabe que esta eleição será conquistada e perdida em alguns Estados industriais do meio-oeste americano (Pensilvânia, Michigan e Wisconsin)."

Estes foram justamente alguns dos Estados decisivos na eleição.

"Com seu histórico, Vance pode estar bem posicionado para se conectar e mobilizar o tipo de eleitores brancos e da classe trabalhadora que entregaram esses Estados para Trump por uma margem estreita em 2016", avalia Zurcher.

"Vance criticou Trump na corrida para aquela eleição oito anos atrás, mas, desde então, tornou-se um defensor entusiasmado do presidente, especialmente em redes de televisão."

No Senado, ele tem sido um voto conservador confiável, apoiando políticas econômicas populistas e emergindo como um dos maiores céticos no Congresso em relação o apoio à Ucrânia.

Nos últimos meses, Vance apresentou projetos de lei para suspender fundos federais para faculdades que abrigam acampamentos ou protestos contra a guerra em Gaza e para faculdades que empregam imigrantes indocumentados, por exemplo.

Batizado como católico em 2019, Vance é contra o aborto, mas recentemente apoiou a opinião de Trump de que a questão deve ser deixada para os Estados decidirem.

Com apenas 39 anos, Vance é visto como futuro do partido republicano.

"Com Trump retornando ao Salão Oval da Casa Branca no próximo ano, Vance instantaneamente passa a ser considerado para a nomeação presidencial do partido em 2028", escreveu Zurcher em julho.

O senador é casado com Usha Chilukuri Vance, com quem tem três filhos.